Igreja

'G7 da Inclusão' discute direitos de pessoas com deficiência e apresenta carta ao Papa

Evento em Assis, na Itália, reúne ministros e jovens com deficiência para discutir direitos e inclusão

Escrito por Redação A12

15 OUT 2024 - 08H33 (Atualizada em 15 OUT 2024 - 08H50)

Reprodução/ Vatican News

Assis, cidade italiana conhecida por ser “a casa” de São Francisco, tornou-se o ponto de encontro de inúmeras associações, famílias e instituições comprometidas em mostrar ao mundo as capacidades das pessoas com deficiência, evitando definições limitantes que ressaltam apenas o que lhes falta. Em um dia ensolarado na esplanada em frente à Basílica Inferior de São Francisco, teve início nesta segunda-feira (14), o G7 da Inclusão e Deficiência, sob a presidência italiana.

Participaram do evento ministros responsáveis pela questão da deficiência dos sete países do G7, além da União Europeia e representantes de quatro outras nações: Quênia, Tunísia, África do Sul e Vietnã. Nos próximos dois dias, no Castelo de Solfagnano, próximo a Perugia, políticos e membros da sociedade civil irão dialogar sobre boas práticas e necessidades futuras. A palavra “juntos” foi repetida diversas vezes pelos ministros, ressaltando a importância da colaboração para melhorar a situação das pessoas com deficiência. Ao final dos três dias, a Carta de Solfagnano será finalizada e apresentada ao Papa Francisco na quinta-feira, dia 17 de outubro.

Na cerimônia de abertura, os hinos nacionais foram executados por três bandas inclusivas, compostas por 80 músicos, dos quais 50 são pessoas com deficiência. Durante mais de duas horas, experiências de jovens com deficiência foram compartilhadas, demonstrando determinação, tenacidade e a coragem de reivindicar o direito ao estudo, ao trabalho e à inclusão. Essas histórias devem ser vistas não com pena, mas com admiração e respeito.

Entre os relatos, destacou-se a história de Paolo Puddu, um jovem de Cagliari. Sua voz é a de Simona, que o acompanha, e seus pensamentos são expressos através de uma tábua transparente com letras do alfabeto, com as quais ele formula seu profundo e comovente discurso. Formado em literatura, ele é diretor da associação ABC, que apoia crianças com dano cerebral.


Reprodução/ Vatican News
Reprodução/ Vatican News

“Somos todos poesia”

Maria Teresa Rocchi, que tem síndrome de Down, sonha em dançar na televisão e trabalha em um jardim de infância na Úmbria. Benedetta De Luca, uma advogada famosa nas redes sociais, compartilhou a definição que um médico deu sobre ela: “um livro de música maravilhosa que caiu em uma bacia cheia de água”. Por isso devemos ter cuidado, usar a delicadeza que é necessária ao lidar com pessoas com deficiência. O escritor Guido Marangoni preferiu deixar a irmã de Anna, sua filha caçula com síndrome de Down, falar, convidando todos a observar como as crianças naturalmente apontam caminhos para a inclusão. “Nós somos diferentes”, diz Guido, “porque somos todos poesia”. Enrico delle Serre, com transtorno do espectro autista, lembrou com firmeza que a deficiência diz respeito a todos e que a diversidade enriquece. Ele destacou a necessidade de garantir as mesmas oportunidades “para expressar nosso potencial, somos” — diz ele — “pessoas que merecem ser ouvidas”. “Somente juntos podemos mudar o mundo”.

A ministra italiana para a Deficiência, Alessandra Locatelli, destacou que o G7 representa “um desafio e um forte sinal de mudança”. Em entrevista à mídia do Vaticano, ela enfatizou a importância de colocar a pessoa em primeiro lugar, convidando a sociedade a não deixar ninguém para trás e a valorizar o potencial, os talentos e as habilidades de cada indivíduo, em vez de focar apenas nas limitações.

Locatelli revelou que sua proposta para o G7 foi fortemente apoiada pelo Canadá e pelo Reino Unido. Ela também relançou o “Projeto Vida”, que visa promover um caminho de saúde personalizado para cada pessoa, evitando fragmentações que atrasam o atendimento. Em resposta a uma mãe preocupada com os cuidadores, a ministra ressaltou a necessidade de não deixá-los sozinhos e defendeu a criação de regulamentações específicas para eles, algo que não existe há algum tempo.

Irmã Verônica Donatello, responsável pelo Serviço de Pastoral para Pessoas com Deficiência da Conferência Episcopal Italiana, é uma das figuras-chave deste G7. Coordenando 140 voluntários que dedicaram seu tempo para o sucesso do evento, ela afirma que “é necessária uma mudança de mentalidade” em relação ao mundo da deficiência. Segundo ela, “o tema da deficiência não pode ficar à margem; o desafio cultural é que esse evento se torne uma prática tanto no âmbito civil quanto eclesial”.

Paralelamente ao evento, as ruas de Assis abrigam cerca de 100 estandes administrados pelo terceiro setor, apresentando projetos diversos. Muitos food trucks de toda a Itália, onde jovens com autismo e outras deficiências trabalham, também marcam presença. Entre eles está o “N'arancina Speciale” de Caltanissetta, no qual pessoas com deficiência estão envolvidas na produção e venda de arancine feitas com ingredientes locais. O “Frolla Microbiscottificio”, criado há seis anos em Osimo, na província de Ancona, emprega cerca de 25 jovens que trabalham com perseverança e grande determinação. Essas iniciativas focam nas habilidades e promovem a inclusão através do trabalho e servem de exemplo para todo o mundo.

Fonte: Vatican News

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