O Papa do Milênio, São João Paulo II, morreu em 2 abril de 2005, aos 84 anos, depois de um longo período de enfermidade.
Com 26 anos de um longo e frutuoso pontificado, João Paulo II foi o Papa com o terceiro maior tempo à frente da Igreja Católica. O Papa, que logo após a sua morte foi aclamado “Santo Súbito” pelo povo, foi canonizado em 2014, pelo Papa Francisco.
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Dos documentos que escreveu e deixou como herança para a Igreja, escolhemos o seu Testamento, onde deixa algumas reflexões.
O texto foi redigido em diversas datas, durante 21 anos. O primeiro registro foi feito em 6 de março de 1979, durante o retiro quaresmal e o último, no dia 17 de março de 2000, durante o Jubileu do Milênio.
Na maior parte do texto, ele deixa recomendações para a hora de sua morte, mas em alguns momentos ele lança um olhar sobre a sua vida, compartilhando algumas palavras de fé.
Confira:
Todo de Maria (Totus tuus Mariae)
“Vigiai, porque não sabeis em que dia o Senhor virá!” (cf. Mt 24, 42) Estas palavras recordam-me a última chamada, que acontecerá no momento em que o Senhor vier. Desejo segui-Lo e desejo que tudo o que faz parte da minha vida terrena me prepare para este momento. Não sei quando ele virá, mas como tudo, também deponho esse momento nas mãos da Mãe do meu Mestre: Totus Tuus Mariae.
Nas mesmas mãos maternas, deixo tudo e todos aqueles com os quais a minha vida e a minha vocação me pôs em contato. Nestas mãos, deixo sobretudo a Igreja, e também a minha nação e toda a humanidade. A todos agradeço. A todos peço perdão. Peço também a oração, para que a misericórdia de Deus se mostre maior que a minha debilidade e indignidade”.
6 de março de 1979
Despojamento
“Não deixo propriedade alguma da qual seja necessário dispor. Quanto aos objetos de uso cotidiano que me serviam, peço que sejam distribuídos como for oportuno”.
6 de março de 1979
24 de fevereiro de 1980 a 1º de março de 1980
Pertenço ao Senhor
“No dia 13 de Maio de 1981, o dia do atentado ao Papa durante a audiência geral na Praça de São Pedro, a Divina Providência salvou-me de modo milagroso da morte. Aquele que é o único Senhor da vida e da morte, Ele mesmo me prolongou esta vida, de certo modo concedeu-me de novo. A partir desse momento, ela pertence-Lhe ainda mais.
Espero que Ele me ajude a reconhecer até quando devo continuar este serviço, para o qual me chamou no dia 16 de Outubro de 1978. Peço-lhe que me chame quando Ele mesmo quiser. 'Na vida e na morte, pertencemos ao Senhor... somos do Senhor' (cf. Rm 14, 8). Também espero que, enquanto me for concedido cumprir o serviço Petrino na Igreja, a Misericórdia de Deus me queira conceder as forças necessárias para este serviço”.
17 de março de 2000
A riqueza do Concílio Vaticano II
“Estando no limiar do terceiro milênio 'in medio Ecclesiae', desejo mais uma vez expressar gratidão ao Espírito Santo, pelo grande dom do Concílio Vaticano II, ao qual, juntamente com toda a Igreja e, sobretudo, com todo o episcopado, me sinto devedor. Estou convencido de que ainda será concedido às novas gerações haurir das riquezas que este Concílio do século XX nos concedeu.”
17 de março de 2000
Deus vos recompense
“À medida que se aproxima o limite da minha vida terrena, volto com a memória ao início.
Aos meus pais, ao irmão e à irmã (que não conheci, porque morreu antes do meu nascimento), à paróquia de Wadowice, onde fui batizado, àquela cidade da minha juventude, aos coetâneos, companheiras e companheiros da escola elementar, do ginásio, da universidade, até aos tempos da ocupação, quando trabalhei como operário, e depois na paróquia de Niegowic, na paróquia de São Floriano, em Cracóvia, à pastoral dos acadêmicos, ao ambiente... a todos os ambientes... a Cracóvia e a Roma...
Às pessoas que, de modo especial, me foram confiadas pelo Senhor. A todos desejo dizer uma só coisa: 'Deus vos recompense'.”
17 de março de 2000
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