Igreja

A importância da educação religiosa na formação das crianças e adolescentes

Reflexões importantes sobre a relação das crianças com a religião para este Dia da Infância

Escrito por Marília Ribeiro

27 DEZ 2015 - 09H13 (Atualizada em 24 AGO 2022 - 08H36)

Herlanzer/ Shutterstock

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A educação dos filhos é uma preocupação constante dos pais e essa preocupação também deve se dar quanto à formação religiosa das crianças e adolescentes.

Algumas escolas contribuem nesse aprendizado, oferecendo em sua grade curricular a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

Para o padre Roger Matheus dos Santos, ex-vice-presidente de uma escola religiosa de Taubaté (SP), “as boas escolas devem estimular todas as possíveis dimensões de seus alunos, e o aspecto religioso é fundamental para a constituição de bons e comprometidos cidadãos.”

A Educação religiosa também pode ser vivenciada na catequese, nos encontros que acontecem uma vez por semana nas Igrejas e tem o objetivo de “conduzir o catequizando a experimentar o mistério de Deus em nossa vida, e não apenas dizer que Ele existe” explica padre Matheus.

Lucas de Bem/ A12
Lucas de Bem/ A12


Confira a entrevista completa com Padre Roger Matheus dos Santos para o portal A12

A12 - Como a educação religiosa nas escolas pode contribuir para a formação das crianças e adolescentes?

Pe. Matheus - Por muito tempo “mediu-se a inteligência” das pessoas pelo famoso teste de “QI”. Dois aspectos nos chamam a atenção: primeiro, é quase impossível mensurar algo marcado por tantas influências como é o caso da inteligência; segundo, hoje já não se fala unicamente em uma inteligência teórica, pois tornou-se perceptível que o ser humano é composto de várias outras dimensões que não apenas a intelectual. De modo que as boas escolas devem estimular todas as possíveis dimensões de seus alunos, e o aspecto religioso é fundamental para a constituição de bons e comprometidos cidadãos. Um colégio que não leve em consideração a realidade da fé em Deus – e preferencialmente a confissão desta fé em uma Igreja, em nosso caso, a Igreja Católica – dificilmente conseguirá atingir em seus alunos as bases de sua estrutura humana de forma abrangente, e a boa formação não pode ser restringir à superfície. Quando mais ela se aprofundar nas mais significativas convicções que movimenta o ser humano, tanto maior será o seu alcance para além do próprio homem que foi formado. (...)o que se espera dos pais na educação de seus filhos no caminho da Evangelização é que primeiramente os pais sejam evangelizados.

A12 - Qual é o papel dos pais na orientação dos seus filhos no caminho da evangelização?

Pe. Matheus - Dar testemunho. O Papa Paulo VI afirmou em um de seus escritos que o homem moderno tem mais facilidade para seguir as testemunhas do que os mestres, e se seguem os mestres o fazem porque estes são testemunhas. Será muito difícil para um jovem viver o adágio popular: “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. Portanto, o que se espera dos pais na educação de seus filhos no caminho da Evangelização é que primeiramente os pais sejam evangelizados. E este princípio é válido também para os professores em relação aos seus alunos.

A12 - O que fazer para que a família seja, de fato, o lugar para o despertar da fé?

Pe. Matheus - Estou convencido que a família – a começar dos pais e avós – devem ser pessoas encantadas por Jesus Cristo e não saibam mais viver sem Ele, tudo fazendo, inclusive formando seus filhos, por Cristo, com Cristo e em Cristo. Quando os pais trilham uma escalada, fica mais fácil para os filhos seguirem suas pegadas; se os pais mandam seus filhos abrirem sozinhos uma trilha na mata fechada da vida, eles correm o risco de logo se cansarem e desistirem deste grande ideal. educação e religiãoCreio que o despertar da fé passará por este encantamento por Jesus. Um encantamento que vai modelando toda a vida da família: percebem que já não é possível sair para passear no fim de semana sem antes dedicar ao Senhor algumas poucas horas pela participação da missa na comunidade; que em família se faz necessário rezar todos os dias; que se houver a meditação da Palavra de Deus em família, quem sabe diária ou, ao menos, semanalmente, tornar-se-á mais fácil “aprender a viver” segundo a vontade do Autor da Vida, entre tantos outros exemplos de como a família pode e deve colocar Deus no seu centro sem tornar-se “carola”.

A12 - Além da possibilidade do ensino religioso nas escolas existe a Catequese. Por que é importante inserir as crianças e adolescentes nesse estudo?

Pe. Matheus - Porque, na verdade, a catequese não pode ser apenas um estudo da fé, e sim uma experiência da fé. Diferente do ensino religioso, a catequese não apresenta para o adolescente, para o jovem e para a criança uma proposta. A catequese vai além: ela deve conduzir o catequizando a experimentar o mistério de Deus em nossa vida, e não apenas dizer que Ele existe.

A12 - O que a catequese pode acrescentar na educação?

Pe. Matheus - Quem experimenta o mistério de Deus em sua vida não permanece o mesmo. Ela percebe que continuamente pode e deve progredir nesta experiência e nas suas consequências, que são uma vida de virtudes. A catequese terá, portanto, esta missão: deixar o catequizando “incomodado” com aquilo que ele é hoje, sempre disposto a crescer mais não só em sua fé, mas também em suas virtudes. Quem experimenta Deus experimenta o mistério Daquele que não se limita, porque é infinito. Se eu sou filho Dele, posso e devo expandir todas as minhas melhores características humanas e trabalhar aquelas que não são “das melhores” para poder crescer.

A12 - Qual é a melhor idade para inserir esse aprendizado na vida das crianças?

Pe. Matheus - O ventre materno. Pais que rezam por seus filhos e com seus filhos desde o momento da concepção já trilham 1/3 do caminho; em segundo lugar, pais que rezam por si mesmos e procuram ferramentas para “aprenderem a ser bons pais” na arte da educação de seus filhos desde o nascimento alcançarão 2/3; por fim, para completar este itinerário, tem-se que contar com a abertura dos próprios filhos à ação do Espírito Santo de Deus que respeita sempre nossa liberdade. Todavia, se os pais derem tudo de si para conduzirem seus filhos pelos bons caminhos da fé e das virtudes, mas, infelizmente os mesmos escolherem outros caminhos para trilhar, a missão dos pais na oração e na orientação continuará até o túmulo, mas, ao menos, poderão ter a consciência tranquila de que o que esteve ao seu alcance eles fizeram. (...)se nossos catequistas não trouxerem a tecnologia para dentro de nossos encontros catequéticos, em pouco tempo nossos adolescentes e jovens terão ainda mais dificuldade em ouvir a “Boa Notícia” do Evangelho.

A12 - Diante de tantas distrações no mundo, como atrair e mostrar que é importante participar da catequese?

Pe. Matheus - Penso que este é um desafio para nossa catequese: torná-la mais atraente e dinâmica. Na verdade, este desafio existe desde sempre. Tanto é que Jesus evangelizava usando parábolas para tornar a sua “catequese” mais dinâmica e atraente. Contudo, se nossos catequistas não trouxerem a tecnologia para dentro de nossos encontros catequéticos, em pouco tempo nossos adolescentes e jovens terão ainda mais dificuldade em ouvir a “Boa Notícia” do Evangelho. Nossa atual geração já nasce e mal abre os olhos já está com seus dedinhos virando as telas de nossos tablets e smartphones. Jesus nos disse que nós não podemos ser do mundo, mas nós estamos no mundo. Se estamos no mundo, precisamos aprender a lidar com ele, e a catequese passa atualmente por este desafio.

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