PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
HISTÓRIA ANTIGA 09
Constantino: Vitória ou derrota da Igreja:
Por mais ou menos 300 anos, a Igreja Católica foi perseguida no império e pelo Império Romano, com sua vida e missão apostólica muito prejudicadas. As perseguições começaram de forma esporádica, mais ou menos a parir do ano 60 d.C. e foram crescendo, tornando-se sistemáticas e intensas. Elas começaram como episódios isolados, em algumas regiões ou províncias do Império, tornando-se, depois, generalizadas e oficiais.
Apesar do exagero dos números, sabe-se que muitos cristãos perderam a vida nas perseguições, que miravam primeiro as autoridades da Igreja, mas depois atingiam a todos os cristãos. Estes, porém, resistiram e o seu sangue foi como que o fermento de novas comunidades e de novos cristãos. A partir do início do século IV, as coisas começaram a mudar.
A ascensão do imperador Constantino
No ano de 313, depois de derrotar quase todos os oponentes ao trono, assumindo o poder no ocidente, o imperador Constantino ascendeu ao poder, tomando medidas para restringir as perseguições e favorecer a liberdade da Igreja. Uma das medidas de maior impacto foi a elaboração de uma lei especial chamada Edito de Milão. Por ela estabeleceu a liberdade religiosa no Império.
Com o edito de Milão, terminaram as perseguições. A Igreja e o Império passaram a caminhar juntos e a Igreja teve oportunidade de expandir-se rapidamente.
Ainda hoje se discute qual teria sido o motivo da conversão de Constantino e os benefícios ou malefícios que isso trouxe para a Igreja. Foi uma conversão verdadeira ou foi uma ação política? Constantino agiu corretamente ou como um oportunista político? Com Constantino, houve a vitória ou derrota da Igreja?
A razão maior dessa discussão está no fato de Constantino ter se batizado somente às vésperas de sua morte. Porém, como uma primeira resposta a estas nossas perguntas, podemos dizer que com Constantino houve, ao mesmo tempo, alguns pontos positivos e outros negativos para a Igreja. De um lado, a Igreja saiu lucrando e de outro, saiu perdendo com a sua conversão.
O que houve de positivo:
Constantino favoreceu a liberdade religiosa no Império. Todos adquiriram liberdade de seguir a religião que quisessem.
Os bens confiscados dos cristãos com as perseguições foram devolvidos.
Os sacerdotes cristãos foram colocados no mesmo nível dos sacerdotes pagãos.
Os bispos da Igreja passaram a gozar dos mesmos privilégios dos magistrados e demais autoridades civis do Império.
As leis do império foram cristianizadas e as leis da Igreja tornaram-se leis do Império e vice-versa.
Os cristãos puderam ocupar cargos e posições de confiança no Estado, o que antes era proibido.
O culto pagão, sobretudo, aquele que se fazia acompanhar por bebedeiras e orgias, foi restrito.
Como consequência destas medidas, aos poucos a situação se inverteu e os cristãos deixaram de ser perseguidos, passando a gozar de uma situação bem melhor, pois, aos poucos, o Império se cristianizou, o clero passou a gozar de privilégios e as leis passaram a ser fundamentadas no Evangelho.
Quais foram os privilégios recebidos pelo clero (padres e bispos) da Igreja:
Os Sacerdotes passam a ser dispensados de pagar impostos e taxas.
Receberam muitas propriedades de volta.
Foram dispensados de encargos onerosos ou difíceis.
Aos poucos, os bispos tornaram-se conselheiros do Estado.
Os templos pagãos começam a ser confiscados e doados aos cristãos.
Mas há também o lado prejudicial em todas essas medidas, e algumas consequências negativas foram surgindo, dificultando bastante a vida e o caminhar da Igreja. Aos poucos, a situação se inverte e os perseguidos passam a ser os pagãos. O culto pagão torna-se proibido, seus templos vão sendo confiscados, a ação dos feiticeiros e agoureiros torna-se proibida e o auxílio dado pelo Estado aos sacerdotes pagãos é restringido.
Outras medidas de caráter mais amplo também foram tomadas: as moedas deixam de ser cunhadas com símbolos pagãos, como a efígie do Imperador, outros símbolos pagãos são retirados dos lugares públicos e, aos poucos, os pagãos vão perdendo a plena cidadania.
Por esta época, surgem até mesmo algumas formas de perseguição, sobretudo, aos judeus.
O resultado destas medidas nós sentimos até hoje, pois, como o cristianismo se tornou quase obrigatório, o número de cristãos aumentou muito, mas este crescimento não foi acompanhado pela qualidade. Surgiram cristãos sem convicção e sem fervor. A Igreja cresceu em quantidade, nem sempre acompanhada pela qualidade.
No ano de 390, o Imperador Teodósio tornou o cristianismo a única religião do Império e, com isto, de agora em diante, todos seriam obrigados a professar a fé cristã. O império passaria a se intrometer na vida da Igreja e a organização do estado aos poucos vai sendo assumida pela Igreja.
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