História da Igreja

O que uma corrida das Olimpíadas tem a ver com uma batalha

Maratona marca o encerramento das disputas olímpicas em Paris

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

13 AGO 2024 - 11H01 (Atualizada em 13 AGO 2024 - 12H17)

ChrisVanLennepPhoto / Shutterstock

A Grécia constituiu uma das maiores civilizações da antiguidade. Sua área de influência ia muito além de seu minúsculo território, mas no seu processo de consolidação, buscando formar um grande império, precisou enfrentar inimigos poderosos como a Pérsia, civilização existente onde está o atual Irã.

A história grega sempre teve uma conotação militar, com o registro de grandes batalhas e campanhas, que fizeram com que a região se tornasse o centro do mundo antigo. A partir das conquistas militares, cresceu muito o prestígio político, cultural e militar das cidades-estados como Atenas, Esparta, Tebas.

Resultado disso é que a Grécia se tornou objeto de cobiça e de desejo de outros impérios em expansão. Durante os conflitos contra os persas no que ficou conhecido como Primeira Guerra Médica, a batalha de Maratona marcaria a história dos dois povos, passando para a posteridade.

Origem do conflito

Diversos conflitos entre os gregos e o Império Persa, que disputavam o controle da região, marcaram o século V a.C. A Grécia era uma região estratégica, porque controlava todas as navegações e o comércio marítimo. O confronto entre os dois povos ganhou proporção ainda maior e a tensão aumentou quando as colônias gregas tentaram se livrar do domínio persa que havia sido imposto na região.

Antes que os persas chegassem devastando a região de Atenas, um general de nome Milcíades, elaborou uma estratégia defensiva visando ganhar tempo, resistindo até que alguém fosse enviado à cidade de Esparta, solicitando ajuda contra o inimigo comum, pois os exércitos persas eram mais bem armados e contavam com um número bem maior de soldados.

Um informante de nome Fidípides foi enviado de Atenas a Esparta. Como o seu tempo era extremamente curto, deveria atravessar um território de mais de 100 km para solicitar ajuda no menor tempo possível.

Como consta nos relatos dos historiadores antigos, como Heródoto, Fidípides não somente conseguiu atravessar são e salvo a região, como o fez em pouco mais de um dia. A ajuda foi aceita pelos espartanos, mas só poderiam enviar tropas para a decisiva batalha no prazo de 6 dias. Nesse tempo, os atenienses precisariam resistir como pudessem.

A batalha contra o poderoso exército persa na planície de Maratona começou sem os espartanos, com uma gritante desproporção entre os dois exércitos. Do lado grego eram aproximadamente 10 mil soldados lutando contra 50 mil persas. 

A batalha foi extremamente violenta, com os atenienses evitando a luta corpo a corpo, neutralizando a maioria inimiga com o uso de longas lanças elaboradas para este tipo de conflito. De início, os persas avançaram e levavam vantagem pelo contingente de homens, porém as estratégias traçadas pelos gregos deram resultado e eles reverteram a desvantagem inicial.

A Batalha na planície de Maratona foi vencida pelos atenienses e o fracasso obrigou os persas a retornarem para a Ásia, encerrando no mesmo ano a Primeira Guerra Médica, que naquele momento colocaria fim temporário às suas pretensões, mas não encerrariam em definitivo ao conflito entre as duas potências.

A vitória grega em Maratona foi verdadeiramente heroica, por acontecer em circunstâncias muito desfavoráveis. Naquele momento, boa parte das cidades litorâneas e das ilhas gregas já havia sido conquistada pelos persas, comandados pelo rei Dario I (521–486 a.C.). Algumas cidades gregas que permaneciam livres ainda vacilavam, temerosas de enfrentar uma forte potência que já dominava inclusive o Egito.

Da batalha para a famosa corrida

O nome Maratona que designava uma planície e uma cidade com o mesmo nome a cerca de 35 km de Atenas, passou a fazer parte da cultura popular por conta da ordem dada ao mensageiro de fazer o percurso entre as cidades de Atenas e Esparta no menor tempo possível, correndo num único dia para pedir ajuda.

Posteriormente, o mesmo mensageiro correu outros 42 km da região de Maratona até Atenas para dar a notícia da vitória. De acordo com o historiador Heródoto, após concluir heroicamente sua função, o mensageiro Fidípides caiu morto pelo cansaço.

A palavra Maratona passou a designar as corridas de longo alcance feitas em todo o mundo. A primeira foi realizada na cidade de Boston, nos Estados Unidos, em 1897. Depois disso, várias cidades aderiram gradualmente à prática em todo o mundo.

Com esse nome, passaram também a ser disputadas, a partir das primeiras Olimpíadas Modernas, realizadas em Atenas, em 1896, uma corrida que cobria a distância que separa a capital da Grécia da cidade de Maratona, que não chega a 40 km.

Com a completa retomada das Olimpíadas, depois de 15 séculos, a tradição se manteve e a prova mais famosa encerra os Jogos Olímpicos, mantendo mais ou menos o percurso de 42 km. O seu vencedor, como era costume nos tempos antigos, recebe a tradicional coroa feita com folhas de louro, uma planta associada à imortalidade e à glória desde a Antiguidade clássica.

Escrito por:
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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Por Redação A12, em História da Igreja

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