Por Mariana Mascarenhas - Redação A12 Em Igreja Atualizada em 17 ABR 2019 - 09H42

Além da ciência e da fé, arte também explica o Sudário de Turim

Paolo Gallo/Shutterstock
Paolo Gallo/Shutterstock

Até hoje, a maior relíquia católica que se conhece, o Santo Sudário, segue envolta em mistérios que intrigam todos que se aventuram conhecê-la. Para uns, é o lençol que envolveu o corpo de Jesus Cristo após sua crucificação; para outros, não passa de uma fraude bem construída. Apesar das discordâncias, o pano continua atraindo a atenção de muita gente, crentes e não-crentes.

Já imaginou compreender um pouco mais sobre esta relíquia a partir da História da Arte? Foi justamente isso que o Prof. Dr. Jack Brandão, estudioso do Sudário há mais de 30 anos, se propôs a fazer, num estudo inédito. Ele utiliza a arte para contestar pesquisas anteriores, que afirmavam que a relíquia era uma pintura medieval.

Leia MaisO que é a Celebração da Ceia do Senhor?O que o Papa diz sobre a Semana Santa?Em 1978, após exaustiva investigação, diversos cientistas dos EUA afirmaram que não havia tinta no tecido, mas não conseguiram explicar a origem da imagem ali estampada. Dez anos depois, uma bomba: o resultado do exame de carbono 14, realizado por três laboratórios de ponta, afirmou que o pano era uma criação medieval.

Em 2018, pesquisadores da Liverpool John Moores University, no Reino Unido, e da Universidade de Pavia, na Itália, reafirmaram que a relíquia é uma falsificação produzida na Idade Média, ao realizarem experimentos com sangue humano, manequins e voluntários. Tais resultados - não poderia ser diferente - foram todos contestados.

Brandão é um dos contestadores. Para ele, a relíquia não pode ser uma pintura medieval porque, na Idade Média, as obras artísticas deveriam possuir padrões comuns daquela época, e nenhuma delas é parecida com os traços do lençol.

Segundo o pesquisador, tal estudo fica claro quando se observam as diferenças entre as pinturas de Cristo e os traços presentes na relíquia. “O homem do Sudário está completamente nu. Já as primeiras obras artísticas que retratam Jesus crucificado mostram-no de olhos abertos e vestido com as roupas sacerdotais, não como se apresenta no lençol mortuário”.

Para o professor Brandão, houve todo um trabalho de construção de imagem, que se inicia com a própria aceitação da cruz como símbolo da fé cristã; realidade que, para muitos de nós, sempre existiu. “Mas é somente a partir da aceitação da cruz que se começou a buscar o Cristo crucificado como demonstração da própria redenção”. Quando isso ocorre, ressalta o pesquisador, Cristo é retratado com olhos abertos, já que havia ressuscitado.

No entanto, “a própria Igreja solicitou aos artistas que parassem de retratá-lo dessa maneira, mas de olhos fechados, pois havia a necessidade de demonstrar que ele havia morrido de fato”. Isso porque “algumas heresias negavam sua morte”, conclui. Portanto, é possível perceber como a maior relíquia católica pode envolver estudos que vão muito além do que podemos imaginar!

Escrito por
Mariana Mascarenhas
Mariana Mascarenhas - Redação A12

Jornalista e Mestra em Ciências Humanas. Atua como Assessora de Comunicação e como Articulista de Mídias Sociais, economia e cultura.

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