A aprendizagem é um processo de mudança de comportamento que vivenciamos em muitas dimensões, tempo e espaços de nossa existência. Se eu não sabia andar de bicicleta e agora sei, então aprendi algo que antes eu não sabia, ou seja, mudei de um comportamento, tendo a possibilidade de experimentar algo novo. A aprendizagem acontece de varias formas: experiências, observações, treinamentos, pesquisas, tentativas. Ninguém nasce sabendo, ainda que algumas teorias defendam a tese de que há uma aprendizagem inata. O sujeito se torna sabedor à medida que acumula novas aprendizagens. A aprendizagem não conhece limite e não enche espaço, quanto mais, melhor.
A aprendizagem é Poiésis! Essa é uma palavra de origem grega que significou inicialmente criação, ação, confecção, fabricação e depois terminou por significar arte da poesia e faculdade poética. Não estamos presos ao determinismo de nossos instintos ou de nossas aprendizagens inatas, que em muitas situações, são mecânicas. Há nessa criação o entendimento da liberdade e da subjetividade humana. As pessoas aprendem de forma diferente, em tempos diferentes e com prioridades diferentes. Cada sujeito realiza seu próprio caminho aprendendo e se modificando continuamente, isso porque não está determinado por características instintivas, mas é um ser inacabado, e que precisa aprender.
Leia MaisLivro Didático: Seguro ou perigoso canal na formação da consciência?Negligenciar o processo de aprendizagem e sua importância é negar a própria condição do indivíduo como sujeito da história, pois o ser humano não é apenas uma determinação da força genética. Evidente que as características genéticas devem ser levadas em consideração e fica por conta das várias ciências a busca das respostas para as mesmas. Considerar, no entanto, a genética como o fator determinante do comportamento humano é negar a educação, pois é por ela que as aprendizagens acontecerão, seja na educação formal, como pela informal. Na educação a distância como na presencial. Mesmo os que nasceram com aptidões especiais não puderam colocá-las em prática sem que antes passasse pelo processo de aprendizagem.
Ao aprender alguma coisa na educação presencial ou a distância, o indivíduo incorpora à sua vivência e por ela aperfeiçoa outras aprendizagens que são fundamentais ao seu cotidiano. Uma aprendizagem é significativa, na educação a distância ou presencial, quando consegue manter-se na história do indivíduo sem transitoriedade. Algumas aprendizagens podem ocorrer sem que fiquem registradas como significativas. Essas são as aprendizagens transitórias, que se referem aquelas que ocorreram em função de uma causa efêmera e que logo desaparece do comportamento do sujeito e não pode ser considerada como aprendizagem de mudança plena de comportamento. A Professora Marta Teixeira do Amaral Montes em seu livro (p.198): AUCOPRE: uma metodologia ativa para o trabalho didático nos fóruns de discussão afirma que:
Comunidades de aprendizagem exigem interação, criatividade, colaboração, interdisciplinaridade e uso de metodologias abertas que favoreçam o papel ativo do estudante e orientador do professor, para que o grupo se beneficie do potencial interativo dos meios cibernéticos. O que temos vistos na EaD até o momento e a subutilização d capacidade interativa dos ambientes virtuais.
É importante ressaltar que o Professor estando perto ou distante lida com muitas histórias de vida. Grandes e pequenas histórias que traçam a existência de seus alunos como sujeitos de um tempo que se chama hoje. O Papa Bento XVI na Carta à Diocese e à Cidade de Roma em 21 de Janeiro de 2008, sobre a tarefa urgente da formação das novas gerações, nos deixou um belo ensinamento acerca da Educação:
Chegamos assim, queridos amigos de Roma, talvez ao ponto mais delicado da obra educativa: encontrar um justo equilíbrio entre a liberdade e a disciplina. Sem regras de comportamento e de vida, feitas valer dia após dia também nas pequenas coisas, não se forma o carácter e não se está preparado para enfrentar as provas que não faltarão no futuro. Mas a relação educativa é antes de tudo o encontro de duas liberdades e a educação com sucesso é formação para o reto uso da liberdade. Mas à medida que a criança cresce, torna-se um adolescente e depois um jovem; portanto devemos aceitar o risco da liberdade, permanecendo sempre atentos a ajudá-lo a corrigir ideias e opções erradas. O que nunca devemos fazer é favorecê-lo nos erros, fingir que não os vemos, ou pior partilhá-los, como se fossem as novas fronteiras do progresso humano.
Neste sentido, destacando a Educação a Distância, essa não se trata apenas de repasse frio de informações, conteúdos programáticos e definições acadêmicas, mas de uma simbiose constante, pois passa a fazer parte da vida do aluno e assim o torna também parte de sua história. Estar a distância não significa estar ausente. Estar presente não garante igualmente que está perto. A Educação a distância também é uma “obra educativa”, como reflete Papa Bento XI. Ela também deve formar para o “uso reto da liberdade”. Aceitando essa condição, a aprendizagem na EaD se torna válida, pois foi significativa. A Professora Marta Teixeira do Amaral Montes (p.2017) também reflete que:
A distância espacial pode simular conceitos errôneos ou simulacros sobre o que seja estudar on-line, por isso há necessidade de o planejamento docente ser mediado por valores e enunciados que levem o estudando às reflexões ética acerca de sua identidade, narrativa e prática acadêmica. Agregada a essa perspectiva, entendemos que a metodologia para o trabalho na EaD também é de particular importância. A aprendizagem colaborativa é indicada à proposta de formação de valores e ao trabalho colaborativo na EaD porque integra desenvolvimento social, ético e emocional no decorrer das atividades discentes.
Não parece possível querer realizar um processo de aprendizagem em EaD sem levar em conta a vida do aprendiz para além de sua condição de aluno. Não cabe ao professor dar conta de todas as complexidades humanas do aluno, tampouco deve se tornar psicólogo ou “amiguinho”, mas humanizar-se pela tutoria.
Na tutoria deve haver uma relação humana, austera, compromissada com a causa do aluno-aprendiz, sem que seja perdida a autoridade da docência. Autoridade essa que, de fato exercida, faz falta á aprendizagem, pois respalda a segurança e a confiança do aluno no processo pelo qual irá se entregar.
Uma aprendizagem precisa ser validada pelo aluno e pelo professor. Sem legitimidade de nada adiantará tal aquisição, pois apenas irá compor a lista das aprendizagens transitória que em nada contribuirá com a mudança de comportamento, pois são eventos efêmeros. Sentimos necessidade de aprendizagem ao perceber que algo ainda não está em nossa disposição e está nos fazendo falta. Papa Francisco no discurso aos participantes no Congresso mundial promovido pela Congregação para a Educação Católica com o tema: “educar hoje e amanhã" em 21 de novembro de 2015 apontou três caminhos para uma verdadeira educação:
A educação deve mover-se nestes três caminhos. Ensinar a pensar, ajudar a ouvir bem e acompanhar no fazer, ou seja, que as três linguagens estejam em harmonia; que a criança, o jovem, pense aquilo que sente e faz, sinta aquilo que pensa e faz, e faça aquilo que pensa e sente. E deste modo, a educação torna-se inclusiva porque todos têm um lugar; inclusiva também humanamente.
A busca por novas aprendizagens possibilita o sujeito compreender o sentido de sua existência, pois faz com que saia da mesmice, dos preconceitos e o leva a quebrar paradigmas e a formular novos. Assim também acontece com a dimensão cognitiva que o impulsiona aprender novos conceitos, palavras, fórmulas, ideias. Sem contar a dimensão corporal-física que possibilita novas habilidades e um fazer mais eficaz.
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