A partir do século VIII, portanto, já no Período Medieval, entrou o costume dos papas usarem a chamada tiara pontifícia, que é uma mitra composta por tríplice coroa, incrustada com joias e pedrarias. Essa coroa passou a ser um sinal da autoridade do Papa, sendo usada na coroação de um novo Papa, cerimônia que também foi abolida e em outras ocasiões solenes. Ela também representava a autoridade do Bispo de Roma em relação aos reis e rainhas terrenos e em relação aos demais patriarcados. Por isso, cada Papa tinha a sua tiara, que poderia ser mais ou menos esplendorosa, de acordo com a situação de cada época.
Leia MaisPapa Francisco diz que bispo não pode ser um "príncipe"Os registros das primeiras coroações papais remontam ao século XII, mas o último Papa a ser coroado foi Paulo VI, em 1963. Desde então, os Papas que lhe sucederam substituíram a cerimônia por uma inauguração do pontificado, em geral feita numa celebração eucarística. Na verdade, a cerimônia não foi abolida, mas entrou em desuso.
O costume de se usar a tiara se manteve até que, no dia 13 de novembro de 1964, o santo Papa Paulo VI quebrou a tradição, doando a tiara de três coroas, elaborada em material precioso como ouro e prata, aos pobres, em uma cerimônia realizada na Basílica de São Pedro durante o Concílio Vaticano II.
Numa das celebrações acontecidas durante o Concilio Vaticano II, diante de cerca de 2 mil bispos, o Papa levantou-se da cadeira e, solenemente, colocou a tiara sobre o altar. De acordo com notícias na época, o Papa Paulo VI se motivou a fazer o gesto de doação depois das discussões sobre a pobreza no mundo.
Após o anúncio de que a tiara pontifícia seria vendida em um leilão, o cardeal Francis Spellman, da cidade de Nova York, providenciou a transferência do acessório para os Estados Unidos, como um reconhecimento das contribuições dos católicos norte-americanos aos pobres do mundo.
A coroa foi exibida em várias partes do país, ficando permanentemente exposta na Basílica/Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington DC. Algumas vezes, a tiara é colocada sobre a cabeça da imagem de São Pedro que está na Basílica de São Pedro, em Roma.
Depois que Paulo VI se desfez da tiara, nenhum de seus sucessores voltou a usá-la novamente. Seus sucessores, aos poucos, foram assumindo normas e regras de simplicidade e despojamento.
Em 1978, o Papa João Paulo I deu um passo à frente e, para inaugurar seu pontificado, substituiu a cerimônia de coroação por uma Missa, tradição que João Paulo II, Bento XVI e Francisco mantiveram.
Em sua primeira homilia como Papa, João Paulo II lembrou o abandono da tiara por seu predecessor e o seu desejo de seguir o exemplo: “O Papa João Paulo I, cuja memória é tão viva em nossos corações, não desejava ter a tiara; nem seu sucessor deseja hoje. Este não é o momento de retornar a uma cerimônia e a um objeto considerado, erroneamente, um símbolo do poder temporal dos Papas”, disse ele.
O Papa Bento XVI, por exemplo, removeu a imagem da tiara do brasão papal, substituindo-a pela mitra de um bispo ordinário.
E o Papa Francisco foi mais longe ainda e, com sua vida e com sua ação, mostra ainda mais o Papa ao lado dos pobres do mundo. E essa regra de simplicidade e despojamento precisa e deve ser continuada na Igreja.
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