“A Cruz se torna a cátedra de Deus e nela o Senhor nos ensina que a verdadeira glória, aquela que nunca se apaga e nos faz felizes, é feita de dom e perdão que são a essência da glória de Deus.” Papa Francisco — Quaresma 2024.
Temos a graça de viver mais uma vez a Semana Santa, que também é chamada tradicionalmente de “Semana Maior” e que a Igreja sempre inicia com a celebração do Domingo de Ramos.
Precisamos nos atentar para a história e tradição da Semana Santa que a Igreja começou a celebrar há mais de mil e quinhentos anos, evoluindo em seu formato e conteúdo até chegar na atual forma de celebração. Neste período a Igreja celebra de maneira especial e intensa os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Leia MaisEntenda as simbologias da Semana Santa
Celebrar a Semana Santa, com suas diferentes expressões litúrgicas, de piedade popular, misturada com elementos da cultura popular, implica reviver o sentido profundo do mistério celebrado que nos é dado pela liturgia.
Precisamos viver a Semana Santa não como algo exterior que “assistimos”, como se não tocasse a nós, mas como um momento de graça que nos leva ao encontro do amor de Jesus que fez da cruz a grande expressão de sua entrega à humanidade.
Dias de fé e de renovação
Domingo de Ramos. Também chamado de Domingo da Paixão, este dia recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O Evangelho da Paixão que é proclamado neste dia nos recorda que, apesar de sido aclamado como rei, Jesus foi rejeitado pelas autoridades judaicas e romanas, as mesmas que governavam o povo e se uniram para concretizar sua morte.
É importante recordar que a celebração do Domingo de Ramos não encerra os dias da quaresma, que somente se concluiu com o início do Tríduo Pascal, na quinta-feira santa.
Dias da Semana. Nos dias seguintes ao Domingo de Ramos — segunda, terça e quarta-feira — a liturgia nos propõe a recordação de alguns acontecimentos marcantes da vida de Jesus em Jerusalém e também alguns acontecimentos singelos, como seu encontro com os amigos Lázaro, Marta e Maria, em Betânia.
Nos dias da semana devemos intensificar nossa preparação para a páscoa pela reflexão, recolhimento, silêncio e oração, para acompanharmos Jesus, entrando no Tríduo Pascal, bem preparados para fazermos “Memória da Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor” em comunidade, como grande fundamento de nossa fé que se renova a cada eucaristia que celebramos.
Tríduo Pascal
Quinta-feira Santa. O Tríduo Pascal se inicia com a celebração da Quinta-Feira Santa, com os seus elementos litúrgicos nos recordando a instituição da Eucaristia, do Sacerdócio Ministerial e o mandamento novo da Fraternidade que neste ano, com a Campanha da Fraternidade, ganha a bonita dimensão da Amizade Social.
No final da celebração deste dia a eucaristia é transladada para outro local e o sacrário, fica vazio para que todos possam entrar no clima de pesar pela morte de Jesus. Um dos gestos litúrgicos marcantes deste dia é o lava-pés, recordando o que Jesus fez no início da sua última ceia, lavando, por amor, os pés de seus apóstolos.
Sexta-feira Santa. Este é o dia em que os cristãos são chamados a contemplar o crucificado. Neste dia, somos convidados a viver o jejum pascal, que não deve ser visto como uma obrigação por medo do pecado, mas uma forma de nos prepararmos espiritualmente para a páscoa do Senhor.
Em muitas paróquias se realiza a Procissão do Senhor Morto que vai além do simples gesto de acompanhar o corpo de Jesus, se transformando num compromisso de cada pessoa de trabalhar para que as muitas formas de cruz e de paixão que existem em nosso mundo possam ser extirpadas.
Sábado Santo. Na manhã deste dia os cristãos continuam guardando um respeitoso silêncio considerado o dia do Sepultado, em profunda contemplação Daquele que por nós morreu, do qual esperamos a ressurreição. Neste dia, a exemplo de Maria, os cristãos permanecem junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e morte, a sua descida à mansão dos mortos, e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição para poderem, na Vigília Pascal, proclamar o forte do brado do “Aleluia Pascal”.
O sábado santo encerra o Tríduo Pascal e prepara os cristãos para a celebração da páscoa de Jesus.
Domingo de Páscoa. É o dia do Ressuscitado que, como rezamos a liturgia “é o tempo que o Senhor fez para nós”. O domingo da Páscoa se caracteriza como “o dia de alegria’, com a celebração festiva da comunidade começando sempre com a aspersão da água que foi abençoada na Vigília Pascal”: nas primeiras comunidades cristãs a páscoa marcava o fim da preparação dos catecúmenos e o início de uma vida nova, participando integralmente da comunidade cristã.
Com o domingo da páscoa a Igreja viverá a Oitava Pascal e depois continuará durante 50 dias o Tempo Pascal, como um período de júbilo que levará a Igreja à Festa de Pentecostes.
Jesus Crucificado nos ensina que o caminho de quem não se cansa de amar, confiante de que isto testemunha Deus no mundo e faz brilhar a beleza da vida, passa necessariamente pela cruz. Recordemo-nos que quando doamos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus. Esta é a vida nova que brota da ressurreição do Senhor e que nunca mais terá fim, pois somos não “os cantores da morte, e sim os que proclamam sempre a força da vida”.
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