PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
HISTÓRIA ANTIGA 15
O Império Bizantino, ou simplesmente Bizâncio, foi o que sobrou do grande Império Romano durante a Antiguidade tardia e Idade Média, centrado na sua capital, Constantinopla.
Conhecido também como Império Romano por seus habitantes e vizinhos, o Império do Oriente foi a continuação direta do antigo Império Romano. Hoje, na maioria dos livros de História, ele é distinguido da Roma Antiga na medida em que o império era orientado pela cultura grega e caracterizado por uma Igreja cristã totalmente ligada ao Império, onde acontecia a predominância da língua grega em contraste à língua latina.
A distinção entre Império Romano e Império Bizantino é, em grande parte, uma convenção moderna, não sendo possível atribuir uma data exata na qual tenha acontecido a sua separação, embora o ponto mais importante seja a transferência da capital do Império, realizada em 324 pelo imperador Constantino. Até então, a capital era Nicomédia, localizada na região da Anatólia, dali passando para Bizâncio, localizada próxima ao Golfo do Bósforo, que tornou-se Constantinopla, ou "Cidade de Constantino", também chamada de "Nova Roma". Desta forma, apesar de estar do outro lado do golfo, o Império Bizantino (atual Turquia) também faz parte da Europa.
O Império Romano foi finalmente dividido em 395, após a morte do imperador Teodósio I (379-395), sendo esta data muito importante para o Império Bizantino, que tornou-se, então, completamente separado do Ocidente.
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O Império Romano do Oriente existiria por mais de mil anos, a partir do século IV indo até 1453, sendo que durante a maior parte de sua existência, se manteria como uma poderosa força militar, econômica e cultural, apesar dos contratempos e das perdas territoriais, especialmente durante as guerras contra os persas e árabes. Em boa parte de sua história, enfrentaria um estado de sítio, provocado pelos árabes muçulmanos e, depois, pelos turcos otomanos.
Depois de uma forte crise, o império recuperou sua grandeza durante a dinastia macedônica, crescendo bastante ao ponto de tornar-se um poder proeminente no Mediterrâneo Oriental durante o século X, rivalizando-se com o Califado Fatímida.
Após 1071, contudo, o coração do império foi perdido para os turcos seljúcidas. A restauração Comnena recuperou parte do território perdido, restabelecendo o domínio do império no século XII. No entanto, após a morte do imperador Andrônico I Comneno e com o fim da dinastia Comnena, no final do século XII, o império entraria em declínio novamente.
Um golpe fatal seria cometido contra o Império do Oriente em 1204, no contexto da Quarta Cruzada, quando foi dissolvido e dividido em reinos latinos e gregos concorrentes. Os próprios cruzados invadiram e saquearam a capital.
Apesar da reconquista de Constantinopla e do restabelecimento do império, em 1261, sob os imperadores paleólogos, Bizâncio esteve, dai em diante, cercada pelos estados vizinhos rivais, e isso por mais 200 anos. Contudo, este foi um período bastante produtivo para o império, do ponto de vista cultural.
Sucessivas guerras civis no século XIV minaram ainda mais a força do já enfraquecido império, e outra parte do território restante foi perdida nas guerras bizantino-otomanas, que culminaram na Queda de Constantinopla e na conquista dos territórios remanescentes pelo Império Otomano no século XV, no ano de 1453.
Um capítulo à parte nesta história, que precisa ser estudado, foi a divisão entre a Igreja do Ocidente, com sede em Roma, com a Igreja do Oriente, com sede em Constantinopla, tendo como resultado o cisma das duas igrejas, que duraria de 1054 até o período Pós-Conciliar, com a viagem do Papa Paulo VI à Turquia, em 1967.
Como único estado que gozou de estabilidade e durabilidade na Europa durante a Idade Média, Bizâncio isolou da Europa Ocidental as forças emergentes do leste. Constantemente sob ataque, o império distanciou os persas, árabes e turcos seljúcidas da Europa Ocidental, e por um tempo, também os otomanos. As guerras bizantino-árabes, por exemplo, são reconhecidas pelos historiadores como sendo um fator chave por trás da ascensão de Carlos Magno, e um estímulo para o feudalismo e autossuficiência econômica da Europa.
Durante séculos, historiadores ocidentais usaram o termo bizantino ou bizantinismo como sinal de decadência, de política errada e de complexa burocracia, mas não havia uma avaliação negativa da civilização bizantina e de seu legado no sudeste da Europa. O bizantinismo, em geral, foi definido como um corpo de ideias religiosas, políticas e filosóficas que funcionou bem, ao contrário daquelas do Ocidente.
Nos séculos XX e início do XXI, contudo, os historiadores ocidentais começaram a entender melhor o império, de uma forma mais equilibrada e precisa, incluindo aí o seu legado e as suas influências sobre o Ocidente e, como resultado, o caráter complexo da cultura bizantina tem recebido mais atenção e um tratamento mais objetivo do que anteriormente.
Se a existência do Antigo Império Romano, incluindo o Império Romano do Ocidente e do Império Romano do Oriente/Império Bizantino for somada, todo o império romano terá existido por aproximadamente 1480 anos. O Estado predecessor do Império Romano, a República Romana, durou 482 anos. Então, de alguma forma, o estado romano existiu continuamente durante 1962 anos, ou cerca de 100 gerações. Com a existência dos 244 anos do Reino de Roma acrescentados, esse número seria 2206. Esses números expressam, portanto, uma realidade política, econômica e religiosa que não pode ser vista de uma forma simplista ou até mesmo preconceituosa.
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