Nos séculos XV e XVI, Espanha e Portugal, duas das mais importantes potências do início da Idade Moderna, saíram à conquista do mundo. Graças ao Tratado de Tordesilhas, de junho de 1494, assinado pela mediação do Papa Alexandre VI, as duas nações dividiriam as terras conquistadas ou por conquistar.
Desta forma, a área do que hoje compreende a América Latina e parte da América do Norte foram divididas par a par; o que hoje compreende o Brasil ficou para Portugal e o restante para a Espanha.
As terras pertencentes à Espanha iam da atual Patagônia, na Argentina até o México, penetrando também na Florida e no sudoeste dos EUA onde existe hoje a Califórnia, Arizona e Novo México. Os principais portos de entrada dos colonizadores eram o de Vera Cruz, no México; Porto Belo, no Panamá e Cartagena, na atual Colômbia. Por estes portos saiam também as riquezas que eram exportadas para a metrópole.
Em termos de evangelização, os membros da Igreja vindos da Espanha assumiram os novos territórios como campo de missão. O Papa Alexandre VI, na Bula Inter Coetera, de 4 de maio de 1493, ao conceder aos reis espanhóis todas as terras descobertas e ainda por descobrir, impôs-lhes, “em virtude da santa obediência, que enviassem homens bons e devotos a Deus aos referidos indígenas, para instruí-los na santa fé católica”.
Aqui chegando, os espanhóis utilizaram algumas estratégias de colonização, começando pela fundação de cidades, das quais as mais antigas e importantes são a cidade do México, Lima (1535) e Quito (1533).
Ao mesmo tempo, subjugando a população nativa e submetendo-a a um intenso e cruel processo de dominação, exploraram as riquezas minerais como a prata da mina de Potosi, localizada na atual Bolívia.
Aos poucos a metrópole foi organizando as terras conquistadas formando os Vice-Reinos de Nova Espanha (México), Nova Granada (Colômbia) e Nova Castela (Peru). Abaixo dos vice-reinos estavam as regiões de Nova Toledo (Chile) e La Plata (Argentina). Os Vice-Reinos, por sua vez, eram formados por capitanias e audiências e estás por governadorias.
Para poder manter a dominação das terras conquistadas, os reis espanhóis patrocinaram a vinda de imigrantes para cá. Em 1574, a população espanhola na América era calculada em 152 mil e no século XVIII já alcançava 10 milhões de pessoas.
A evangelização do continente se fez por diversos ciclos, dos quais um dos mais importantes foi o peruano: da cidade de Lima e de Cuczo a evangelização se irradiou para o Norte e para o Sul, de onde criará depois o ciclo chileno, ao Sul e o Polo de Trujilo e Quito, ao Norte.
A evangelização propriamente dita começou no ano de 1532, com a expedição do explorador Pizzarro na qual havia alguns religiosos dominicanos como capelães. Até 1550, já haviam atingido e subjugado todo o Império dos Incas.
Os principais agentes da evangelização da América foram as ordens religiosas. Os franciscanos chegaram em 1532, e em 1553 foi criada a província do Peru. A ordem dos mercedários também se instalou em 1532, crescendo rapidamente. Os agostinianos chegaram em 1551, passando à Bolívia em 1562. Por último, em 1569, chegaram também os Jesuítas.
Até 1551, apesar dos constantes levantes e revoltas a região já havia sido conquistada pela fé, porque este ciclo evangelizou a segunda região mais densamente povoada, ficando atrás apenas do México.
No pequeno país que agora vive o Congresso Eucarístico, o evangelho foi introduzido simultaneamente com o Peru. Uma expedição comandada pelo explorador Benalcazar conquistou a região e fundou a cidade de São Francisco de Quito em 1534, sobre as ruínas de um assentamento dos incas. Os franciscanos foram os primeiros a se estabelecer na região com a criação de um convento e de uma igreja, depois convertida na sede do bispado, em 1545. Do Peru também chegaram os dominicanos e os Jesuítas, em 1580.
A cidade de Quito tornou-se o centro de novas explorações e a capital de uma província com um território habitado por populações de antigas origens e com a mistura de costumes que o domínio do império inca havia imposto. Os limites das fronteiras da nova diocese alcançavam o território da atual Colômbia, ao norte; o Peru, ao sul, e ainda o Pacífico, a oeste e a selva amazônica, a leste.
A repressão e a destruição dos primeiros tempos, uma vez que os religiosos acompanhavam as expedições militares, aos poucos foram sendo substituídas pela criação de doutrinas, núcleo das futuras paróquias, permitindo o nascimento político da Real Audiência de Quito em 29 de agosto de 1563. Os métodos de evangelização foram também sendo adaptados à nova realidade. Depois que os jesuítas se uniram ao trabalho evangelizador, a Igreja colonial deu vida a uma rede de escolas que levou à fundação das universidades de San Fulgenzio e de San Gregorio. Nesse ínterim, o Evangelho já penetrava a faixa amazônica do país.
Apesar dos erros cometidos no período colonial a Igreja hoje é considerada a grande modeladora da identidade nacional, graças à sua atenção às necessidades do povo e à promoção da dignidade dos povos indígenas, construindo ainda um patrimônio artístico e cultural hoje reconhecido pela Unesco.
Nesta terra da América que se estende desde as costas do Pacífico até à floresta amazônica, das cidades ao campo, dos Andes às planícies, o advento do Evangelho de Cristo amadureceu, entre alegrias e tristezas, fruto de uma Igreja viva que agora partilha sua vitalidade com os peregrinos que, vindos de todo o mundo, chegam a Quito para celebrar o 53º Congresso Eucarístico Internacional.
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