História da Igreja

O que é uma heresia para a Igreja Católica?

Escrito por Alberto Andrade

12 JAN 2024 - 11H26 (Atualizada em 12 JAN 2024 - 14H35)

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"A incredulidade é o desprezo da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe prestar assentimento. A 'heresia é a negação pertinaz, após recebido o Batismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou ainda a dúvida pertinaz acerca da mesma'", é o que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 2089.

Você já deve ter ouvido falar de ensinamentos que são contrários ao que a Igreja diz, como, por exemplo, que Jesus não é Deus, que Ele é a única pessoa da Trindade, que existem muitos deuses (três dos quais são o Pai, o Filho e o Espírito Santo), ou que não existe inferno. Essas afirmações são consideradas como heresias pela Igreja.

Leia MaisOremos para ter cuidado com as falsas doutrinasNa Teologia, a palavra heresia significa uma doutrina contrária aos dogmas de uma religião e também é usada como opinião ou doutrina diferente às ideias recebidas e, popularmente, usada para demonstrar um contrassenso ou um absurdo.

Podemos entender a pertinácia, descrita no Catecismo, como certa teimosia da pessoa batizada na fé católica da própria opinião ou no próprio ângulo, ou ponto de vista. Mesmo após ser orientado ou mesmo exortado por autoridades da Igreja, se esta pessoa for insistente neste erro, aí se configura a heresia.

Ou seja, a heresia acontece quando uma pessoa batizada, de forma consciente, é incrédula ou negligência as verdades da fé. Não aceita e nem quer entender sobre a autoridade do Papa como Sumo Pontífice.

“A origem de tudo isso é a falta de comunhão e solidariedade entre as pessoas e de uma fé bem fraca, fruto muitas vezes de uma espiritualidade pessoal e comunitária mal alimentada e mal vivida”, explica Padre Carlinhos Melo, para a Rádio Aparecida.

A dúvida ou a negação envolvidas na heresia devem estar relacionadas a uma matéria que tenha sido definida solenemente pela Igreja Católica como verdade divinamente revelada, por exemplo, a Santíssima Trindade, a Encarnação, a Presença Real de Cristo na Eucaristia, o Sacrifício da Missa, a Infalibilidade Papal, a Imaculada Conceição e Assunção de Nossa Senhora.

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Na Sagrada Escritura fomos avisados que os absurdos aconteceriam

São Paulo foi um dos apóstolos de Cristo que mais combateu heresias na história. Ele avisou para Timóteo: 

“Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas suas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas(2Tim. 4,3-4). 

Dentre as heresias mais conhecidas estão a Judaizante, que pode ser resumida pelas seguintes palavras dos Atos dos Apóstolos: “Alguns homens, descendo da Judeia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: ‘Se não vos circuncidais segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos'”. (At 15, 1)

Eles reconheciam em Jesus o Messias anunciado pelos profetas e o cumprimento do Antigo Testamento, mas uma vez que a circuncisão era obrigatória no Antigo Testamento para participar da Aliança com Deus, muitos pensavam que ela era também necessária para a participação na Nova Aliança que Cristo inaugurou. Portanto, eles acreditavam que era necessário ser circuncidado e guardar os preceitos mosaicos para se tornar um verdadeiro cristão.

A heresia nestoriana afirmava que em Jesus havia dois “eus” ou duas pessoas: uma divina, com a sua natureza divina, e outra, humana, com a sua natureza humana. Essa doutrina foi rejeitada pelo Concílio de Éfeso em 431.

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Outra doutrina também conhecida era o Arianismo, que circulava, principalmente, nos primeiros séculos da era cristã e consistiu na negação da consubstanciação, ou seja, Jesus e Deus Pai não seriam a mesma pessoa, segundo tal teoria. O arianismo afirmava que há apenas um Deus e que este não seria Jesus. Jesus é filho de Deus e não o próprio Deus para os adeptos do arianismo. Seria um superior ao homem, mas não Deus.

Santo Atanásio de Alexandria, Doutor da Igreja, foi o principal e mais corajoso combatente desta heresia cristã. Sua defesa da divindade de Jesus se resume na seguinte frase:

“Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim, o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho.”

Através do Concílio de Nicéia, este pensamento foi rebatido e depois de, aproximadamente, um século de discussões, o Arianismo foi declarado pela Igreja como heresia e seus pensamentos, dissidentes da doutrina cristã.

As heresias sempre foram presentes desde o início da Igreja até os tempos atuais. Pela vontade e graça de Deus, temos a promessa de Jesus de que essas heresias jamais irão se avantajar contra a Igreja: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18), pois a Igreja é verdadeiramente “coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15).

Padre Mauro Vilela e Padre Queimado refletem sobre as heresias



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