PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
HISTÓRIA MEDIEVAL 06
Como vimos nos artigos anteriores, em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas invasões dos Povos Germânicos e diante do esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas a Igreja Católica, com sua sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição.
Passado o primeiro impacto a Igreja foi consolidando sua estrutura religiosa e, partindo para ação foi difundindo o cristianismo entre os povos invasores, enquanto preservava muitos elementos da cultura greco-romana. Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da fragmentação política da sociedade feudal, integrando elementos do cristianismo com os elementos da cultura germânica. Neste trabalho de reorganização da sociedade terá um papel imprescindível os mosteiros medievais.
Mundo e Mosteiros
Entre a chamada Antiguidade Tardia e a Alta Idade Média, por volta dos séculos V e VI o cristianismo foi sobressaindo e a Igreja foi se estabelecendo com a mais forte instituição da Idade Média, não só no campo religioso, mas também no campo temporal, mesmo em meio às crises deflagradas pelas invasões que assolavam grande do Império Romano, garantindo a segurança temporal e espiritual das pessoas.
Sendo uma religião de caráter universal (Católica), o cristianismo conseguiu agregar as mais diversas regiões do mundo, desde a Ásia Menor até o norte da Europa. Além da organização local ao redor dos bispados e com a crescente centralidade da autoridade do papa, outra estrutura tornou-se fundamental. A vida monástica e seus mosteiros que foram se espalhando por todo o continente.
Opção pelo isolamento - A vida monástica medieval era fundamentada na opção de uma vida isolada, no convívio comum dos monges, e submetida à austeridade e à disciplina, o que caracteriza a chamada vida ascética. O grande iniciador da vida monástica que se tornou o modelo para todas as gerações posteriores de monges foi Santo Antônio do Deserto ou Santo Antão do Egito, como ele também ficou conhecido, tendo vivido entre os séculos III e IV d.C.
Vida eremítica - Os primeiros monges cristãos, como Santo Antão eram eremitas ou anacoretas, pois se retiravam do convívio social, indo para lugares despovoados, como os desertos, para viverem sozinhos no contato mais intenso com Deus, levando uma vida de penitência e oração.
Depois disso, no final do século VI, houve o desenvolvimento de outra forma de vida monástica com o sistema cenobítico. O monaquismo cenobita, ao contrário do anacoreta, caracterizava-se pela vida em comunidade. Foram os monges cenobitas que passaram a construir os mosteiros no início da Idade Média.
Os mosteiros medievais passaram a ser construídos em lugares distantes dos centros urbanos para evitar o contato com as pessoas. Um exemplo desse isolamento é o mosteiro de Simonos Petras, localizado na Grécia, construído no alto de um penhasco, no Monte Athos.
A vida nos mosteiros era dedicada a oração da liturgia das horas, meditação, silêncio, disciplina corporal e divisão de tarefas do cotidiano, como o trabalho na lavoura, na cozinha ou a limpeza das dependências do mosteiro.
No ocidente, o grande responsável pela formulação das normas para a vida no mosteiro foi São Bento de Núrsia, a partir da casa-mãe localizada em Montecassino, sul da Itália. Foi São Bento que estabeleceu o conjunto de normas que ficou conhecido como Regra de São Bento. Nelas São Bento expôs, item por item, como deveria ser o comportamento dos monges, o modo certo e as horas certas de rezar, como manusear e guardar os instrumentos usados na lavoura, entre outras determinações. Tudo ficou resumido na expressão “ora et labora”, ou seja, reza e trabalha.
Esse modelo da vida monástica teve grande impacto na Idade Média, sobretudo por apresentar-se como um modelo civilizatório e moralizador. Desta forma, os mosteiros medievais serão responsáveis pela colonização de vastas áreas abandonadas e pela introdução de muitos elementos que hoje fazem parte da vida cotidiana das pessoas.
Entre os monges haviam aqueles itinerantes que evangelizavam as regiões mais distantes, os que faziam trabalhos braçais, mas entre todos destacavam-se os chamados monges copistas
O trabalho dos monges copistas
Desde o início da vida monástica beneditina, havia alguns monges que eram copistas e, por isso mesmo, leitores assíduos. Aqueles que tinham mais habilidade praticavam a atividade de copiar manuscritos antigos, preservando dessa forma, a cultura herdada do passado.
Leia MaisIgreja Medieval: Novo vigor missionárioA morte dos Apóstolos de JesusAlguns mosteiros mais ricos passaram a contar com enormes bibliotecas e ali os monges não apenas copiavam e reproduziam textos como também estudavam e aprofundavam seus conhecimentos.
Um italiano de nome Cassiodoro (490-581), fundou um mosteiro para organizar o estudo de textos religiosos e profanos. Antigo ministro do imperador bizantino Teodorico, Cassiodoro converteu-se à vida religiosa em meados do século VI e, após criar um mosteiro em uma das suas propriedades na Calábria, decidiu recopiar boa parte das obras latinas, chegando a fazer uma espécie de catálogo analítico de sua biblioteca. Depois de sua morte, uma parte dos seus livros religiosos foi transferida para a biblioteca de Latrão, sede do bispado de Roma.
O renascimento do Império Carolíngio foi gestado a partir dos mosteiros do sul da França, no final do século VII. Os monges começaram a fazer os manuscritos com uma nova forma de escritura. Os que recopiavam os livros vindos de Roma, aperfeiçoaram a escritura ancestral. A escrita caligráfica surgida na Europa entre os séculos VIII e IX deu origem à distinção de maiúsculas e minúsculas nas modernas escritas europeias. Os mosteiros foram aperfeiçoando a produção de manuscritos criando miniaturas e textos mais bem escritos e, até mesmo, mais bem adornados.
A partir dos mosteiros e suas bibliotecas, o imperador Carlos Magno restaurou as escolas e as oficinas de copias em todo o reino. Em suas instruções ele insiste que cada clérigo e cada monge deveria aprender a gramática, o cálculo e o canto, especificando que o trabalho dos escribas não deveria ser confiado a jovens, mas a homens de idade adulta, de modo que não houvesse nenhum erro. A partir de então, seria desenvolvida a nova escrita chamada de Carolina, por causa de Carlos Magno, que se caracterizava pelo tamanho pequeno, bem legível e regular, que encontramos na escrita atual, desde que os primeiros impressores do século XV a escolheram entre muitas outras.
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