O Catecismo da Igreja Católica é uma completa fonte de ensinamentos sólidos para todos que querem educar e ser educados para a Verdade que se contrapõe à proposta o relativismo.
Para o filósofo Protágoras de Abdera, "o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." (PLATÃO. Teeteto. 2008, p. 32).
Portanto, para ele, a verdade depende da experiência pessoal e do ponto de vista de cada um. Essa é a base do relativismo. O homem é a medida de todas as coisas, e cabe a ele, pelas experiências e pelas sensações, definir o que é verdade. Neste sentido, não há verdade absoluta ou medidas exteriores para orientá-lo.
O filósofo afirma: "Tal como cada coisa se apresenta para mim, assim ela é para mim, tal como ela se apresenta para você, assim ela é para você." (PLATÃO. Teeteto. 2008, p. 32).
Dessa forma, é estabelecida uma sociedade sem medida para além do desejo pessoal, descartando a necessidade de qualquer ação regulatória, corretiva, legislativa ou que busque anunciar que há verdade absoluta. Verdades Perenes? Jamais!
Intensamente, sentimos as consequências da ausência das “verdades perenes” que foram engavetadas pelo relativismo. É um conceito que ganha campo: relativismo cultural, relativismo moral, relativismo religioso, relativismo político, relativismo ético e muitas outras performances de uma mesma corrente, que insiste em divulgar que nada é absoluto.
A Arte, a Religião, a Educação, a Família, a Igreja e outras Instituições já não correspondem mais aos anseios de uma sociedade que glamoriza os “fenômenos” efêmeros, as explicações pueris e a banalização do essencial. A filosofia de Protágoras atualiza-se na sociedade atual.
O relativismo expurga os valores cultivados principalmente pela fé. O Papa Emérito Bento XVI foi incansável no combate à “ditadura do relativismo”. Disse ele na Mensagem da Jornada Mundial da Juventude, em 2011:
"O relativismo difundido, segundo o qual tudo equivale e não existe verdade alguma, nem qualquer ponto de referência absoluto, não gera a verdadeira liberdade, mas instabilidade, desorientação, conformismo às modas do momento. (...) Constata-se uma espécie de «eclipse de Deus», uma certa amnésia, ou até uma verdadeira rejeição do Cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de perder a própria identidade profunda".
Leia MaisA fé é uma virtude ou um dom? O que seria do homem sem a virtude?Existem virtudes que os Cristãos-Católicos não podem dispensar ao fazer suas escolhas, julgamentos e decisões. Essas virtudes garantem as medidas sensatas, impedindo a banalização da verdade maior e a “amnésia da proposta do Cristianismo”.
O Catecismo da Igreja ensina:
Há quatro virtudes que desempenham um papel de charneira. Por isso, se chamam «cardeais»; todas as outras se agrupam em torno delas. São: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. «Se alguém ama a justiça, o fruto dos seus trabalhos são as virtudes, porque ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza» (Sb 8, 7). Com estes ou outros nomes, estas virtudes são louvadas em numerosas passagens da Sagrada Escritura. (1805)
As escolhas dos que acreditam na “Verdade Maior” que é Jesus, não podem partir do relativismo. Ceder ao relativismo é se contrapor a Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim”. (Jo 14, 15). Quem segue Jesus não se coloca como medida de si mesmo, mas aceita as medidas por Ele estabelecidas: “Se me amais, guardai os meus mandamentos”. (Jo 14, 15).
O Papa Francisco, na Audiência Geral de 26 de abril de 2017, ensinou:
"Sem dúvida, se confiássemos apenas nas nossas forças, teríamos razão de nos sentirmos desiludidos e derrotados, porque o mundo se demonstra muitas vezes refratário às leis do amor. Prefere frequentemente as leis do egoísmo. Mas, se em nós sobreviver a certeza de que Deus não nos abandona, que Deus ama com ternura tanto a nós como a este mundo, então a perspetiva muda imediatamente. «Homo viator, spe erectus», diziam os antigos. Ao longo do caminho, a promessa de Jesus «Eu estou convosco» leva-nos a estar de pé, erguidos, com esperança, convictos de que o bom Deus já age para realizar aquilo que humanamente parece impossível, porque a âncora está na praia do céu".
As Virtudes Cardeais, orientadas pela Igreja, colocam-nos em sintonia com os Mandamentos de Jesus e nos ancoram no porto seguro dos ensinamentos da Palavra de Deus e da Doutrina da Igreja. Elas são como uma âncora que nos mantém seguros e, ao mesmo tempo, são como a bússola que nos orienta quando precisamos desancorar, para que não percamos o rumo.
É essencial consultar o Catecismo para estudar detalhadamente sobre Virtudes Cardeais. Segue um resumo sobre as mesmas:
A PRUDÊNCIA é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir. (1806).
A JUSTIÇA é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. (1807).
A FORTALEZA é a virtude moral que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na prossecução do bem. Torna firme a decisão de resistir às tentações e de superar os obstáculos na vida moral. (1808).
A TEMPERANÇA é a virtude moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos nos limites da honestidade. (1809).
A medida do cristão católico é a medida da Fé: “Eu dei a cada um uma medida de fé". (Rm12,3). Pela medida da fé, não nos deixaremos levar pelo efêmero produzido pelo relativismo. O efêmero não é eterno, não é transcendente, não é essencial, não é profundo. Vamos acolher o ensinamento do Papa Bento XVI no Encontro com Jovens Religiosas, por ocasião da 26ª JMJ, em agosto de 2011:
"Frente ao relativismo e a mediocridade, surge a necessidade da radicalidade.
A radicalidade evangélica é estar em Cristo, firmes na fé".
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