PÁGINAS DE HISTÓRIA DA IGREJA
HISTÓRIA ANTIGA 21
O movimento monástico cristão da antiguidade teve enorme difusão no mundo oriental. Iniciado no Egito, por Santo Antônio, Abade, recebeu com São Basílio (+379) a Regra de ouro para a vida cenobítica, isto é, para a comunidade reunida num mosteiro.
Com Cassiano (+435), que por muitos anos viveu junto aos monges egípcios, o monaquismo oriental passou definitivamente para o Ocidente. Finalmente, com Santo Agostinho, a vida monástica penetrou nas sedes episcopais. É dele a Regra que ainda hoje orienta diversas congregações religiosas.
Mas, o gênio romano encontrou sua plena e definitiva forma com São Bento de Núrcia. A partir do século VIII, todo o mundo ocidental tornou-se beneditino graças à ação religiosa, cultural e civilizatória dos mosteiros beneditinos.
São Bento e a Regra Beneditina
Leia MaisSão Bento e a história do salvamento de São Plácido Depois de passar por alguns formatos originais, e tendo chegado ao mundo ocidental, saindo dos desertos do Oriente Médio, a vida monástica começou a se desenvolver e a ganhar força, mas privados de uma regra definida, muitos monges ocidentais viviam sem uma espiritualidade consistente e, o que era mais grave, perambulavam de mosteiro em mosteiro. Isso permitia fazer da vida monástica um modo não condizente de existência, causando incômodos à própria vida social e religiosa.
A Regra beneditina teria então como centro a estabilidade local. O monge deve permanecer por toda a vida num só mosteiro. São Bento, convidado por alguns monges para orientá-los, firmou esse princípio.
São Bento nasceu em Núrcia, em torno do ano 480, provindo de uma família da nobreza provincial. Por diversos anos, viveu junto a Subiaco, primeiro como eremita, depois como superior de 12 pequenos mosteiros. Por volta do ano de 529, dirigiu-se a Montecassino, onde estabeleceu o mosteiro típico do Ocidente, ali morrendo em 547. Montecassino é tida como a casa-mãe da ordem beneditina.
A Europa tornou-se então um canteiro de mosteiros beneditinos. Plantados no meio de florestas, logo eram procurados pelo povo, que ao seu redor fundava aldeias e vilas. Precisando viver de seu trabalho, os monges especializaram-se na agricultura, no fabrico de bebidas, alimentos e remédios.
No campo cultural criavam escolas monásticas, difundindo cultura e civilização. Para terem livros, cada mosteiro possuía sua seção de monges cujo ofício era copiar antigos manuscritos. Foi assim que as bibliotecas dos mosteiros preservaram o patrimônio cultural da Antiguidade.
A maior contribuição dos monges, porém, situa-se em outro campo: o religioso. Foram eles a grande força reformadora da vida interna da Igreja em seus momentos de crise, sendo, além disso, os grandes evangelizadores da Idade Média, no período em que o Império Romano entrou em decadência, sendo retalhado em muitos reinos, formados a partir da invasão dos Povos Germânicos.
A Organização de um Mosteiro
São Bento, com sua Regra, expôs o gênio romano da organização, marcado pelo discernimento e pelo equilíbrio. Nenhum exagero, nem de descanso, nem de oração, nem de penitência era permitido.
O grande lema da vida beneditina é “Ora et labora”, que significa "reza e trabalha". Mas, podemos acrescentar: reza, trabalha e descansa. Veja-se o horário básico de um mosteiro: a comunidade se levanta de madrugada, por volta das 2h30. O dia começa com a recitação do Ofício Divino, ao qual dedicam-se quatro horas no inverno e três horas e meia no verão; para o trabalho manual, são cinco horas no inverno e nove horas no verão; para o trabalho intelectual, cinco horas no inverno e três horas e meia no verão; para o descanso, nove horas contínuas no inverno e sete horas e mais a sesta, no verão.
São Bento, além disso, estabeleceu que nenhuma ocupação, tanto de trabalho como de oração, podia ser prolongada além de três horas continuadas, para que o monge não fosse vítima do cansaço físico ou da aridez espiritual.
O monge fazia voto de estabilidade na congregação, não podendo transferir-se e sendo recomendado a sair poucas vezes para outras funções. Retornando de uma viagem necessária, não devia contar nada do que viu ou ouviu. O silêncio era prescrito, mas havendo necessidade, podia ser rompido.
Cada mosteiro devia ser construído de modo que tivesse todo o necessário: água, moinho, quintal e oficinas. O trabalho era imposto como exigência da pobreza e, em geral, cada mosteiro funcionava como uma mini-cidade sendo autossuficiente, abrigando a população local em tempos de invasão ou calamidade natural.
A figura central do mosteiro era o Abade (Pai): no mosteiro, ele ocupa o lugar de Cristo. Deve ser bom e santo, governando mais com o exemplo do que com palavras. É o Pai espiritual, bondoso, sendo mais misericordioso do que justo. Eleito pela comunidade dos monges, tem cargo vitalício de pleno poder, nada podendo ser feito sem ele. Mas, ele deve cercar-se de conselheiros administrativos e espirituais, co-dividindo com eles o cargo, detendo a palavra final.
O Mosteiro, escola de serviço divino
Quem ingressava em um mosteiro deveria estar decidido a voltar-se totalmente para Deus através de uma vida de obediência. Deus era o fim da vida monástica. Estava presente em toda parte com sua intensidade, provocando na alma a confiança e coragem confidente, ação de graças e, sobretudo, amor, que é o primeiro instrumento das boas obras.
Pela obediência, o monge retornava para Deus: obediência a Deus, ao abade e aos irmãos. Tudo levava à humildade que, com a obediência, tornava a alma santa e disposta em relação a Deus. Jesus Cristo é o companheiro do retorno ao Pai.
A oração ordenava a vida do monge, sendo a principal Obra de Deus, centrada principalmente no Ofício litúrgico comunitário. O dia e as atividades do monge estavam organizados e regulados pelas Horas do Ofício, cujo conteúdo são os Salmos, os Hinos, as leituras da Sagrada Escritura e comentários dos Santos Padres.
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