Uma epidemia de gripe espanhola fez milhões de vítimas em todo o mundo no início do século 20 e também afetou a realidade brasileira. Alguns historiadores afirmam que entre suas vítimas mais famosas, estava o Presidente Rodrigues Alves, natural da cidade de Guaratinguetá (SP), vizinha de Aparecida, mas não há consenso sobre este fato.
Leia Mais“Pedi ao Senhor: com a Tua mão, detenha a epidemia”, diz PapaEleito para a presidência em 1918, Rodrigues Alves adoeceu e morreu em janeiro de 1919, sem conseguir tomar posse de seu segundo mandato. Ele era membro do Partido Republicano Paulista e já havia governado o estado de São Paulo e também o Brasil entre 1902 a 1906.
Com sua morte, o vice-presidente eleito, Delfim Moreira, assumiu interinamente a presidência. Uma nova eleição foi convocada para o dia 13 de abril. Desta vez, Epitácio Pessoa, do Partido Republicano Mineiro, foi o vencedor do pleito, assumindo a Presidência em julho daquele mesmo ano.
O falecimento de Rodrigues Alves aconteceu num momento crítico para o país, que ainda se recuperava dos efeitos de uma Greve Geral que paralisou o país em 1917. Além disso, sofria também com os efeitos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
A economia nacional de então era dependente das exportações de café, sofrendo o impacto da restrição do transporte mundial causado pelo conflito e a queda na demanda do produto no mercado internacional.
Os casos da gripe espanhola começaram a crescer no Brasil em setembro de 1918, a partir da chegada de um navio ao porto do Rio de Janeiro, vindo da Inglaterra, trazendo a bordo pessoas portadoras do vírus. Foi esse o estopim que provocou a tragédia. Um mês depois, o presidente eleito Rodrigues Alves caiu acamado, debilitado pela doença.
No dia 06 de outubro daquele ano, os boletins médicos falavam dos cuidados recebidos pelo ilustre paciente e arriscavam até um prognóstico dizendo que, com os devidos cuidados, ele se restabeleceria a tempo para sua posse.
A melhora desejada, porém, não ocorreu e em 15 de novembro de 1918, Delfim Moreira, assumiu a Presidência interinamente. Em suspense, a população acompanhou o estado de saúde de Rodrigues Alves através dos jornais até seu falecimento, em 16 de janeiro de 1919. Com ele, calcula-se em 35 mil as mortes provocadas pela epidemia, sem falar nas milhares de pessoas que foram contaminadas.
Esta história de suspense pela doença de um presidente eleito se parece bastante com a história do ex-presidente Tancredo Neves, mas as motivações de sua doença foram outras.
Interessante notar que, como os cartazes e folhetos da época indicavam, na forma como o português era então escrito, os cuidados para se evitar o contagio ou a cura eram bastante parecidos com o que hoje está sendo indicado.
Substituir o medo pela solidariedade
Percorrendo os jornais da época vemos muitos episódios de pânico entre a população, com casos de saques em estabelecimentos comerciais e superlotação de cemitérios. Também naquele tempo os fiéis católicos foram orientados para se absterem de participar das missas. Mas, ao lado disso, tivemos muitos exemplos de solidariedade e cuidados com os que foram afetados pela gripe.
A precariedade do sistema público de saúde e o desconhecimento ou desinformação da população fez com que os efeitos da gripe se tornassem mais intensos e prejudiciais.
Assim como naquele tempo hoje a epidemia do coronavírus está provocando a suspensão de eventos, cancelando aulas e mudando hábitos diários, levando a população a ficar mais em casa. Essas são algumas das precauções necessárias que precisam ser tomadas.
Seguindo a linha de orientação do Papa Francisco que incentiva a caridade, a atenção e a solidariedade para com aqueles que estão sendo afetados pela doença, a Igreja tem orientado os seus membros, especialmente os religiosos, para que apesar da limitação do serviço pastoral, reforcem a atenção para com os doentes e atingidos pela epidemia.
“Os religiosos e as religiosas sempre estiveram, na história, na linha de frente junto a quem sofre, especialmente nas várias epidemias. Temos certeza que a dedicação não será menor neste momento delicado da vida do nosso país”, foi o que declarou um comunicado da Conferência dos Religiosos Italianos.
Na Itália, um dos países mais afetados pela atual epidemia, a exortação é para que as missas celebradas sem fiéis sejam retransmitidas via streaming e que os sinos toquem três vezes ao dia “como um chamado comunitário à oração”.
Medidas como essas estão sendo adotadas em outros países para mostrar que o melhor remédio para todos os males é sempre a solidariedade.
Aqui no Brasil a CNBB coordena as várias atividades de assistência aos afetados e os cuidados pastorais que estão sendo tomados, a destacar o Terço da Esperança e da Solidariedade rezado no dia 18/03, por uma grande rede de veículos de comunicação de inspiração católica.
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