Igreja

Aos Jesuítas, faça-se justiça! A Educação agradece

Joana Darc Venancio (Redação A12)

Escrito por Joana Darc Venancio

05 NOV 2021 - 00H00 (Atualizada em 05 NOV 2021 - 09H30)

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O conhecimento oficialmente transmitido pela escola, através dos livros e de alguns professores, deixa rastros de equívocos que devem ser corrigidos. Um dos pontos recorrentes é a história da Igreja. É muito comum que adolescentes e jovens católicos sejam abordados com ataques e até ridicularização, quando tentam, nos bancos escolares e universitários, apresentar a história do jeito que ela é, sem esconder as máculas, mas revelando as grandes e boas ações, que o “ensino oficial” insiste ocultar e atacar.

Os jesuítas, por exemplo, são foco desses ataques. O que é ensinado sobre eles mancha a verdade do que realmente representam. É comum ter notícias, no mundo da educação, dos jesuítas, apresentados como agressores à cultura e costumes indígenas. No entanto, eles não mediram esforços para aprender a língua dos nativos, para deles se aproximarem com humanidade e respeito, além de travarem lutas para os libertarem das mãos dos colonizadores.

Papa Paulo VI reconheceu, em Discurso por ocasião da XXXII Congregação Geral, 03 de Dezembro de 1974:

"Onde quer que, na Igreja, também nos campos mais difíceis e de vanguarda, nas encruzilhadas das ideologias e nas trincheiras sociais, tenha havido e haja o confronto entre as exigências ardentes do homem e a mensagem perene do Evangelho, lá estiveram e estão presentes os jesuítas".

As contribuições dos jesuítas na Educação não podem ser desprezadas ou analisadas pela vertente do ataque às práticas da Idade Média. O Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis, mais conhecido por Ratio Studiorum, foi o método de ensino instituído pelo jesuíta líder da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola, que se fundamentava nas artes ensinadas nas escolas medievais: TRIVIUM (gramática, retórica e dialética) e QUADRIVIUM (aritmética, geometria, astronomia e música).

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Papa Bento XVI, no Discurso aos participantes na Congregação Geral da Companhia de Jesus, em 21 de fevereiro de 2008, exalta a contribuição dos jesuítas:

"Por isso, formulo votos sinceros para que toda a Companhia de Jesus, graças aos resultados da vossa Congregação, possa viver com renovado impulso e fervor a missão para a qual o Espírito a suscitou na Igreja e, desde há mais de quatro séculos e meio, a conservou com extraordinária fecundidade de frutos apostólicos.

Hoje, quero encorajar-vos, bem como aos vossos coirmãos, a continuardes ao longo do caminho desta missão, no consenso eclesial e social que caracteriza este início de milênio.

Como várias vezes vos disseram os meus Predecessores, a Igreja tem necessidade de vós, conta convosco e continua a dirigir-se a vós com confiança, de modo particular para chegar àqueles lugares físicos e espirituais aonde os outros não chegam ou têm dificuldade de chegar".

O método estabelecia o currículo, as normas e as orientações que todos os jesuítas deveriam seguir nas atividades educacionais das escolas, em qualquer lugar que estivessem, seja na Colônia como na Metrópole. O Método jesuíta de Educação foi fundamentado nas Teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino. Difundiu a Educação humanista de caráter universal e tinha na música e na literatura aliadas essenciais à formação humana.

No Brasil, a atuação dos jesuítas foi fecunda no campo da Educação, contribuindo decisivamente com a construção de colégios, Universidades e desenvolvimento da Pedagogia. Elaboraram, tendo como base o Ratio Studiorum, um plano de estudos diversificado, atendendo os vários interesses e capacidades. Para isso, contava com a uma parte específica obrigatória e outra de caráter opcional. O currículo definido pelo Ratio era composto de Gramática média, Gramática superior, Humanidades, Retórica, Filosofia e Teologia.

Na Educação dos gentios e dos curumins, o Padre José de Anchieta foi um dos mais atuantes pedagogos e um dos nomes de maior destaque da história da educação, pois utilizava, entre outros recursos, o teatro, a música e a poesia. Na busca de interação com os nativos, utilizavam elementos da cultura na qual estavam inseridos, permitindo-se entrar no processo de enculturação. Os jesuítas aprenderam os costumes e língua dos indígenas e ensinaram os seus costumes e línguas. Dessa forma, também catequizavam e evangelizavam.

Papa Francisco, também jesuíta, em seu discurso aos participantes na 36ª Congregação Geral da Companhia de Jesus reconheceu:

"Não caminhamos sozinhos nem com comodidade, caminhamos com «um coração que não se acomoda, não se fecha em si mesmo, mas bate ao ritmo de um caminho que se realiza em conjunto com todo o povo fiel de Deus». Caminhamos fazendo-nos tudo em todos, procurando ajudar alguém. (...) Este despojamento faz com que a Companhia tenha e possa ter sempre o rosto, a marca e o modo de ser de todos os povos, de todas as culturas, inserindo-se em todos, no específico do coração de cada povo, para fazer Igreja com cada um deles, enculturando o Evangelho e evangelizando cada cultura".

Devemos aos jesuítas a fundação de colégios e universidades organizados em rede, método pedagógico e um currículo comum. Visão holística de mestres que compreendiam os sentidos profundos e primeiros da Educação. Por isso, ao escolher os professores, os jesuítas não abriam mão do rigor, investiam na formação integral dos mesmos. O Ratio aponta, “do começo ao fim, para o sentido da preocupação dos jesuítas pela seleção de funcionários e professores de provada postura virtuosa e bons costumes (...)”

Escrito por:
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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