História da Igreja

A Palestina no tempo de Jesus

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

05 ABR 2018 - 10H30 (Atualizada em 20 OUT 2023 - 11H34)

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PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA

HISTÓRIA ANTIGA 01

Depois de apresentarmos a História da Igreja no Brasil, na América Latina e no período moderno, aproveitando a ocasião da celebração dos 500 anos da Reforma Protestante, entramos agora no tempo que vai nos contar o nascimento da Igreja a partir do mandato de Cristo aos apóstolos.

Queremos tratar da história de um modo diferente, sem preocupar-nos tanto com fatos, com datas ou grandes personagens, mas queremos apresentar aquilo que realmente é importante.

Leia MaisHistória da Igreja na América Latina: O cristão em tempos coloniaisHistória da Igreja na América Latina: A evolução da TeologiaNós queremos apresentar a Igreja não como um grupo de pessoas ou uma instituição desligada da vida e do destino das pessoas, mas queremos ver a sua história como parte integrante da história dos homens. Queremos apresentar a Igreja como uma comunidade viva, atuante, que influencia e sofre influências.

Durante muito tempo, a Igreja foi vista como uma instituição santa. Hoje queremos continuar apresentando a Igreja deste modo, mas não podemos esconder a sua outra face, pois, apesar de ser ligada a Cristo, sendo sinal do reino de Deus, a Igreja é formada por seres humanos e, com isto, as falhas e defeitos aconteceram ao longo dos tempos.

Porém, o importante é que estudando a história do passado, teremos mais condições de compreender a nossa história atual. Assim podemos dizer que, com o estudo da sua história faremos uma grande volta no tempo, dividida em três momentos principais:

Nós vamos ESTUDAR o passado, vamos COMPREENDER o presente e tentaremos PREESCUTAR o futuro, tentando decifrar os nossos caminhos futuros. Uma última coisa nos resta dizer: A história não é feita somente pelos grandes personagens, mas todos nós somos construtores de história. Na Igreja não são somente os Papas, Bispos e Padres que fazem a história, mas todos nós temos parte integrante nisto. Cada um de nós fazemos a história acontecer.

Finalmente nos resta dizer: Bom proveito neste estudo e seja participante na construção de nossa história!

Situação política e religiosa da Palestina na época de Jesus Cristo 

Desde o ano 722 antes de Cristo, o país onde vivia o povo de Israel estava dominado por nações estrangeiras. A partir do ano 63 a.C. este domínio passou a ser feito pelos romanos.

Roma era a maior potência política e econômica daquela época. Em 63 a.C. um general de nome Pompeu conquistou a Palestina, que desde então passou a fazer parte do império romano. A palestina funcionava como uma província semiautônoma, pois as autoridades locais foram mantidas.

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Mapa da Palestina


No tempo do nascimento de Cristo, o imperador era Otavio Augusto. Ele governou de 27 a.C. a 14 d.C. Quando Cristo foi morto, o imperador era Tibério e ele reinou de 14 a 37 de nossa era.

Os romanos mantinham o seu domínio sobre as províncias do império a ferro e fogo, e para conseguir isto cobravam impostos de todas as nações dominadas. Frequentemente faziam recenseamentos nas províncias, para calcular se o recebimento dos impostos estava correspondendo ao crescimento da população.

O recenseamento feito na época do nascimento de Cristo tinha esta finalidade (Cf Lc 2, 1-7). Nas províncias do império, os imperadores eram representados pelos procuradores romanos. No tempo em que Jesus Cristo foi morto, o procurador era Pôncio Pilatos. Ele morava na cidade de Cesaréia e visitava Jerusalém somente na época das grandes festas, para cuidar, sobretudo, da segurança da população.

Órgãos de governo e partidos políticos

Na Palestina, o órgão político mais importante era o SINÉDRIO. Este era como um Senado, composto por 71 membros comandados por um sumo-sacerdote. Este órgão era o responsável pela vida dos judeus, pela aplicação do cumprimento da lei e pela ordem interna.

No contexto político, destacavam-se os partidos político-religiosos que lutavam pelo predomínio no meio do povo. Todos eles tinham uma conotação religiosa. Entre os partidos mais fortes destacavam-se os saduceus, fariseus, essênios e os zelotas. Como hoje, cada partido lutava para continuar influenciando o povo.

Algumas características diferenciavam o povo judeu dos demais povos que viviam no Oriente Médio:

  • O povo judeu acreditava em um único Deus vivo e verdadeiro. Os demais povos eram todos politeístas, pois acreditavam em muitos deuses diferentes. Esses deuses em geral eram representados na forma humana ou de animais.
  • A esperança no MESSIAS ajudava o povo a caminhar. Esta esperança era forte, sobretudo, no meio do povo mais simples e humilde.
  • Os profetas, homens chamados por Deus, pregavam a fidelidade à Aliança e a volta da Nova Jerusalém.
  • A lei tinha uma importância decisiva. A lei ou TORÁ devia ser cumprida a todo custo.
  • As instituições mais importantes na vida religiosa do povo eram o templo, as festas religiosas, com destaque para a festa da Páscoa, a sinagoga e a guarda do dia de sábado.
  • Foi neste ambiente que Jesus Cristo nasceu como um homem histórico, encarnado na história humana. Foi neste ambiente que Ele lançou a semente do reino de Deus e convocou um grupo de pessoas, os apóstolos, para continuar a sua missão.

Após Jesus Cristo e, especialmente após a revelação do Espírito Santo em Pentecostes, os discípulos começaram a reunir-se em comunidades, tendo por base a comunidade de Jerusalém.

Foi assim que nasceu a Igreja.

Escrito por:
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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