A cidade de Nínive é uma das mais antigas e populosas da antiga Assíria. Localizada na Mesopotâmia, atual Iraque, a cidade foi uma poderosa metrópole de grande importância.
Localizada na margem leste do rio Tigre, em frente à moderna cidade de Mosul, Nínive se desenvolveu extraordinariamente sob os reinados dos reis Senaqueribe e Assurbanípal no século VII a.C, mas depois entrou em decadência, sendo sucessivamente dominada.
No tempo de sua glória, o profeta Jonas, do norte do reino de Israel e que viveu por volta do século VIII a.C. foi chamado por Deus e enviado à Nínive para clamar pela sua conversão, alertando os seus moradores do iminente castigo divino.
“A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia chegou até à minha presença. E levantou-se Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor. Ora, Nínive era uma cidade muito grande, de três dias de caminhada. E começou Jonas a andar pela cidade, e pregava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida. E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor. Esta palavra chegou também ao rei de Nínive; e ele levantou-se do seu trono, e tirou as suas vestes reais, e cobriu-se de saco, e sentou-se sobre cinza. E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive, pelo decreto do rei e dos seus grandes, dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam água; Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos? E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez” (cf. Jonas, 3).
As conquistas dos assírios os levaram a formar uma das grandes civilizações da antiguidade, que se estendia até os vales dos rios Tigre e Eufrates. Suas cidades mais importantes estavam situadas no território do atual Iraque.
Ao longo da história, seu poder dependeu quase que inteiramente da força militar. O rei era o comandante-em-chefe do exército e dirigia suas campanhas.
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Embora em teoria fosse monarca absoluto, na realidade os nobres e cortesãos que o rodeavam, assim como os governadores que nomeava para administrar as terras conquistadas, tomavam frequentemente decisões em seu nome, por isso, as ambições e intrigas foram sempre uma ameaça para a vida do governante. Essa debilidade na organização e na administração do império será a maior responsável pela sua desintegração e colapso.
O fim do império ocorreu no ano de 612 a.C., quando o exército, comandado por seu último rei, foi derrotado por uma coligação militar formada pelos caldeus e medos, povos vizinhos ao Reino Assírio. Com a derrota, a cidade de Nínive foi destruída e todo o Império Assírio caiu sob a dominação do Segundo Império Babilônico.
O império que foi se erguendo a partir de 1.300 a.C. perdurando até 612 a.C., legou à história várias características, como sua “máquina de guerra” que compreendia a provável formação do primeiro exército organizado da História, isto é, um exército que devia sua eficiência à sua organização funcional. Foi através dele que os assírios conseguiram submeter várias civilizações da Mesopotâmia ao seu jugo. Os métodos de tortura e o destino dos derrotados, como a prática do empalamento dos adversários, colocavam medo em seus inimigos.
Entre seus governantes são dois os mais destacados e que levaram ao apogeu da civilização.
Senaqueribe (704–681 a.C.): Sob seu reinado, Nínive foi transformada em uma das maiores cidades do mundo antigo, com um sistema avançado de aquedutos, jardins, palácios e templos. Ele construiu um imenso palácio, conhecido como o “Palácio sem Rival”, decorado com relevos detalhados que narravam suas campanhas militares e feitos.
Assurbanípal (668–627 a.C.): O neto de Senaqueribe, Assurbanípal, é famoso por ter criado uma das primeiras bibliotecas do mundo, a Biblioteca de Nínive. Esta coleção monumental de tábuas de argila, escrita em escrita cuneiforme, continha textos literários, científicos e administrativos, incluindo a épica de Gilgamesh.
Entre 1845 e 1851, foram realizadas várias escavações lideradas por Austen Henry Layard. Elas revelaram os restos da antiga cidade de Nínive, trazendo à luz seus palácios, uma grande muralha que cercava a cidade, várias portas monumentais e a famosa Biblioteca de Assurbanípal. Estas descobertas forneceram um vislumbre crucial da vida, religião, arte e governança da antiga Assíria.
Atualmente, o sítio arqueológico de Nínive se encontra ameaçado tanto por conflitos regionais quanto por atividades humanas, como a expansão urbana de Mosul. A destruição causada pelo Estado Islâmico, que danificou partes significativas do local, representa uma perda irreparável para o patrimônio histórico global. No entanto, esforços contínuos de arqueólogos e historiadores visam preservar o que resta deste testemunho da antiga civilização assíria.
Nínive, portanto, permanece como um símbolo da ascensão e queda das grandes civilizações, mostrando tanto a grandiosidade da história humana quanto a fragilidade de seu legado.
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