Sempre que o final do ano em curso se aproxima, cresce nas empresas, associações e mesmo entre as pessoas comuns a preocupação em organizar o seu calendário para o ano novo.
Quantos serão os feriados, quais deles prolongados, qual será a data das férias, como serão organizados os eventos e compromissos mais importantes?
Essas e outras perguntas fazem com que os olhos estejam fixos no calendário e na forma mais correta de aproveitar bem os dias, meses e o ano.
Nesse contexto surge uma pergunta curiosa: Como surgiram os calendários e como se fez a sua organização?
Os calendários possuem uma origem muito antiga, que pode ser localizada a partir do início das atividades agrícolas praticadas pelos seres humanos, porque havia a necessidade de se prever as estações do ano e os melhores períodos para o plantio e para a colheita.
Desta forma, o homem passou a observar o céu, percebendo a regularidade da posição e transcursos dos astros e outros corpos celestes, principalmente do sol e da lua. Pela sua observação o homem foi aprendendo a fazer a contagem de tempo entre duas luas novas com o período dos dias entre elas, estabelecendo assim a primeira noção de mês.
A variação da altura do sol no horizonte permitiu também a descoberta do fenômeno que hoje é chamado de equinócio. Sua periodicidade foi sendo calculada até formar o que temos hoje, um ano formado por aproximadamente doze vezes da duração do mês lunar. Este cálculo levaria mais tarde à divisão do ano em doze meses, totalizando 365 dias.
Como esta conta não era exata, cada povo da antiguidade tentou solucionar o problema ao seu modo, de uma forma diferente. Alguns povos antigos evoluíram bastante na contagem do tempo graças aos estudos astronômicos como os babilônios, persas e chineses. Os egípcios foram os primeiros a criar os doze meses com trinta dias, acrescentando outros cinco dias extras no final de cada ano; os babilônios e gregos, por sua vez, a cada período de 19 anos acrescentavam um décimo terceiro mês.
Com o poderio do Império Romano e com suas conquistas, os calendários passavam por diversas combinações devido à extensão do império e organização de cada povo conquistado. Mas foram eles que começaram o processo de uniformização na contagem do tempo, estabelecendo um calendário de dez meses já no século VII a.C.
No ano 46 a.C. o imperador Júlio César encarregou o grego Sosígenes, de organizar um calendário mais preciso, recebendo ele a denominação de Juliano, tendo um ano de 365 dias dividido em doze meses de 30 e 31 dias, menos fevereiro que passou a ser bissexto.
Como o movimento de rotação da terra ao redor do sol chamado de translação é de 365 dias, 6 horas, 9 minutos e 10 segundos, esta pequena diferença começou a interferir na exatidão do calendário, sendo necessário mexer nele mais uma vez. Foi então que a Igreja Católica entrou em ação.
A partir da declaração do cristianismo como religião oficial do Império Romano, a contagem dos anos passou a ser feita de uma forma diferente. Até século VI sua contagem não era feita a partir do nascimento de Cristo, como hoje se faz, e sim a partir da posse do Imperador Diocleciano. No ano de 525, o abade Dionísio, a mando do Papa, passou a estudar uma nova forma de contagem dos anos, determinando que o ano 01 seria o nascimento de Cristo e não mais se referiria a um imperador que havia perseguido duramente os cristãos.
Para chegar a esta definição ele partiu da data de fundação da cidade de Roma, indicada no ano 753 a.C. A partir daí o abade foi somando os anos de todos os governos desta época, chegando a 726 anos, desde a fundação da cidade até a posse do imperador Augusto. Como Jesus teria nascido no ano 27 do reinado do imperador Augusto, durante o governo de Herodes na Palestina. Somando tudo, obteve 753 anos até o nascimento de Jesus.
A partir de então, o nascimento de Cristo foi considerado o ano UM da Era Cristã, pois na matemática romana não existia o número zero. Mas hoje se sabe que o abade Dionísio provavelmente não contou os quatro anos em que Augusto César governou com o nome de Otávio, erro confirmado pelo fato de Herodes ter mandado matar Jesus quando ainda era bebê. Hoje sabe-se que Herodes morreu no mês de um eclipse lunar e que segundo os astrônomos, tenha ocorrido um eclipse lunar no ano 4 a.C. Então, na verdade, já estaríamos no ano 2028, e não em 2024. Mas corrigir esse erro daria muita confusão, ficando o dito pelo não dito.
No 1582, o Papa Gregório XIII, reformou o calendário Juliano, suprimindo dez dias de diferença que haviam se acumulado durante os séculos, estipulando ainda a supressão de três anos bissextos a cada 400 anos, para evitar nova defasagem. Desta forma é que hoje utilizamos teve o seu início, mantendo os mesmos nomes dos meses do calendário Juliano.
Não se esqueça, porém, que o calendário é só uma convenção porque dependendo da situação em que vive a pessoa aparentemente o tempo passa mais rápido ou menos veloz. Também não podemos nos esquecer que cada calendário diz respeito a uma parcela da população mundial, existindo hoje quatro calendários principais: dos judeus, dos muçulmanos, dos chineses e o nosso calendário cristão. O importante é que vivamos cada segundo com o sabor de eternidade!
Lembre-se desta origem e evolução quando estiver organizando sua agenda ou quando olhar para o calendário que está sobre a sua mesa de trabalho ou na memória de seu celular.
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