O mundo e a Igreja já viveram situações de epidemias em várias fases de sua história, não sendo agora a primeira vez que a Igreja enfrenta a uma emergência sanitária generalizada com a pandemia da Covid-19.
Em meados do século XIV, a praga considerada “a maior catástrofe da história”, chamada “peste negra”, devastou a Europa, deixando um saldo entre 75 e 200 milhões de mortos na Ásia e Europa, cerca de 60% da população mundial, atingindo uma taxa de mortalidade muito maior que o coronavírus provoca até o momento.
Essas crises de saúde pública fornecem lições que precisam ser aprendidas. Comecemos definindo o que seja uma pandemia. A pandemia é definida quando uma doença infecciosa se propaga e atinge simultaneamente um grande número de pessoas em todo o mundo. Em 2009, por exemplo, a gripe suína, que matou milhares de pessoas foi também classificada como pandemia.
O primeiro trabalho que a Igreja realiza junto à população é o de conscientização, acreditando, ao contrário do que muitos pensam, na força da ciência e da medicina.
Durante a Peste Negra, a desinformação e as crendices pioravam muito o cenário já caótico. Os judeus passaram a ser considerados os maiores culpados pela doença. Essa atribuição se dava, entre outras razões, pelo fato deles não serem da Europa e por viverem em constante migração, desde a idade antiga, passando por várias regiões do mundo até se instalarem no continente europeu.
A culpa maior decorria da acusação de serem os causadores da morte de Cristo. Com isso, acabaram se tornando o “bode expiatório” das multidões enfurecidas. Milhares de judeus foram mortos durante a eclosão da peste, sendo preciso que o papa emitisse decretos determinando uma situação de tolerância e proteção para os judeus.
Até os gatos foram culpabilizados pela pandemia, a partir do fato de serem animais furtivos e, por isso mesmo, considerados "aliados das bruxas". Mais uma vez, foi preciso a ação da Igreja para mostrar o que de fato estava provocando a pandemia e quais seriam as soluções para que ela fosse debelada.
Positivamente, atribui-se à peste negra do século XIV a composição e popularização da segunda parte da oração da Ave-Maria. A expressão “agora e na hora de nossa morte” foi incluída na oração durante o século XIV, quando a epidemia da peste provocava a morte de grande quantidade de pessoas na Europa e na Ásia.
O Venerável Fulton J. Sheen explica essa origem em seu livro “O Primeiro Amor do Mundo”:
“Como se apodera dos dois momentos decisivos da vida: “agora” e “na hora da nossa morte”, sugere o clamor espontâneo das pessoas diante da grande calamidade. A peste negra, que devastou toda a Europa e destruiu um terço de sua população, levou os fiéis a clamarem à Mãe de Nosso Senhor para protegê-los quando o momento [presente] e a morte eram quase um só.”
Até hoje, a Peste Negra é considerada a pior pandemia de todos os tempos, mas, antes dela, o mudo todo já tinha sido afetado por pestes e doenças contagiosas. Nestas condições, sobressaia-se o trabalho assistencial e humanitário da Igreja.
Durante a praga de Cipriano, ocorrida no século III, famosa por matar mais de 5 mil pessoas por dia em Roma, os cristãos se dispuseram ao atendimento dos doentes, muitos se mostrando ansiosos para cuidar deles a qualquer custo.
Com isso, o número de cristãos que morreram cuidando dos enfermos em Alexandria, no norte do Egito, foi tão expressivo que o grupo de heróis sem nome recebeu um dia de festa (28 de fevereiro) em sua memória. E eles são venerados até hoje como mártires.
Leia MaisCNBB: Uma instituição de respeitoLuzes e trevas no Ocidente CristãoMais tarde, no final do século VI, outra peste assolou de novo a cidade de Roma, tirando inclusive a vida do Papa Pelágio II. Esse foi um período muito difícil para os cidadãos romanos.
Quando o Papa Gregório I, conhecido na história como São Gregório Magno, foi eleito, logo conclamou a todos para que pedissem a misericórdia de Deus para que a peste fosse encerrada.
O papa organizou uma grande procissão passando ao redor da cidade, convidando todo mundo a rezar a Deus pelo fim da praga. Uma imagem da Bem-Aventurada Virgem Maria foi conduzida na procissão. Essa imagem hoje é conhecida pelo nome de “Salus Populi Romani”, traduzido como “Saúde do Povo Romano”. Esta é a imagem que o Papa Francisco escolheu para estar na Praça de São Pedro durante sua histórica bênção “Urbi et Orbi” de 27 de março de 2020, junto com o grande crucifixo considerado “milagroso”, quando rezou pelo fim da pandemia da Covid-19.
Uma procissão semelhante, com a mesma imagem da virgem, foi feita no ano de 1348, durante uma peste semelhante. Assim, não é surpresa que o Papa Francisco e muitos católicos romanos continuem buscando o auxílio do Senhor através desta imagem da Virgem Maria, que é associada a muitos milagres ao longo dos séculos.
Com o tempo, uma imagem de São Miguel Arcanjo limpando sua espada foi colocada no alto do Castelo de Sant’Ângelo, como um recordatório constante da misericórdia de Deus e de como Ele respondeu às súplicas do povo.
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