História da Igreja

O que realmente aconteceu na batalha das termópilas?

Conflito antigo mostra o contexto da disputa de uma das regiões mais conturbadas do globo terrestre.

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

16 NOV 2024 - 11H06 (Atualizada em 16 NOV 2024 - 11H18)

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A contexto da histórica Batalha das Termópilas, popularizada pelo filme 300, é um dos eventos mais icônicos da história antiga. No entanto, o filme de 2007, que teve a co-produção e direção de Zack Snyder omitiu e alterou muitos detalhes. O filme foi baseado na história em quadrinhos publicada em 1998.

O filme 300 que usou mal uma nova técnica de filmagem de chroma key que faz uma superposição, para ajudar a replicar as imagens da história em quadrinhos original, narra a lendária luta do rei Leônidas e dos seus 300 guerreiros de esparta contra o poderoso rei Xerxes com um exército de 30 mil homens do Império Persa, localizado no atual Irã.

Para compreender verdadeiramente o que aconteceu, é preciso mergulhar na batalha das forças gregas contra o Império Persa.

O contexto histórico das guerras greco-persas

A Grécia antiga não era uma nação propriamente dita e nem era unificada, sendo composta por diversas cidades-estado independentes. Entre elas se destacava as cidades de Atenas e Esparta que, embora compartilhassem uma cultura comum, frequentemente entravam em conflito entre si. Essas cidades eventualmente se uniam para enfrentar um inimigo externo comum como o Império Persa, uma das maiores potências da antiguidade.

Os gregos eram originários dos jônios, um dos povos que imigraram e formaram a sua civilização a partir do século XI a.C. Além deles, os aqueus, os eólios e os dórios tiveram um papel preponderante na ocupação da Península Grega e na construção dessa civilização da antiguidade.

Os conflitos entre gregos e persas começaram quando um governante da cidade de Mileto, uma das mais antigas da região, de nome Aristágoras, provocou uma revolta das cidades-estado contra o domínio persa. Embora a princípio Esparta tenha recusado ajuda, Atenas e outras enviaram apoio, o que levou o imperador persa Dario a buscar vingança contra as cidades-estado gregas.

Isso culminou na famosa Batalha de Maratona em 490 a.C., que hoje dá nome à mais famosa corrida das olimpíadas, onde os gregos conseguiram uma significativa vitória, mas provocaram ainda mais a ira do Império Persa, que lançou uma campanha massiva para conquistar a Grécia de uma vez por todas. Foi nesse contexto que ocorreu a Batalha das Termópilas.

A Batalha das Termópilas e suas consequências

A Batalha foi travada no contexto da Segunda Guerra Médica (que tem esse nome devido aos persas serem originários dos medos, povo que habitava a região do atual Irã) que jogou uma aliança de cidades (polis na língua grega), contra os persas.

Então, diferentemente do que o filme 300 retrata, a Batalha ocorrida no desfiladeiro que tem esse nome, não foi uma luta solitária de Esparta contra o até então invencível exército persa. Embora o número de espartanos liderados pelo rei Leônidas realmente tivesse um número próximo de 300, eles não estavam sozinhos. Outros 7 mil soldados gregos de outras cidades-estado vieram em seu socorro participando da defesa das Termópilas, um estreito desfiladeiro localizado entre as montanhas e o mar, estrategicamente escolhido para dificultar o avanço persa.

A sociedade espartana era construída sobre a categoria dos escravos conhecidos como hilotas, que também participaram da batalha, assim como moradores livres da região da Lacônia. O exército persa, liderado por Xerxes, sucessor de Dario, era estimado em 30 mil homens, muito superior ao contingente grego. As narrativas históricas e lendárias chegam a falar de 200 mil homens no exército persa, mas isso é um grande exagero que serve para reforçar o heroísmo dos gregos.

A batalha durou três dias. No primeiro, os persas tentaram avançar, mas foram repelidos pelos gregos, que usaram a geografia a seu favor. No segundo, os persas descobriram um caminho secreto nas montanhas, devido a traição de um grego chamado Efialtes. Percebendo que a derrota era iminente, Leônidas dispensou a maioria das tropas gregas, ficando apenas com seus 300 espartanos e cerca de mil soldados de outras cidades. No terceiro dia, esses guerreiros lutaram até o fim, mas foram massacrados. Um único soldado sobreviveu e ele é o narrador da história retratada no filme.

A Batalha das Termópilas foi uma derrota militar para os gregos, mas uma vitória moral. O sacrifício dos 300 espartanos e seus aliados inspirou as cidades-estado gregas a se unirem ainda mais contra os persas. Pouco tempo depois, os gregos conseguiram vitórias decisivas nas batalhas de Salamina e Plateias, que marcaram o fim da invasão persa.

Desde a antiguidade as potências se sucediam no domínio da região, sobretudo, por causa do controle do Mar Egeu que faz a ligação da Europa com a Ásia Menor e Oriente, rota de um movimentado comércio. Ou seja, quem controlasse a região, controlaria todo o seu comercio.

Escritores antigos e estrategistas militares usam o exemplo da Batalha das Termópilas para mostrar o poder de um exército patriótico defendendo seu próprio solo com um grupo menor, porém, bem treinado de combatentes. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Vietnã e no Afeganistão, em que exércitos bem menores derrotaram potências militares como Estados Unidos e União Soviética. O comportamento dos defensores na batalha também é usado como um exemplo da vantagem do treinamento, do equipamento e do bom uso da geografia como multiplicadores de força de um exército, tornando-se um símbolo de coragem contra as adversidades.

Escrito por:
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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Por Redação A12, em História da Igreja

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