Negro Manuel, o protetor da Virgem de Luján

A história de Manuel Costa Ríos, apelidado de “Negro Manuel”, um cabo-verdiano que dedicou sua vida ao cuidado da Virgem de Luján, é um testemunho de fé que toca corações em diferentes continentes. 

Nascido na África, Manuel Costa foi escravizado e levado à América, onde sua trajetória se entrelaçou com um dos maiores ícones marianos da Argentina.

De escravo a zelador da Virgem de Luján

Em 1630, Negro Manuel viajou no mesmo barco que levava duas imagens da Imaculada Conceição para a América. Após várias dificuldades no transporte das imagens, na segunda noite em Buenos Aires, um dos carros de bois não se mexia. 

Após várias tentativas, colocaram no chão as caixas que continham dentro uma das imagens da Virgem Maria. No mesmo instante, o carro de boi voltou a andar. Assim, interpretaram que Maria queria ficar ali, às margens do rio Luján. Negro Manuel, que foi testemunha de todo o milagre, foi colocado para cuidar da Imagem.

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Por mais de 40 anos, ele dedicou sua vida à Virgem, limpando e zelando pela imagem com devoção inabalável. No entanto, mesmo em seu serviço sagrado, enfrentou desafios, como a disputa por sua liberdade.

Em 1670, Ana de Matos adquiriu a imagem para transportá-la para a sua casa, na localidade que hoje é conhecida como Luján. A imagem desapareceu misteriosamente em duas tentativas, sendo novamente encontrada ao lado de Negro Manuel no seu lugar original.

Um ano após esses episódios, foi decidido transferir em procissão a Imagem para a vila, e juntamente com o seu zelador, Negro Manuel. Sabendo deste fato, os herdeiros do falecido proprietário de Manuel o reivindicaram para si, fazendo-o retornar para Buenos Aires.

E neste momento, ele proclama: “Sou só da Virgem”. 

Pquia. Nuestra Señora de Luján, CABA/argentina.gob.ar

Negro Manuel junto à Virgem de Luján na Basílica, na Argentina

Para resolver a disputa, Ana de Matos e os devotos de Maria de Luján fizeram uma arrecadação e compraram Negro Manuel, para que nunca mais voltasse a ser escravo e continuasse o seu serviço à Virgem e fosse, como desejava Manuel, dela para sempre.

Manuel faleceu em 1686, pouco tempo depois da conclusão da capela de Villa de Luján. Hoje, sua memória vive em uma das capelas laterais da Basílica de Luján, onde sua imagem inspira uma crescente devoção.

Basílica de Luján, na Argentina

Processo de Beatificação de Negro Manuel

A caminhada rumo à beatificação de Negro Manuel começou oficialmente com a entrega do compêndio documental ao Dicastério para as Causas dos Santos, no Vaticano.

Esse material, que narra sua história e virtudes, foi apresentado pelo Arcebispo de Mercedes-Luján, Dom Jorge Scheinig, marcando o início da fase romana do processo.

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Negro Manuel, descrito como "servo fiel da Virgem de Luján", teve sua causa de beatificação impulsionada ainda na década de 1980, quando sua história começou a atrair atenção. Nos anos 2000, sob a liderança do então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco, foi iniciada uma investigação mais aprofundada.

Durante sua visita ao Vaticano em junho deste ano, o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, reforçou o desejo de ver Manuel Costa reconhecido como beato, sublinhando a relevância de sua figura histórica para a fé de dois continentes: América e África.

Pquia. Nuestra Señora de Luján, CABA/argentina.gob.ar

Imagem de Negro Manuel

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Fonte: Vatican News/Aleteia/Mindelisite/Voa Português