Por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. Em História da Igreja Atualizada em 25 OUT 2018 - 10H26

A Igreja no Império Romano - Perseguições e Vitória da Igreja

PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA

HISTÓRIA ANTIGA 06

No ano 70 de nossa era, a cidade de Jerusalém foi definitivamente conquistada e dominada pelo exército de Roma. Com isto, a Igreja se viu livre do messianismo judeu, podendo se expandir com mais liberdade pelo mundo conhecido da época. A partir daí, o cristianismo chegaria até Roma, capital do império e maior cidade do mundo naquele tempo. Nesta época, a população de Roma se aproximava de um milhão de habitantes. 

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No século I a fé cristã conquistou a grande metrópole

Mas é preciso entender que o crescimento e a vitória do cristianismo não vieram de modo fácil, sendo conseguidos a alto custo, devido a diversos fatores.

A unidade política estabelecida por Roma e a segurança que existia favoreceram a expansão do cristianismo entre os diversos povos das províncias, pois esta as viagens e o contato entre as comunidades eram feitos com mais tranquilidade. O crescimento do cristianismo se deve também a fatores de ordem moral e religiosa, pois aquilo que as pessoas não mais encontravam nos costumes e tradições dos romanos, devido à corrupção moral e crise de valores, encontravam agora no cristianismo. Além disso, o politeísmo dos romanos já estava em decadência e as pessoas não encontravam mais na antiga religião do Império as respostas que buscavam. Nesta época, o conjunto de deuses que formavam o panteão romano se aproximava de 40 mil.

O caráter universal e igualitário do cristianismo também atraia muitas pessoas, sobretudo aquelas das classes baixas e empobrecidas e, ao lado disso, a decadência do sistema sócio-político do império romano favorecia a expansão do cristianismo. Finalmente uma última razão da vitória do cristianismo foi a força do sangue dos mártires, sobretudo na era das perseguições que se seguiria.

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O sangue dos mártires fortaleceu a fé dos cristãos

As perseguições do Império e suas razões

Mas fica uma pergunta: Por que os cristãos foram perseguidos? Se eles não faziam mal a ninguém, por qual motivo surgiram as perseguições?

Basicamente, podemos indicar diversas causas das perseguições: O cristianismo por si só já era uma ameaça à sobrevivência do estado romano, por causa do modelo de vida que propunha, baseado na fraternidade e igualdade, enquanto o estado romano propunha um modelo exatamente contrário, pois a base do império era a desigualdade entre as pessoas e classes sociais.

Leia MaisViagens Missionárias de São Paulo ApóstoloA Era Apostólica da Igreja PrimitivaAs Primeiras comunidades e a formação da IgrejaCristianismo - Da Pregação de Jesus até ConstantinoO cristianismo se tornou uma religião proibida e as reuniões dos cristãos foram colocadas na relação daquelas reuniões proibidas e censuradas.

Com a proposta de um Deus único, vivo e verdadeiro, o cristianismo ia contra o politeísmo proposto pelo estado romano. Os cristãos eram também contrários ao culto ao imperador, sendo ele um simples homem, cometendo o crime chamado de Lesa-Majestade, que é a mesma coisa que negar o culto ao imperador que se apresentava como um Deus. Este caráter divino dado a um ser humano explica, em grande parte, as mazelas do império, devido aos mandos e desmandos do imperador, que não devia submissão a ninguém.

Aos cristãos também eram atribuídos crimes de natureza comum como: magia, incêndio, negação ao serviço militar e outros crimes. Porém, a maior motivação das perseguições estava no fato de o cristianismo desestruturar o status quo reinante no Império Romano. O cristianismo veio perturbar a ordem sócio-política e econômica existente, que era baseada na união do estado com a religião.

O crime maior estava no próprio fato de apresentar-se cristão. Mas, apesar de todas as perseguições aos cristãos, a Igreja caminharia para tornar-se como que “um estado dentro de outro estado”, por causa de sua organização que, depois da oficialização, seria assumida pelo império.

Fases das perseguições

Nas perseguições, é possível indicar três fases ou etapas diferentes:

1ª Fase:

Nela acontecem perseguições ocasionais, esporádicas e espontâneas, em épocas determinadas. Estas perseguições tinham origem popular. Foi o que aconteceu, por exemplo, no tempo do imperador Nero.

2ª Fase:

Nesta etapa são editadas leis especiais contra os cristãos, com o fim de impedir a expansão do cristianismo ou, ao menos, desorganizá-lo. Estas leis especiais eram chamadas de editos.

3ª Fase:

Nela acontecem as perseguições sistemáticas e generalizadas por todo o império romano. Entre estas, destacam-se as perseguições promovidas pelos imperadores Décio e Diocleciano.

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A segurança do Império favoreceu a expansão do cristianismo

Porém, as perseguições não conseguiram nem diminuir a força e nem acabar com o cristianismo.

Apesar do grande número de cristãos que foram martirizados, calculado entre 70 e 80 mil pessoas, a Igreja saiu vitoriosa. Com o imperador Constantino, terminaria a época das perseguições e começaria uma época de tolerância ao cristianismo. A Igreja se aliaria ao império e, com isto, fortaleceria a sua doutrina e organização. Aproveitando-se da organização do estado romano, iria expandindo-se cada vez mais. Apesar dos problemas e divisões internas, a unidade da Igreja também ajudaria fortemente a sua caminhada.

Escrito por:
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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