Em entrevista, estudioso dehoniano analisa encíclica sobre o Sagrado Coração de Jesus

Com a publicação da encíclica “Dilexit nos” (“Ele nos amou”, em português), publicada ontem (24), o Papa Francisco convida a Igreja e os fiéis a uma renovação espiritual centrada na devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

O documento destaca o amor de Cristo como uma força transformadora e busca orientar os cristãos em tempos de desafios sociais e espirituais, reafirmando o papel da Igreja como agente de unidade e esperança.

Nesta entrevista exclusiva ao A12, o sacerdote brasileiro Pe. Victor de Oliveira Barbosa, SCJ, Coordenador do Centro de Estudos Dehonianos em Roma, comenta o significado da encíclica e o impacto de seu conteúdo para a missão da Igreja e para o Jubileu da Esperança de 2025.

Confira!

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A12 — Em linhas gerais, qual a perspectiva que a encíclica Dilexit nos oferece sobre o Sagrado Coração de Jesus no mundo de hoje?

Pe. Victor — A “Dilexit nos”, publicada em 24 de outubro de 2024 pelo Papa Francisco, explora o amor humano e divino do Coração de Jesus Cristo. Nesse contexto contemporâneo, o documento realça a importância dessa devoção como símbolo do amor transformador e constante de Cristo. Para o Papa Francisco, o Coração de Cristo é fonte de inspiração para os cristãos enfrentarem as dificuldades da vida, cultivando uma relação íntima com Jesus.

Essa devoção se traduz em ações de caridade e justiça, chamadas na encíclica de “amor por amor”, orientadas pelo exemplo do Sagrado Coração. É um chamado para que os fiéis pratiquem a justiça social e a solidariedade em tempos de grande divisão. Em última análise, a encíclica afirma que o Coração de Jesus nos convida a viver em comunhão com Cristo, transformando esse amor em ações práticas para um mundo mais justo.

Leia Mais"Dilexit nos": a nova encíclica do Papa sobre o Sagrado Coração de JesusA12 — Quais pontos da encíclica ajudam a Igreja a enfrentar desafios contemporâneos, como a polarização social e a falta de esperança?

Pe. Victor — O Papa Francisco centraliza a noção do amor incondicional de Cristo como modelo de superação das divisões sociais, incentivando os cristãos a construírem pontes e a buscarem a unidade. A Igreja, segundo a encíclica, é chamada a ser um espaço acolhedor e de diálogo.

Além disso, a encíclica promove um compromisso com a justiça e a caridade, destacando a importância de defender os marginalizados e lutar por justiça, o que reflete o amor de Cristo, na prática. A mensagem também incentiva o diálogo e o entendimento, para que a Igreja atue como agente de coesão em tempos de incertezas.

Esses pontos são fundamentais para a Igreja em sua missão de ser fonte de transformação social, oferecendo uma esperança que inspire e mobilize os cristãos a enfrentarem os desafios atuais com solidariedade e compaixão.

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A12 — De que forma a mensagem do Sagrado Coração de Jesus pode influenciar as discussões e a missão da Igreja hoje?

Pe. Victor — A encíclica apresenta o amor do Coração de Jesus como o alicerce da missão da Igreja.

O Papa Francisco enfatiza que a Igreja deve ser composta por “missionários apaixonados”, pessoas transformadas pelo amor de Cristo e dedicadas a levar esse amor ao mundo (Dilexit nos, n. 209).

Dessa maneira, a encíclica propõe que a missão e o compromisso social da Igreja estejam fundamentados no Coração de Jesus, com foco especial na justiça e na inclusão.

A12 — Como o amor de Cristo, ressaltado na encíclica, pode ser vivido de forma prática pelos fiéis, especialmente na vivência do Jubileu da Esperança, em 2025?

Pe. Victor — O Papa Francisco destaca que o amor de Cristo deve ser a base para a celebração do Grande Jubileu de 2025, no qual todos são chamados a ser “peregrinos de esperança”. Para isso, os fiéis podem viver esse amor por meio de práticas de acolhimento e inclusão em suas comunidades e paróquias, promovendo um ambiente de abertura a todos.

A encíclica sugere que esse amor também se concretize no serviço comunitário, incentivando atividades de solidariedade, como o apoio aos mais necessitados e ações de voluntariado. Esse serviço busca expressar o amor de Cristo em gestos concretos e oferecer conforto a quem mais precisa.

O Jubileu também é uma oportunidade de promover a espiritualidade do Sagrado Coração, incentivando os fiéis a cultivar a paz e a esperança em tempos difíceis.

A12 — A espiritualidade do Sagrado Coração pode ser vista como um caminho para moldar a fé das novas gerações e o futuro da Igreja?

Pe. Victor — Sim, esse caminho espiritual, segundo o Papa Francisco, ressoa com a busca das novas gerações por autenticidade e engajamento social, valores que são destacados no documento.

Ao conectar a devoção ao Sagrado Coração com as encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti, que enfatizam a justiça social e o cuidado com a criação, o Papa oferece uma visão da fé que é, ao mesmo tempo, atual e enraizada no amor divino.

Dessa forma, a espiritualidade do Coração de Jesus apresenta-se como uma resposta espiritual e prática às necessidades do mundo contemporâneo, inspirando os jovens a viverem a fé cristã de maneira comprometida e ativa.

A esperança na missão da Igreja

A encíclica “Dilexit nos” destaca o Sagrado Coração de Jesus como fonte de amor, esperança e transformação, chamando a Igreja a ser uma presença reconciliadora e justa.

Através dessa devoção, os fiéis são convidados a viver o amor de Cristo de maneira prática e a se engajarem na missão da Igreja para um futuro de paz e solidariedade.

Com essa espiritualidade como guia, a encíclica fornece aos cristãos um caminho para renovar sua fé e fortalecer o papel da Igreja no mundo atual.