Hoje, quando se fala em comunicação, pensa-se logo em conectividade pela internet, especialmente nas redes sociais. Há uma cultura de relacionamento midiático que está em constante construção e supera a equação “emissor”, “mensagem” e “receptor”, que constituía a teoria da comunicação na década de 1980.
Desse modo, atualmente a socialização - troca de experiências, conhecimentos e informações - ocorre mais intensamente online que offline. E a comunicação online tem causado um grande impacto em conceitos e métodos de ciências como a psicologia, a antropologia, a sociologia. Ajuda, especialmente, no desenvolvimento econômico, técnico, religioso e cientifico dos nossos tempos. Um exemplo emblemático são as eleições nos Estados Unidos: a maior parte da campanha do ex-presidente Barack Obama foi feita pela internet, e o atual presidente do país, Donald Trump, se comunica com os americanos, em primeiro lugar, por meio das redes sociais.
O rápido avanço tecnológico e a popularização da internet estão quebrando paradigmas no modo de viver e, principalmente, na forma de comunicar. Essa realidade do mundo digital tem transformado radicalmente a nossa maneira de interagir com nossos semelhantes. Uma verdadeira revolução! Hoje, somos online.
O Papa Bento XVI já alertava que, no mundo digital, transmitir informações significa, com frequência e sempre com maior intensidade, inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado em intercâmbios pessoais. Nesse processo, a distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação parece relativizada, pretendendo a comunicação não ser apenas troca de dados, mas sobretudo, partilha.
Em tom claramente confiante, mas com prudência e sem esquecer os perigos da comunicação online, o Papa Francisco afirma: “a internet pode oferecer mais possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos, o que é coisa boa, um dom de Deus” - Mensagem para o 48º Dia das Comunicações Sociais (2014). O Pontífice utiliza o ícone do bom samaritano ao considerar que a Igreja deve empenhar-se para levar, por meio da internet, o óleo e o vinho ao homem ferido: “A nossa comunicação seja um óleo perfumado para a dor e vinho bom para a alegria”.
Nos dias de hoje, estamos, em grande maioria, 24 horas online. Na rua, pais acessam seus celulares, enquanto os filhos, andando ao lado, fazem o mesmo. Nos restaurantes, as pessoas colocam os celulares sobre a mesa mesmo antes de se sentarem. Nos pontos de ônibus, todos conectados; todos com seus aparelhos, escutando, conversando, buscando informações, se relacionando.
Pesquisas indicam a média diária de permanência na internet por pessoa, no Brasil: 2,4 horas no celular; 6,1h, no computador e 3,1h, nas redes sociais. Os dados dizem mais, vão além da simples estatística. Eles mostram que os brasileiros estão entre os povos que passam mais tempo online nas redes sociais: em média 13,8 horas mensais, ficando atrás apenas dos chineses.
Essas pesquisas também nos alertam sobre a importância de nos informarmos e nos relacionarmos por meio da internet. É fundamental o uso das plataformas do sistema online - das redes sociais - para a evangelização. É preciso estar presente na web e não ter medo da mídia. Saber usar os aplicativos, que são meios de compartilhamento eficazes para a evangelização e, com criatividade, saber colocar nossa mensagem para transmitir Cristo às pessoas nas redes mais populares: Facebook, Google+, LinkedIn, Youtube, Twitter, Instragram, Whatsapp, Snapchat (aplicativo de mensagens com base de imagens), mas nada de oversharing (compartilhamento excessivo de conteúdo nas redes sociais).
Exímio comunicador das verdades reveladas, Jesus Cristo usou todos os recursos de sua época para ser a boa-nova, informar (anunciar) sobre o Reino de Deus e relacionar-se com a humanidade (fazer história). Sua temática é plataforma de evangelização. Assim, a grande missão da Igreja é seguir o exemplo de Cristo e comunicar o comunicador do Pai; levar e ser boa-nova ao mundo inteiro.
Assim, o universo digital está em todos os aspectos da vida das pessoas. Muita coisa é online. A velocidade da comunicação, a expectativa da mídia e os aplicativos são realidades com as quais devemos nos envolver para tornar mais eficaz a nossa missão de anunciar o evangelho e de viver o mandamento maior de amor aos irmãos. A Igreja tem que ter presença apropriada no mundo digital para atingir a vida das pessoas. Trata-se de um novo mundo.
“Estar online na evangelização” nos possibilita dinamizar a Pastoral do Encontro, que deve ter como proposta evangélica estar ciente de que as pessoas necessitam ser salvas, redimidas (resgatadas) e se assumirem como criaturas (criação). A ação da Pastoral do Encontro deve ser processada nestes três distintos níveis, pois muitos ainda precisam ser ajudados a se valorizar como pessoas (autonomia, racionalidade, convivência) e a sair de si, do próprio mundo, do foco apenas na sobrevivência material. Há pessoas que necessitam ser resgatadas em sua própria estima e de situações conflitivas (droga, exclusão, exploração material e afetiva, prisão etc.). Há pessoas que necessitam ser salvas de uma vida sem sentido ou sem horizontes (a doença grave, velhice, morte iminente, etc.).
Enfim, ser online e estar nas redes sociais é ajudar as pessoas e a pastoral a serem ainda melhores.
Dom Edson Oriolo
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG)
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