História da Igreja

Transfiguração do Senhor

Jesus se transfigura para fortalecer a fé dos discípulos, que liderarão a Igreja após sua morte.

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

02 AGO 2024 - 15H17 (Atualizada em 02 AGO 2024 - 16H08)

Shutterstock/Renata Sedmakova

No dia 6 de agosto, a Igreja celebra a festa litúrgica da Transfiguração do Senhor no alto do Monte Tabor, na presença dos apóstolos Pedro, Tiago e João. Neste episódio Jesus também apareceu ao lado de Moisés e do profeta Elias, escutando-se de uma nuvem a voz de Deus Pai que dizia “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” (Lc 9, Mc 6, Mt 10).

A celebração da festa da "Transfiguração do Senhor" já acontece no mundo cristão desde o século V. Ela nos convida a dirigir nosso olhar para o rosto do Filho de Deus, como o fizeram os apóstolos que com ele estavam e viram a sua transfiguração no alto do monte Tabor, localizado no coração da Galiléia.

Referindo-se ao episódio da Transfiguração o grande Santo Tomás de Aquino, afirmou que neste acontecimento “apareceu toda a Trindade: o Pai na voz; o Filho na humanidade; o Espírito Santo na nuvem luminosa”.

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A Transfiguração é considerada um dos cinco marcos da vida de Jesus, de acordo com os Evangelhos, ao lado de seu Batismo, Crucificação, Ressurreição e Ascensão.

Sendo o momento em que a natureza divina de Jesus se manifesta em sua natureza humana, numa prefiguração de sua Ressurreição, uma prévia de seu corpo glorificado, essa passagem não pode ser totalmente entendida a menos que seja considerada no contexto da morte de Jesus no alto da cruz, também no cimo do monte Calvário.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, em seu número 568 “a Transfiguração de Cristo tem por finalidade fortificar a fé dos apóstolos em vista de sua Paixão. A subida à elevada montanha prepara a subida ao Monte Calvário. Cristo, cabeça da Igreja, manifesta o que seu Corpo contém e irradia nos sacramentos a esperança da Glória”.

Manifestação de Deus

Além de ter sido uma manifestação divina visível, a Transfiguração do Senhor foi também um fenômeno místico audível chamado de acufania.

O termo acufania vem dos verbos gregos akùein (“ouvir”) e phainein (“manifestar-se”), indicando uma manifestação sobrenatural, percebida como experiência sensorial sonora. A acufania do Monte Tabor abrange, portanto, fatos inexplicáveis captados pelos ouvidos dos apóstolos que estavam com Jesus, assim como em outras manifestações sobrenaturais se pode ouvir o som de sinos invisíveis, de músicas celestiais, locuções espirituais e teofanias.

A teologia da Igreja considera, desta forma, a Transfiguração como uma teofania, ou seja, uma manifestação tanto da vida divina de Cristo como da Santíssima Trindade.

Para que o mundo se transfigure

A passagem da transfiguração também pode ser lida e interpretada de forma alegórica, enfatizando a necessidade da transfiguração dos fiéis através da ação do Espírito Santo.

Ela é um suporte para a fé dos seres humanos, a fim de sustentar a sua fraqueza; uma ajuda gradual diante do mistério de Cristo até a Páscoa. A transfiguração é como que um raio da luz do Reino de Deus que é o próprio Cristo, a luz da Páscoa e de Pentecostes, considerado como o tempo da Transfiguração do mundo.

Em nossa jornada de cada dia vamos sendo gradualmente transformados pela ação do Espírito de Cristo através dos sacramentos, especialmente da Eucaristia. A presença perfeita de Jesus Cristo se dá pela transubstanciação e por ela o pão e o vinho se tornam o seu Corpo e do seu Sangue doados para a remissão dos pecados e para a nossa salvação.

Jesus transfigurado já é a expressão concreta daquilo que o cristão é chamado a se tornar através da vivência de seu batismo e, por consequência sua vocação e missão no mundo.

Assim, a transfiguração é uma lição de fé para nós, sendo também uma lição de esperança, quando a proclamação da paixão e da morte se aproxima quando a tristeza e o sofrimento entram em nossa existência e nos tornamos capazes de nos transfigurar com Jesus Cristo para ressurgir transformados e iluminados.

Esta festa nos convida a nos deixar envolver pelo mistério do Filho no qual o Pai coloca todo seu beneplácito e ao qual devemos nos unir em obediência para com ele realizar o plano que o Pai lhe confiou com os plenos poderes do Filho do homem.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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Por Redação A12, em História da Igreja

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