Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos. Quais?, perguntou ele. Jesus respondeu: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda? Respondeu Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me! Ouvindo estas palavras, o jovem foi embora muito triste, porque possuía muitos bens.
Jesus não quis ditadores
Essa mesma passagem pode ser encontrada, de modo levemente distinto, no Evangelho de Marcos 10, 17-27 e no Evangelho de Lucas 19, 16-22.
O relato de Mateus nos deixa todos perplexos, exatamente pelo teor de radicalidade exigida pelo Mestre para o seguimento. Se quisermos seguir o Cristo e concretizar o seu Reino, teremos de fazer escolhas árduas, abrindo mão de muitas aspirações pessoais.
Leia MaisCuidado com os falsos pastoresConhecendo os Evangelhos: Converter o coração aos poucosConhecendo os Evangelhos: Abandonar a velha vida de pecadosUm jovem rico (sendo um príncipe, em Lucas, e um homem maduro, em Marcos) foi ao encontro de Jesus, com muita sinceridade de coração, esperando obter uma resposta afirmativa do Mestre. Jesus, de fato, fica admirado pela fé e pela experiência religiosa do jovem, e o vê como um discípulo em potencial. Mas Jesus ainda quer expor mais uma condição, e a principal para segui-lo: exigir-se-á muito esforço e abnegação.
Ninguém quer perder os bens que adquiriu, talvez com muito suor. À época de Jesus, ser rico era ser abençoado por Deus. A teologia do judaísmo sacerdotal pregava exatamente isto: se você é pobre, você é amaldiçoado! O jovem não entende esse projeto revolucionário de Jesus, nem nós entendemos, ainda!
Por comparação, a hierarquia da Igreja, com o passar dos anos, nasceu exatamente para servir aos seguidores de Jesus. Sendo desapegada, ela mostraria à humanidade a verdadeira pessoa de Jesus, mas hoje está bem difícil de perceber isso. Em certo sentido, muitos de nossos pastores se assemelham àquele jovem rico, pois não são capazes de abrir o coração para uma nova proposta de vida. O jovem não entendeu a nova sugestão de
Jesus, e muitos de nossos pastores também não entendem os caminhos de abnegação e desapego que ele nos propõe.
A passagem sobre a qual nos debruçamos nos ensina uma valiosa lição: apenas cumprir ordens e regras, cultos e ritos, não nos dará a plenitude da vida. É muito mais difícil perdoar um irmão do que rezar um terço; é muito mais árduo abraçar o pobre do que tomar a refeição na casa de um rico; em suma, é muito mais fácil se esconder atrás de rubricas do que ser cristão audacioso, transformador de realidades.
Se nós entendêssemos a importância de ser cristão genuíno, dando os nossos bens aos pobres, não só materiais, mas os bens intelectuais e espirituais, não teríamos em nossas igrejas a presença de ditadores, que comandam sozinhos a vida da comunidade, da paróquia, da diocese ou do espaço em que nos reunimos.
Se fôssemos viver na radicalidade que Cristo nos propõe, sairíamos tristes e de cabeça abaixada, pois muitas das nossas mordomias e burocratizações desapareceriam. E como é bom se proteger com o escudo do rigorismo, das riquezas, das pompas e das regras inflexíveis! Jesus sonhou diferente: sonhou que pessoas se reunissem como irmãos e irmãs desapegados, que não tivessem medo de dar a vida pelos outros e se importassem menos com o que é fugaz! Lutemos por esse sonho!
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