PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
HISTÓRIA ANTIGA 18
A Igreja Católica foi proposta por Cristo para ser um sinal vivo e transparente de seu Reino que já está em construção neste mundo, mas que se completará em definitivo na eternidade.
Leia MaisVocê sabia que existem Igrejas Católicas Orientais?
No início, a Igreja esteve bastante dependente e ligada ao mundo dos judeus, com suas cores e traços culturais e religiosos. Mas pouco a pouco, a Igreja foi se desprendendo do judaísmo e, ao entrar no mundo greco-helenístico foi adquirindo novas características e nova realidade. Esta mutação se acelerou, sobretudo, ao entrar no Império Romano, a partir do final do primeiro século da Era Cristã.
Também no Império Romano, a Igreja de Cristo continuou sentindo as vicissitudes de sua realidade humana e divina e vários fatores acabaram provocando a sua divisão, sendo que hoje esta divisão continua acontecendo, tendo a Igreja dois grandes ramos ou dois grandes ritos, os católicos romanos e os ortodoxos.
Estes, por sua vez, se subdividem em outras igrejas autônomas, também chamadas de autocéfalas. Mas também a Igreja Católica Romana tem em seu interior as igrejas autocéfalas, em número de aproximadamente 24.
Os cristãos ortodoxos são os seguidores da Igreja Ortodoxa, uma Igreja cristã que também tem aproximadamente dois mil anos. Também conhecida como Igreja Católica Apostólica Ortodoxa ou Igreja Cristã Ortodoxa, este grupo enxerga-se como a verdadeira Igreja instituída por Jesus Cristo.
Apesar disso, sua doutrina é semelhante a da Igreja Católica Romana, valorizando costumes como o uso de vestes litúrgicas nos seus cultos, o respeito aos ícones e a preservação dos sete sacramentos, ao redor dos quais se desenvolve a vida litúrgico-sacramental.
Desde o século V já haviam acontecido alguns princípios de separação, mas foi durante o século XI que ocorreu a separação final entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa. Esta separação se deve a uma somatória de fatores, que vão dos motivos religiosos ou teológicos, passando por uma motivação doutrinal, litúrgica e até mesmo política, porque muito mais que no ocidente, no oriente havia uma estreita ligação entre a autoridade e poder do patriarca com o poder temporal, representado na figura do imperador, que vivia na Nova Roma ou Constantinopla. Os historiadores latinos denominam essa divisão como Cisma do Oriente; já os orientais e anglo-saxões chamam-na de Grande Cisma.
Devido a isto, os cristãos ortodoxos não reconhecem o Papa como autoridade e renegam alguns dogmas mais atuais, como o da infalibilidade do Papa. Algumas igrejas chegam a negar o dogma da Imaculada Conceição, além de não considerarem a validade dos sacramentos administrados por pessoas das confissões cristãs que não sejam ortodoxas.
A divisão e o conflito de interesses entre as duas Igrejas tem um longo histórico. Sua história foi comum apenas até a chegada do século XI.
O Primeiro Concílio de Niceia, celebrado em 325, estabeleceu uma Pentarquia, ou seja, a Igreja teria sua organização baseada em cinco patriarcados: Constantinopla, Jerusalém, Alexandria, Antioquia e Roma.
Na concepção da época, o bispo romano seria o primeiro entres os patriarcas, no latim “Primus inter pares”, quer dizer, a autoridade do bispo de Roma estaria no mesmo nível dos demais patriarcados e sua autoridade seria, por assim dizer, mais simbólica que real, baseando-se no fato do apóstolo Pedro ter morrido em Roma, sede do pontificado.
Na prática, esta organização não funcionou e, ao longo da história, foram acontecendo vários episódios de estranhamento e de divisão.
Esta divisão entre grupos que divergiam ocorreu devido à somatória de diversos acontecimentos históricos. Entres estes fatores, pode ser citado a transferência da residência do imperador, que saiu de Roma indo para Constantinopla, no ano de 330 d.C. Assim, o bispo romano acabou perdendo influência para o bispo de Constantinopla nas igrejas do oriente.
A divisão foi agravada com o distanciamento entre Roma em relação aos outros patriarcados, com a separação do Império Romano entre Ocidente e Oriente no ano de 395 e o fracasso de Justiniano na reunificação. A partir daí, Ocidente e Oriente tornaram-se dois impérios diferentes, cada um com a sua Igreja, que possuía elementos teológicos, litúrgicos, doutrinais e organizacionais diferentes.
A grande divisão se deu em 1054, com o Grande Cisma entre as Igrejas Cristãs, que separou de vez a Igreja Católica no Ocidente e a Igreja Ortodoxa no Leste (Grécia, Rússia e terras eslavas, Anatólia, Síria, Egito, entre outros).
Na ocasião, o Papa e o patriarca impuseram um sobre o outro a excomunhão, que somente foi retirada simbolicamente em 1967, quando o Papa Paulo VI encontrou-se com o patriarca Atenágoras durante sua visita à Turquia.
Ao contrário da Igreja Católica Apostólica Romana, que tem o papa como patriarca, o chefe espiritual das Igrejas Ortodoxas é o Patriarca de Constantinopla. A maioria das Igrejas ortodoxas usa o Rito Bizantino, que possui aproximadamente 1600 anos.
Outra diferença é que, para os ortodoxos, há um único chefe da Igreja, sem representantes, que é Jesus Cristo. O Santo Sínodo Ecumênico é a autoridade suprema da Igreja Ortodoxa. Ele é formado pelos arcebispos-primazes das igrejas autônomas e pelos patriarcas chefes das igrejas autocéfalas, que são reunidos pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla.
Na verdade, percebe-se que as diferenças se baseiam em elementos que não são essenciais, e sim mais organizacionais de ambas as igrejas.
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