No último dia 25 de julho teve início em Paris, França, a 33ª edição dos Jogos olímpicos da Era Moderna.
Essa, que é considerada a principal competição esportiva do mundo, teve origem na Grécia clássica, por volta de 776 a.C., especialmente na cidade de Olímpia, de onde veio o nome dos Jogos que duravam uma semana. Eles eram realizados a cada quatro anos, tanto em Olímpia como em outras localidades.
Com os jogos, até mesmo as guerras eram interrompidas e as façanhas dos atletas ajudavam a consolidar a sua popularidade.
Com a conquista da Grécia por Roma, em 168 a.C., o império preservou e incorporou muitas tradições gregas, incluindo os Jogos Olímpicos, mas eles sofreram várias alterações que, misturadas a outros fatores, ajudariam a determinar o seu destino futuro.
A partir de então, as competições deixaram de ser exclusivas para os gregos, contando com a participação de homens de outras nacionalidades. O próprio imperador Nero chegou a participar de um dos jogos. Com o tempo, eles acabariam sendo monopolizados pela família imperial e financiados com dinheiro público.
Quando Roma conquistou a Grécia, os jogos já vinham passando por uma decadência continuada, por razões de corrupção econômica e moral, até que, em 393, o imperador romano Teodósio I (347–395) aboliu os Jogos Olímpicos, pondo fim a uma tradição de mil anos que somente seria retomada nos tempos modernos.
Esse foi o ponto final do longo processo de decadência das competições esportivas na antiguidade clássica, que vinham sendo desvirtuadas em seus propósitos havia muito tempo por um profissionalismo crescente e pela falta de interesse dos romanos, que haviam conquistado a Grécia.
A carga religiosa que envolvia os jogos e a proibição da Igreja são apontadas como a causa de sua interrupção, e, por séculos, essa responsabilidade foi atribuída ao imperador romano Teodósio I.
As pesquisas históricas refutaram a ideia de que os editos do imperador proibiram totalmente a celebração dos jogos, pois há evidências de que eles não tenham cessado em 393, pois alguns imperadores continuaram a financiar esses eventos atléticos até o início do século V.
O imperador Teodósio I proibiu, sim, a celebração de cultos pagãos, incluindo os Jogos Olímpicos homenageando aos deuses, no entanto, a popularidade das competições esportivas e das festividades culturais continuou em muitas províncias do império romano de influência grega.
Certas práticas religiosas que ocorriam antes e durante os jogos foram sendo abolidas, mas razões econômicas é que estavam por trás da interrupção dos milenares torneios.
Os jogos medievais
A proibição dos jogos e a mudança de mentalidade de culto ao corpo não fez com que a prática de certos jogos morresse por completo e, na Idade Média, algumas modalidades conseguiram sobreviver apesar de algumas proibições.
A prática do arco e flecha e o treinamento com uma arma chamada besta eram bem incentivadas e aceitas, pois além de ser uma prática esportiva, esses instrumentos tornaram-se armas, como foi no tempo da época da Guerra dos Cem Anos (1337–1453), porque aos reis convinha ter pessoas bem preparadas para o combate.
Apesar do descrédito e da falta de incentivo, as pessoas nunca deixaram de treinar o corpo ou de se interessar por exercícios físicos. Com isso, alguns jogos foram sendo continuados.
O soule se tornou o jogo mais popular da Idade Média. Ele consistia em bater em uma bola de couro ou de madeira com os punhos, com os pés ou com bastões curvos. Suas regras exatas não são muito conhecidas, mas sabe-se que o jogador devia pegar a bola e levá-la o mais rápido possível até um lugar pré-determinado, evitando que os outros participantes a pegassem.
Na modalidade com taco, os competidores deviam bater na bola com um bastão curvo, mandá-la o mais longe possível, depois correr e bater nela novamente até atingir o objetivo. Pelo esforço requerido, essa prática exigia um bom preparo físico dos competidores.
Outro esporte bem comum na Idade Média era o jogo da pela, ancestral do tênis moderno. O jogo consistia em lançar uma bola de couro ou de lã, chamada de pela, com a palma da mão; vindo daí o nome original em francês — jeu de paume (jogo de palma). Em fins do século XV, a palma da mão foi substituída por uma raquete ou por um bastão.
No século XV e no início do XVI, em vista do rigoroso inverno, o jogo passou a ser realizado em quadras cobertas, feitas especialmente para isso. As partidas eram geralmente disputadas por dois jogadores, cada um procurando impedir o adversário de recuperar a bola e devolvê-la. O número de participantes, porém, podia chegar a quatro, seis ou até oito.
As duas práticas esportivas em geral eram destinadas a pessoas da nobreza, e apenas bem mais tarde começariam a se popularizar.
A grande sensação da Idade Média, porém, eram os torneios de cavalaria, em que vários combatentes se enfrentavam com o confronto entre dois adversários. Existem registros de duelos desde o século XI; só mais tarde as justas se transformaram em batalhas fictícias com regras.
Aos poucos, os apaixonados por estes exercícios vão percorrendo a Europa, indo de torneio em torneio. Cada cavaleiro era acompanhado por escudeiros, pajens e outros auxiliares, e cada equipe representava uma casa da nobreza, com um grito de guerra e uma insígnia pintada em seus mantos e escudos.
No torneio, as equipes eram agrupadas em dois campos e combatiam em um terreno de grande extensão, delimitado por barreiras. Ao lado delas ficavam os espectadores. Os torneios às vezes degeneravam em batalhas reais, e os acidentes mortais não eram raros.
Esse costume ajudou, inclusive, a diminuir as guerras e batalhas, porque era melhor que dois oponentes se batessem do que levar um exército inteiro para o campo de batalha.
Em 1245, o papa Inocêncio IV (1190–1254) suspendeu a prática por três anos, por causa do Concílio de Lyon, justificando que as competições impediam os senhores de participar das cruzadas.
Os melhores torneios provocavam o ajuntamento de muita gente e, com isso, paralelo a eles, eram realizadas feiras e uma grande movimentação do comércio local, o que fazia, como hoje, que um torneio movimentasse toda a economia do lugar.
Outros esportes foram sendo criados ao longo dos tempos até que, de 06 a 15 de abril de 1896, se realizou a Primeira Olimpíada da Era Moderna, por ação e influência do Barão de Coubertin. Esses primeiros jogos reuniram delegações de 14 países, com a concentração de 241 atletas, que disputaram 43 modalidades de jogos. De lá para cá quanta coisa já mudou!
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