PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
História Moderna – 12
Por causa da Reforma Protestante, em meados do século XVI, a cristandade na Europa estava dividida em várias Igrejas. Dentro de cada país as pessoas eram obrigadas a seguir a religião do rei.
Na França, a divisão entre católicos e protestantes se manifestou de forma mais violenta. A divisão mais acirrada opunha católicos aos calvinistas chamados de huguenotes.
As tensões entre católicos e calvinistas se agravaram no reinado de Carlos IX (1560-1574). O momento mais grave da crise ocorreu em 24 de agosto de 1572, quando se deu a chamada Noite de São Bartolomeu, e cerca de 3 mil huguenotes foram massacrados em Paris a mando da mãe do rei Catarina de Médicis.
O episódio desencadeou uma onda violência e a guerra religiosa se estabeleceu na França provocando a morte de milhares de pessoas. O conflito só terminou com a promulgação do Edito de Nantes, em 1598, que definiu a liberdade de culto no país.
Vamos entender um pouco mais quem eram os huguenotes e como se deu a tristemente falada Noite de São Bartolomeu.
Os Huguenotes e a Noite de São Bartolomeu
Recebia o nome de huguenote todo seguidor da igreja protestante na França. Eram na maioria calvinistas por acreditar nos ensinamentos de João Calvino, e membros da Igreja Reformada. A origem do termo é creditada aos católicos franceses, que o teriam criado baseando-se no nome de Besançon Hugues, um líder religioso suíço.
Durante a maior parte do século XVI, os huguenotes foram alvo de perseguição feroz, que. No reinado de Henrique II (1547-1559), os huguenotes formavam um grupo político numeroso e influente, tornando-se o centro das disputas políticas e religiosas no país. À medida em que eles se tornavam mais fortes, passaram a ser mais perseguidos pelo governo que era de inspiração católica. Grandes personalidades do cenário político internacional eram huguenotes, como Antônio, rei de Navarra; Luís I, de Bourbon, de Condé e o almirante Gaspar de Coligny.
Do lado oposto estava a família Guise, que liderava o grupo católico, de forte influência sobre o rei Francisco II, filho de Henrique.
Com a morte de Francisco II, Carlos IX assumiu a coroa, mas na verdade era a rainha-mãe, Catarina de Médici que, de fato, exercia o poder. Com isso, durante algum tempo ela defendeu os huguenotes como uma forma de contrabalançar a influência dos Guise. Catarina, porém, passou a temer que o almirante Coligny estivesse influenciando demasiadamente seu filho e aliou-se ao duque de Guise.
Na madrugada do dia 24 de Agosto de 1572, os sinos da catedral de Saint Germain-l’Auxerrois anunciaram o dia do apóstolo Bartolomeu, martirizado nessa data. Ao mesmo tempo, as forças católicas tramavam um massacre de grande parte da população protestante. Entre 3 e 10 mil huguenotes foram atraídos a Paris para participar um casamento real que, supostamente, poria um fim às guerras religiosas que já eram travadas ao longo de duas décadas. Enganados, porém, acabaram assassinados no que ficou conhecido como “Noite de São Bartolomeu”, um triste episódio na história da França.
Pouco depois, em 1598, o rei Henrique IV, necessitado do apoio huguenote, baixou o Édito de Nantes, pelo qual concedia liberdade de culto aos protestantes franceses em cerca de 75 cidades e vilas onde prevalecia o calvinismo, além de completa liberdade política.
Mais tarde, Luís XIV perseguiria os protestantes novamente, levando muitos à fuga. Ele revogou o Édito de Nantes (supostamente irrevogável) em 1685, tornando o protestantismo ilegal com o Édito de Fontainebleau. Depois disto, muitos Huguenotes fugiram para países vizinhos como a Prússia, cujo rei Frederico Guilherme era calvinista e lhes acolheu, na esperança de reconstruir seu país destruído e despovoado pela guerra.
Em 1687, um grupo de huguenotes velejou da França até o Cabo da Boa Esperança, onde implantaram a cultura da uva, dando origem na África do Sul a uma indústria vinícola que se destaca em todo mundo.
A história da noite de São Bartolomeu já foi relatada por vários escritores, como no livro: A Rainha Margot – Alexandre Dumas, também em filme nos cinemas e até em citação em canções.
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