Crescem de modo assustador os números da violência. 71 assassinatos é o maior número registrado desde 2003, quando se computaram 73 vítimas. É 16,4% maior que em 2016, quando houve o registro de 61 assassinatos e é praticamente o dobro de 2014, que registrou 36 vítimas.
Relatório Conflitos no Campo Brasil 2017
Segundo o relatório lançado anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo vinculado à CNBB, as ocorrências de conflitos por terra em 2016 e 2017, são as mais elevadas desde quando a Comissão começou a fazer este trabalho em 1985.
Em 2016 foram 1.079 ocorrências e em 2017, 989. Números nunca atingidos nos 30 anos anteriores. Somando as 771 ocorrências de 2015, se tem uma média anual no período da ruptura política (2015-2017) de 946 ocorrências. 36,1% maior que a média dos 10 anos imediatamente anteriores (2005-2014).
A quem atribuir o aumento da violência?
Não faltam os que querem atribuir o aumento da violência à ação dos movimentos populares do campo, sobretudo aos sem-terra. Mas os números dizem outra coisa.
2017 registrou o menor número de ocupações desde quando a CPT faz o registro (169) e o menor número de acampamentos (10). No período de 2005 a 2014, a média de ocupações foi de 278 e de acampamentos, 39. Já no período da ruptura política, esta média de ocupações caiu para 193 e o de acampamentos para 21.
A Violência contra a Ocupação e a Posse manteve o patamar do ano anterior com uma leve redução no número total de ocorrências, de 1.295 em 2016 para 1.168 em 2017.
Diferentemente das demais regiões, Sul e Sudeste apresentaram aumento no número de conflitos por terra, que passaram de 31 para 59 no Sul, quase o dobro, e de 66 para 87, no Sudeste. Nestas duas regiões também houve aumento no número de ocupações, que na região Sudeste passou de 47 para 54 e na região Sul de 18 para 23.
As ocorrências de conflitos (que revelam situações em que houve algum tipo de violência) passaram na região Sul de 54 para 82, 52% maior, e na região Sudeste, 115 para 143.
Na região Sudeste também houve um aumento no número de famílias despejadas, que foram de 2.384 para 2.746 e um crescimento brusco no número de famílias sob a mira de pistoleiros, passando de 695 para 3.189, quase cinco vezes maior. Nessa região, o número de famílias ameaçadas de expulsão saltou de 266 em 2016 para 3.000, todas concentradas no estado de Minas Gerais, em 2017. O estado mineiro tem sofrido com sucessivos conflitos, principalmente, na região norte, que concentra grandes ocupações e, consequentemente, muitas retaliações, como ameaças de morte e tentativas de assassinatos. Da mesma forma, na região Sul, o Paraná alavancou os dados com a concentração de conflitos em áreas indígenas e em disputa de terras na região central do Paraná, uma delas já dura meio século.
Na região Centro-Oeste, o número de famílias sob a ameaça de pistoleiros quase triplicou, passando de 843 para 2.393, e as famílias ameaçadas de expulsão foram de 862 para 2.690. Na região, o estado do Mato Grosso do Sul concentrou os conflitos envolvendo indígenas, enquanto Mato Grosso teve um aumento nos conflitos no norte do estado.
Conflitos no Campo Brasil 2017, foi lançado ontem (04), e é a 33ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.
Fonte: CPT Nacional.
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