PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
HISTÓRIA ANTIGA 03
A festa de Pentecostes, que originalmente era a festa das colheitas, assumiu um grande significado para os cristãos: o pentecostes passou a significar o começo da missão apostólica dos discípulos de Jesus e da Igreja, bem como a criação da Igreja como uma instituição humana, histórica, concreta e a sua caminhada no tempo.
A comunidade primitiva de Jerusalém passou a ser constituída pelos apóstolos, pelos seguidores de Cristo (os discípulos) e por pessoas recém-convertidas ao cristianismo. No dia de Pentecostes, eram cerca de 120 pessoas. Mas este grupo original foi crescendo graças à ação dos apóstolos, sobretudo devido à sua pregação.
Entre o grupo apostólico, o destaque fica por conta do apóstolo Pedro, constituído como chefe da comunidade e cabeça da Igreja. É ele o primeiro missionário e o primeiro pregador depois de Pentecostes.
A princípio, os cristãos participam da vida comum do povo, mas aos poucos vai se formando uma comunidade à parte, com vida própria. Gradativamente, a comunidade cristã também vai se organizando especialmente para prover o atendimento aos seus pobres, órfãos e viúvas. Porém, desde o começo a Igreja passou a enfrentar dificuldades como as perseguições. A Igreja cresceria, a partir de então, sobre o sangue dos mártires.
A primeira dificuldade enfrentada foi o conflito com o judaísmo oficial. Isto provocou a primeira perseguição e a morte dos primeiros mártires. Entre eles, citamos Santo Estevão e São Tiago (cf. At 7,54-60; 8,1-4). Por causa da perseguição, a Igreja se dispersou pela Samaria e Judeia.
A segunda dificuldade foi o conflito com os discípulos de João Batista a respeito do messianismo de Jesus.
As outras dificuldades foram os embates com as falsas doutrinas que surgiam, sobretudo com o gnosticismo (gnosis = conhecimento). Mas o cristianismo passou a crescer e expandir-se graças à ação missionária dos apóstolos e com as viagens missionárias de Paulo. Outro elemento que reforçou muito este crescimento foi a vida interna da comunidade. Esta se baseava na doutrina segura dos apóstolos, na centralidade da Eucaristia (fração do Pão), na posse em comum dos bens e no testemunho da ressurreição. (cf. At 42-47).
A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA PRIMITIVA:
Na Igreja primitiva, destacava-se o grupo apostólico. Sua autoridade fundava-se no mistério pascal de Jesus Cristo, do qual o grupo foi testemunha. Os apóstolos foram convocados por Cristo e estiveram com Ele.
Os Apóstolos:
Exerciam sua autoridade, não como poder, mas como ministério e como serviço.
Pela imposição das mãos, constituíam representantes seus nas comunidades fundadas e lhes conferiam autoridade para o governo da comunidade e serviço litúrgico. São os apóstolos quem escolhem os diáconos.
São eles os primeiros responsáveis pela obra de evangelização.
Depois da morte dos apóstolos, os seus representantes tornam-se seus sucessores. Começa então na Igreja uma nova era, a Era Apostólica, o tempo dos Santos Padres. Deste modo, aos poucos as comunidades recebem uma nova forma de organização, mas não ainda hierárquica.
Bispos e presbíteros
Leia MaisCristianismo - Da Pregação de Jesus até ConstantinoExistiam os bispos e presbíteros, os doutores, os anciãos, profetas, diáconos e outros ministérios naturais. O papel do bispo não se revestia ainda da importância que teria mais tarde. Bispos e padres exerciam o governo das comunidades de modo colegiado; estavam em condição de equivalência.
Nas maiores comunidades, um Conselho de Presbíteros cuidava de sua direção. Somente depois de 200 anos, o ministério do bispo vai ficando restrita a uma única pessoa. A comunidade cristã participa da autoridade dos apóstolos e de seus sucessores. Existe a corresponsabilidade.
No século II, começou-se a definir-se o ministério do bispo. Eram estas as suas funções principais:
• É o bispo quem convoca os presbíteros e lhes confere autoridade.
• É ele quem dirige a vida das comunidades, especialmente a vida litúrgico-sacramental.
• É ele o responsável pelo ensino, pela incorporação ou mesmo pela expulsão de algum membro da comunidade.
• É o bispo quem também se torna responsável pela formação dos candidatos ao sacerdócio.
Ministérios e serviços
Desde o tempo dos apóstolos, já existiam os ministérios nas comunidades. Mas, à medida em que o ministério eclesiástico foi ganhando importância, foram surgindo normas mais preciosas para a pessoa que passasse a assumir algum serviço ou ministério na comunidade. Veio a exigência do celibato, da virgindade consagrada e da dedicação em tempo integral às funções eclesiásticas. Porém, uma coisa era bastante clara: quanto mais baseada na fraternidade, menor era a necessidade de uma autoridade forte como se daria em épocas subsequentes.
A grande preocupação estava na unidade da Igreja. Para ser cristão era preciso, em primeiro lugar, a Profissão de Fé e a participação na vida litúrgico-sacramental da comunidade. Era necessária a unidade da comunidade com o bispo, da comunidade entre si e da comunidade com as outras Igrejas locais. A expressão mais visível desta unidade eram os Símbolos (Profissão de Fé), os concílios e as coletas que se faziam para auxiliar as comunidades mais necessitadas. Aos poucos surgiu a consciência do primado do bispo de Roma.
Como consequência da vida interna da Igreja, do apostolado e da evangelização, lá pelo ano 100 da Era Cristã, já existiam cerca de 50 comunidades cristãs, espalhadas pela Ásia, Oriente Médio, África e Europa. No ano 200, as comunidades seriam cerca de 100, concentradas especialmente nas cidades.
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