História da Igreja

O Advento e seu significado na Igreja Católica

Na Idade Média o preto era usado como cor litúrgica no advento Antes que o roxo se tornasse a cor oficial do Advento, o preto foi usado por muitos anos.

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

20 DEZ 2024 - 08H21 (Atualizada em 20 DEZ 2024 - 10H33)

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Mais uma vez estamos vivendo o Advento, um novo tempo no calendário litúrgico da Igreja, especificamente, do calendário da Igreja Latina. Algumas igrejas católicas, assim como muitas não-católicas, mesmo sendo cristãs, têm uma forma própria de celebrar o Advento.

De acordo com as Normas Gerais do Ano Litúrgico, o Advento tem um duplo significado, sendo, em primeiro lugar, um tempo de preparação para o Natal, como recordação da primeira vinda de Cristo; e em segundo lugar, um tempo que apela às nossas mentes e corações para nos colocarmos num estado de continuada vigilância, aguardando a segunda vinda de Cristo no final dos tempos que, segundo Ele mesmo afirmou “não sabemos nem o dia e nem a hora”.

O Advento é, portanto, um período de espera devota e alegre, que nos recordas as duas vindas de Cristo. E para favorecer a sua vivência, a Igreja nos propõe o espírito de penitência, de mortificação, de conversão, sempre a partir da força redobrada da oração pessoal e comunitária. No Brasil, a mais bonita expressão de oração comunitária deste tempo se dá pela Novena de Natal em Família.

Normalmente, na liturgia do Advento, celebrada em nossas capelas e igrejas, se usa a cor roxa, que é a que melhor expressa o conjunto de sentimentos desse tempo. Mas no terceiro domingo do Advento, conhecido como o domingo Gaudete (da alegria), se pode usar a cor rosa, que também é usada no IV domingo da Quaresma, chamado de Laetare.

Simbolismo e liturgia

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Hoje, a Igreja usa a cor roxa não somente durante o Advento, como em algumas ocasiões específicas, tais como cerimônias fúnebres e outras ocasiões penitenciais. Mas nem sempre foi assim. Durante alguns séculos, sobretudo no tempo da Idade Média, usava-se o preto durante o Advento.

Entre os séculos XII e XV, o preto era a cor litúrgica predominante. Na época do Papa Inocêncio III (1198–1216), por exemplo, o preto era a cor do Advento em Roma, sendo usada até a véspera de Natal. Esse costume permaneceu algum tempo depois, e o preto tinha quase o mesmo significado do roxo, hoje usado pela Igreja.

Isso não era privilégio exclusivo de Roma: o preto era também usado durante o Advento em outros lugares até o século XVI, porque, historicamente, o preto remetia ao luto, à penitência e à morte.

Sendo o Advento um período de intensa preparação espiritual, em que nós morremos para nós mesmos para que possamos renascer no Natal, se justificava o uso da cor preta. Além do mais, o preto também refletia a ideia de que o mundo estava em trevas antes da vinda de Jesus no Natal.

Roxo substitui o preto no Advento

O preto é visto como a negação da cor e uma expressão peculiar de tristeza. Nas Sagradas Escrituras, infortúnios de todo tipo estão relacionados com a ideia de escuridão. Assim, o preto na Igreja tornou-se um símbolo do mal e da adversidade física e espiritual.

Por esta razão, até o século XIII era também usado em épocas de calamidades, aflição e penitência. Porém, uma vez que o pecado é o único infortúnio verdadeiro na vida espiritual, e não exclui absolutamente a luz da graça, o roxo tomou o lugar do preto.

Hoje estamos vivendo um período conturbado na Igreja, em que algumas tradições têm sido recuperadas pelo simples fato de serem “coisas do passado”, como se o valor estivesse apenas nas coisas antigas.

Existe até um movimento de pessoas que teimam em querer caminhar de forma autônoma, quase que em conflito com o magistério de Francisco. Por esta razão, cores, vestimentas, usos e costumes litúrgicos somente têm sentido e razão de ser se expressarem o caminhar com a Igreja, porque cada tempo litúrgico, como o Advento, é feito para ser celebrado em comunidade, para que tenha todo o valor que ele representa.

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Escrito por:
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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Por Redação A12, em História da Igreja

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