Nesta segunda-feira (22) a Diocese de Santo André (SP) completa seus 70 anos de criação. Foi por meio da bula papal “Archidioecesis Sancti Pauli” que o Papa Pio XII desmembrou, da Arquidiocese de São Paulo, a Diocese do Grande ABC, na qual compreende as cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Leia MaisSanto André, São Pedro, Celta: Conheça 5 cruzes na história da IgrejaQuais características de Santo André nos inspiram nos dias atuais?Àquela época, toda a região metropolitana de São Paulo vivia um boom de crescimento, com migrantes vindos dos quatro cantos do país em busca de emprego nas inúmeras indústrias que ali se instalavam.
Entretanto, a região do ABC teve uma particularidade que a caracterizou na história do Brasil: a instalação de indústrias automobilísticas com a chegada de grandes montadoras.
Somados a esta característica os fatos de todas as cidades da região terem se emancipado da mesma cidade (Santo André da Borda do Campo) e da integração regional proporcionada pela linha férrea, que corta a região, o ABC viu crescer sua população muito rapidamente e, com isso, a viabilidade da criação de uma Igreja Particular ali.
Todo esse crescimento acarretou, inevitavelmente, no crescimento de problemas comuns a cidades grandes, que cresceram sem planejamento, principalmente problemas sociais e de infraestrutura.
De maneira especial nos anos 70 e 80, no auge da Ditadura Militar, as greves no ABC escancararam tal situação. Foi nesse contexto histórico que a Diocese de Santo André teve um papel muito importante.
“A Igreja atuou de forma dinâmica e participativa, ajudando a população a crescer na fé e buscar manter e defender sua dignidade e direitos”, contou ao A12 Dom Pedro Cipolini, bispo diocesano.
Seu antecessor, Dom Cláudio Hummes, por exemplo, foi responsável por apoiar greves e acolher operários perseguidos pelo regime. “Os metalúrgicos sabem o que fazem” foi o que disse Dom Cláudio ao apoiar mais de cem mil grevistas que brigavam por melhores salários e condições.
De lá para cá, muita coisa mudou e a região já não é mais palco de greves e movimentos sociais, tampouco protagonista no ramo automotivo, tendo muitas montadoras se transferido para cidades do interior. Não só as montadoras se mudaram, mas muitos fiéis também migraram de religião. Se no começo dos anos 60 a população católica do ABC era de 90%, hoje não passa de 46%, de acordo com pesquisas da Universidade de São Caetano do Sul (USCS).
Para tal constatação, Dom Pedro disse que a migração religiosa é grande no Brasil todo e que há múltiplos fatores que motivam esta situação. Contudo, o bispo explicou que muitas “seitas” propõem a “teologia da prosperidade”, o que atrai muitos pobres que buscam uma melhoria “milagrosa” e instantânea de vida.
“Não se pode anular a cruz de Cristo, ela é parte fundamental da história da salvação. Não se trata de conter este movimento, mas de conscientizar ou catequizar melhor os católicos, para que conheçam melhor Jesus Cristo e sejam de verdade discípulos-missionários Dele”, ressaltou Dom Pedro.
Comparada com outras dioceses, a de Santo André não é tão territorialmente extensa. Entretanto, é muito grande em termos de população, com mais de 2,8 milhões de habitantes e mais de 100 paróquias. Perguntamos a Dom Pedro como é pastorear tanta gente.
“A Diocese, territorialmente, é pequena, mas a população é até maior do que a população de algumas capitais de estados no Brasil. Para mim, pastorear esta Diocese é cumprir a vontade de Deus. Exercendo com muito temor de Deus esta função que é pura graça Dele e não merecimento nosso. Graças a Deus existem bons padres que me ajudam no pastoreio, exercendo várias funções”, explicou o bispo.
Em 2025, Dom Pedro Cipolini completará 10 anos à frente da diocese de Santo André e se sente muito feliz por lograr, com êxito, as visitas a todas as quase trezentas comunidades.
“Sim, visitei todas as comunidades, uma por uma. Foi maravilhoso poder encontrar as pessoas e estar celebrando com as comunidades. A visita pastoral é uma das funções mais importantes do bispo, que deseja ser o bom pastor com cheiro de ovelhas”.
Curiosidades sobre a Diocese de Santo André
Um fato curioso muito peculiar na Diocese de Santo André é seu subsídio litúrgico, o folheto da missa. Seu nome é “ABC Litúrgico”, e faz referência tanto aos anos litúrgicos, que são três e se dividem por ano A, ano B e ano C, quanto à sigla que dá nome à região de abrangência da diocese, o “ABC Paulista”.
Este subsídio foi idealizado por Dom Cláudio Hummes e sua primeira tiragem foi para a missa da Solenidade da Santa Mãe de Deus, em primeiro de janeiro de 1980.
Dados sobre a Diocese:
Catedral de Nossa Senhora do Carmo
Foranias (Regiões Pastorais): 10
Paróquias: 106
Santuários diocesanos: 3 – Santuário Nossa Senhora Aparecida (São Bernardo), Santuário de Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Mauá) e Santuário Senhor do Bonfim (Santo André)
Área: 825 km² (a propósito de comparação, a Arquidiocese de Aparecida tem 1.330 km²).
População: 2,8 milhões de habitantes, sendo, aproximadamente, 1,2 milhões de católicos (a Arquidiocese de Aparecida não chega a 200 mil habitantes)
Cidades que abrange: 7 – Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Dioceses limítrofes: Arquidiocese de São Paulo, Diocese de Santo Amaro, Diocese de Santos, Diocese de Mogi das Cruzes e Diocese de São Miguel Paulista.
Número de bispos: 5
Dom Jorge Marcos de Oliveira (1954 – 1975);
Dom Cláudio Hummes, OFM (1975 – 1996);
Dom Décio Pereira (1997 – 2003);
Dom José Nelson Westrupp, SCJ (2003 – 2015) emérito;
Dom Pedro Carlos Cipolini desde 2015.
Entre 2001 e 2004, Dom Airton José dos Santos foi bispo auxiliar e assumiu administrativamente a Diocese após a morte de Dom Décio, em 2003.
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