Igreja

Joana da Cruz: a Serva de Deus que passou por três processos de canonização

A Serva de Deus Joana da Cruz será beatificada sem a necessidade de milagre reconhecido

Escrito por Redação A12

29 NOV 2024 - 09H56 (Atualizada em 29 NOV 2024 - 12H14)

Reprodução/ ACI Prensa

Mais de cinco séculos depois de sua morte, além de três processos de canonização, o Papa Francisco aprovou a beatificação de Joana da Cruz, dispensando o requisito do reconhecimento milagre, devido à fama de santidade deixada pela Serva de Deus. Leia MaisFrancisco anuncia a canonização de 14 santos e santas para a IgrejaCanonização: o que é e como acontece?

Desse modo, o dia 3 de maio passará a ser marcado no calendário litúrgico como a celebração da beata espanhola.

Vida e Santidade

Nascida em 1481, em Azaña (atual Numancia de la Sagra, na Espanha), em uma família humilde, Joana da Cruz ingressou no convento franciscano de Cubas de la Sagra aos 15 anos, mesmo sua família sendo contra.

No convento, recebeu os estigmas e começou a viver experiências místicas que atraíram a atenção de importantes figuras da época, como o cardeal Cisneros e o imperador Carlos V.

Sua vida foi marcada por milagres, carismas extraordinários como bilocação, o dom de línguas e curas, além de uma profunda influência espiritual e política.

Joana faleceu em 1534, com fama de santidade. Seu corpo foi encontrado incorrupto, anos após sua morte, reforçando a veneração popular. Representações artísticas a mostram frequentemente com símbolos de sua devoção, como a cruz, o pergaminho com a frase “O que me é dado a mim, senão de ti, meu Deus” e um vaso com flores, de onde emanam almas do purgatório.

O Mosteiro de Santa Maria da Cruz, onde viveu e morreu, permanece como um centro de devoção. Sua vida continua a inspirar fiéis, destacando-se como uma das figuras mais relevantes da Igreja Católica dos séculos XV e XVI.

Os Três Processos de Canonização

O caminho para os altares foi longo e marcado por desafios.

1. Primeiro Processo

Após a morte de Joana, sua veneração espontânea começou a tomar força. No entanto, o Papa Urbano VIII, ao reformular as regras de canonização, eliminou o método do “culto imemorial”, que permitia a canonização direta de santos aclamados pelo povo após 100 anos de sua morte. A reforma ocorreu quando faltavam apenas quatro anos para que Joana atendesse a esse critério.

2. Segundo Processo

Um segundo processo foi baseado em um livro atribuído a Joana, contendo 72 sermões que compunham um ciclo litúrgico completo. Apesar da relevância do material, conhecido como “conhorte” (conforte), o processo enfrentou um obstáculo insuperável: o manuscrito original foi levado para a biblioteca do Mosteiro do Escorial por ordem de Filipe II, impedindo sua análise detalhada pela Santa Sé.

3. Terceiro Processo e Reconhecimento Atual

Em 2015, o Papa Francisco reconheceu as virtudes heroicas de Joana da Cruz, relançando o processo de canonização. Agora, em 2024, o Santo Padre aprovou sua beatificação, reconhecendo a profundidade de sua santidade e o seu legado, sem a necessidade de comprovação de um milagre.

Fonte: ACI Digital

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