Na segunda metade do século XIX aconteceu uma grave crise envolvendo a Igreja e o Império Brasileiro. O desdobramento em vários episódios trouxe sérias consequências, sendo uma delas o distanciamento ainda maior da Igreja Católica e maçonaria, que passa a ser objeto de mais críticas e condenações.
Leia MaisA12 esclarece sobre a proibição da maçonaria para os católicos A maçonaria, que já era uma instituição proibida para os católicos, passa a ser condenada com mais veemência e aos católicos continua sendo proibido sua adesão à maçonaria, pois se tal acontecesse, seria réu de graves penalidades.
A Questão Religiosa
Em 1872, a maçonaria organizou uma grande festa para o primeiro ministro Visconde do Rio Branco, na cidade do Rio de Janeiro. Ele era grão-mestre da ordem maçônica. Na ocasião, o padre Almeida Martins fez um discurso ao homenageado que foi reproduzido nos principais jornais da época.
Dom Pedro Maria Lacerda, último bispo do Rio de Janeiro do período imperial (1808-1890), condenou veementemente a atitude do padre e o obrigou a deixar a maçonaria. O padre se recusou, sendo então suspenso “A Divinis”, vedando a ele o exercício do ministério, o uso ordens sagradas ou que usufruísse de qualquer privilégio oriundo de seu estado clerical.
As lojas maçônicas e a imprensa liberal de todo o Brasil começaram uma campanha de difamação contra o episcopado, sendo que ela se tornou mais intensa em Pernambuco e no Pará.
Dom Vital de Oliveira era bispo de Olinda e Dom Macedo Costa era bispo do Pará. Antes mesmo do início desta crise já haviam começado um processo de reforma em suas dioceses, purificando as irmandades e confrarias, expurgando delas os que se declarassem maçons. Os bispos queriam ainda purificar o clero de seus membros de tendência liberal.
Aconteceu que várias confrarias e irmandades não obedeceram aos bispos, motivados então a tomar várias medidas saneadoras lançando sobre elas o “interdito”, proibindo suas reuniões e vedando o recrutamento de novos membros.
As confrarias recorreram ao poder civil a fim de suspender o interdito. Os dois bispos ganham 15 dias para suspender a determinação porque suas bulas não haviam recebido o Placet ou autorização imperial.
Mas os bispos se recusaram a voltar atrás, abaixando a cabeça ao poder civil, sendo presos, conduzidos ao Rio de Janeiro onde foram julgados e condenados a 4 anos de prisão, com trabalhos forçados. Mais tarde, o imperador mudou sua pena em prisão simples até que em 1875, foram anistiados, podendo voltar às suas dioceses.
Mas a cizânia já tinha sido lançada. A Igreja aos poucos foi retirando apoio que dava ao império que cairia em novembro de 1889, com a proclamação da república.
Para entender a questão
O pontificado do Papa Pio IX foi marcado pelo chamado ultramontanismo e pela luta contra o regalismo que justifica a interferência do poder civil na vida interna e na administração da Igreja. Em 1864, o mesmo papa havia condenado as sociedades secretas, entre elas a maçonaria.
Quando a Questão Religiosa começou o Brasil havia saído a pouco da Guerra do Paraguai, com o governo sentindo-se fortalecido, querendo mostrar o seu poder, porque neste tempo já cresciam as manifestações contrárias à monarquia que propunham a instauração da República.
Alguns problemas internos da Igreja ajudaram a complicar a situação. Entre eles são citados a desatualização dos estudos nos seminários, ainda baseados na Escolástica, no moralismo e no sobrenaturalismo, pela não aceitação das explicações das ciências aos fenômenos naturais.
O clero continuava padecendo de uma má formado e muitos de seus membros eram intolerantes ao pensamento contrário. Vários setores da Igreja eram fechados às mudanças, ficando na esfera da defesa e da passividade. O tradicionalismo da religião tinha como marcas mais fortes o ritualismo e o devocionalismo bastante superficial.
A maçonaria mostra sua força
A Questão Religiosa representa a mais forte tentativa das autoridades civis dominarem a Igreja, com sua reação ao regalismo e aos excessos do poder civil. A maçonaria é de característica liberal-racionalista e sua ação baseia-se nos princípios do positivismo, contando com o apoio da burguesia radicada mais nas cidades e com forte presença entre a classe política e nos profissionais liberais.
A Igreja, por sua vez, era mais conservadora, tradicionalista, fundando sua ação na escolástica, sendo apoiada pela sociedade rural, tendo no campo sua base principal.
Depois da condenação de Dom Vital e de Dom Macedo Costa, vendo todos os desdobramentos, o imperador Pedro II enviou uma missão diplomática à Roma, conduzida pelo Barão de Penedo. Mas a crise estava armada, trazendo consequências que ainda hoje são sentidas.
Aos poucos a Igreja vai se distanciando e esfriando em seu apoio à monarquia. Os bispos condenados passam a ser vistos como mártires, estando hoje em processo de beatificação, provocando o renascimento do fervor religioso e adesão mais profunda à fé e à Igreja.
A Igreja se renova, se torna mais unida e dinâmica, buscando uma maior liberdade de ação, ao perceber que pode viver sem o apoio econômico do estado e por este tempo começa uma crítica mais intensa à Lei do Padroado e ao regalismo do estado. Mais tarde alguns segmentos da Igreja afirmarão que viviam numa “gaiola dourada".
Avaliando a questão com o distanciamento necessário percebe-se que na ocasião faltou unidade do episcopado, pois os dois bispos condenados lutaram praticamente sozinhos. Por outro lado, o governo civil agiu com excesso, porque as confrarias eram organizações de Igreja, devendo recorrer antes de tudo ao metropolitano e não ao governo civil.
A ação e a influência da imprensa liberal contribuíram de forma errônea na compreensão dos fatos e na formação da opinião pública. Além do mais, falou mais alto o poder econômico e político da maçonaria.
E, por fim, é visível que este episódio ajudou a criar mais desconfiança e até mesmo preconceitos contra a maçonaria que, como organização, é muito antiga, tendo sido criada com outras finalidades que não a intransigência religiosa e o combate à Igreja, como veremos no próximo artigo.
.:: Rádio Aparecida esclarece a diferença entre seita e religião
Pela primeira vez, Papa abre Porta Santa em penitenciária
"Abra os corações para a esperança”, exorta o Papa na Penitenciária de Rebbibia, na abertura da segunda Porta Santa.
7 lições do Papa para o Jubileu na benção Urbi et Orbi
Papa destaca Jesus como a Porta Santa da Paz, convidando a todos a vivenciar o Jubileu vencendo as divisões.
7 agendas de Aparecida para te acompanhar em 2025!
Leve um pedacinho do Santuário Nacional e a Mãe aAparecida em seus planejamentos, sonhos e organizações!
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.