Por Eduardo Gois Em Igreja Atualizada em 12 ABR 2018 - 17H02

Dom Armando Bucciol fala sobre comissão para a liturgia

A Comissão Pastoral Episcopal para Liturgia visa acompanhar a dimensão litúrgica e a sua importância para a Igreja no Brasil. A comissão tem várias dimensões e faz um belo trabalho de orientação. O Portal A12 conversa com o Bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da comissão, Dom Armando Bucciol que detalha alguns aspectos sobre o assunto.


Portal A12 - Como é o trabalho da Comissão Pastoral Episcopal para a Liturgia?

Dom Armando Bucciol - É uma comissão que visa acompanhar a dimensão litúrgica e a importância dela na Igreja no Brasil. A comissão tem várias dimensões, ao menos três: dimensão pastoral, música litúrgica, o espaço litúrgico, ou seja, arte sacra, portanto os três assessores cada um segue uma dessas dimensões. É preciso sempre refletir que liturgia é a opus dei, é a obra de Deus que visa louvar e agradecer, sobretudo a partir do mistério pascal de Jesus Cristo, para que a vida do cristão seja sempre mais coerente com a mensagem do Senhor, portanto as duas grandes dimensões dizem que é preciso louvar a Deus e o ser humano ser santificado. O Espirito Santo é aquele que transforma o fiel crente em testemunha da Palavra com a sua vida, a sua palavra, o seu empenho, autenticidade na vida e no dia a dia, na justiça, na paz, no respeito, na colaboração e encontra na liturgia um momento forte para alimentar a sua fé. Sem a liturgia esse momento forte na vida espiritual se perde.

O trabalho da comissão visa acompanhar, orientar, incentivar, a vida litúrgica no Brasil. É claro que a comissão não tem nenhum poder no que se refere aquilo que cada bispo é chamado a realizar, é mais uma assessoria, uma orientação, um serviço, pois todas as comissões não mandam nos bispos, mas procuram servir.

Dentro da CNBB vários bispos colaboram além dos três assessores. Nosso serviço orienta e prepara os textos e promove sobretudo a formação litúrgica, estamos percebendo que hoje em dia, as redes sociais passam tantas mensagens que nem sempre estão em harmonia e de acordo por parte da liturgia que é proposta pela Igreja. Existe o concílio, o movimento litúrgico e milhares de estudiosos que nos ajudaram a entender melhor o que é a liturgia, porém nesta época, pede-se a partir do Evangelho uma atitude crítica.

Portanto nem todas as manifestações litúrgicas são autenticas. Somos ministros do altar para que Cristo cresça e não o padre que celebra, dentro dessa essencial análise, a comissão é chamada a orientar, corrigir, mas sempre com profundo respeito. Quando se enfeita demais a liturgia ela perde a beleza.

Portal A12 - Qual seria o maior desafio hoje?

Dom Armando - É a formação. Constatamos que em muitos lugares não existe uma adequada formação dos ministros do altar. As casas de formação devem se educar a uma sensibilidade litúrgica fundamentada na teologia e na história. Não basta trabalhar a liturgia, mas é necessário trabalhar a personalidade interior de quem ministra, uma suficiente harmonia interior, uma suficiente identidade pessoal e a capacidade de comunicar o essencial, portanto é a conjunção de muitas disciplinas que a liturgia pede.

Necessita-se de uma eclesiologia de comunhão e participação, se faltar essa sensibilidade se torna algo desligado do contexto teológico, bíblico, espiritual, eclesiológico e portanto a liturgia não funciona.

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