Igreja

Para viver bem a Semana Santa

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

25 MAR 2024 - 15H19 (Atualizada em 25 MAR 2024 - 15H56)

marianstock/ Shutterstock.

“A Cruz se torna a cátedra de Deus e nela o Senhor nos ensina que a verdadeira glória, aquela que nunca se apaga e nos faz felizes, é feita de dom e perdão que são a essência da glória de Deus.” Papa Francisco — Quaresma 2024.

Temos a graça de viver mais uma vez a Semana Santa, que também é chamada tradicionalmente de “Semana Maior” e que a Igreja sempre inicia com a celebração do Domingo de Ramos. 

Precisamos nos atentar para a história e tradição da Semana Santa que a Igreja começou a celebrar há mais de mil e quinhentos anos, evoluindo em seu formato e conteúdo até chegar na atual forma de celebração. Neste período a Igreja celebra de maneira especial e intensa os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Leia MaisEntenda as simbologias da Semana Santa

Celebrar a Semana Santa, com suas diferentes expressões litúrgicas, de piedade popular, misturada com elementos da cultura popular, implica reviver o sentido profundo do mistério celebrado que nos é dado pela liturgia.

Precisamos viver a Semana Santa não como algo exterior que “assistimos”, como se não tocasse a nós, mas como um momento de graça que nos leva ao encontro do amor de Jesus que fez da cruz a grande expressão de sua entrega à humanidade.

Dias de fé e de renovação

Domingo de Ramos. Também chamado de Domingo da Paixão, este dia recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O Evangelho da Paixão que é proclamado neste dia nos recorda que, apesar de sido aclamado como rei, Jesus foi rejeitado pelas autoridades judaicas e romanas, as mesmas que governavam o povo e se uniram para concretizar sua morte.

É importante recordar que a celebração do Domingo de Ramos não encerra os dias da quaresma, que somente se concluiu com o início do Tríduo Pascal, na quinta-feira santa.

Dias da Semana. Nos dias seguintes ao Domingo de Ramos — segunda, terça e quarta-feira — a liturgia nos propõe a recordação de alguns acontecimentos marcantes da vida de Jesus em Jerusalém e também alguns acontecimentos singelos, como seu encontro com os amigos Lázaro, Marta e Maria, em Betânia.

Nos dias da semana devemos intensificar nossa preparação para a páscoa pela reflexão, recolhimento, silêncio e oração, para acompanharmos Jesus, entrando no Tríduo Pascal, bem preparados para fazermos “Memória da Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor” em comunidade, como grande fundamento de nossa fé que se renova a cada eucaristia que celebramos.

Tríduo Pascal

Quinta-feira Santa. O Tríduo Pascal se inicia com a celebração da Quinta-Feira Santa, com os seus elementos litúrgicos nos recordando a instituição da Eucaristia, do Sacerdócio Ministerial e o mandamento novo da Fraternidade que neste ano, com a Campanha da Fraternidade, ganha a bonita dimensão da Amizade Social.

No final da celebração deste dia a eucaristia é transladada para outro local e o sacrário, fica vazio para que todos possam entrar no clima de pesar pela morte de Jesus. Um dos gestos litúrgicos marcantes deste dia é o lava-pés, recordando o que Jesus fez no início da sua última ceia, lavando, por amor, os pés de seus apóstolos.

Sexta-feira Santa. Este é o dia em que os cristãos são chamados a contemplar o crucificado. Neste dia, somos convidados a viver o jejum pascal, que não deve ser visto como uma obrigação por medo do pecado, mas uma forma de nos prepararmos espiritualmente para a páscoa do Senhor.

Em muitas paróquias se realiza a Procissão do Senhor Morto que vai além do simples gesto de acompanhar o corpo de Jesus, se transformando num compromisso de cada pessoa de trabalhar para que as muitas formas de cruz e de paixão que existem em nosso mundo possam ser extirpadas.

Sábado Santo. Na manhã deste dia os cristãos continuam guardando um respeitoso silêncio considerado o dia do Sepultado, em profunda contemplação Daquele que por nós morreu, do qual esperamos a ressurreição. Neste dia, a exemplo de Maria, os cristãos permanecem junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e morte, a sua descida à mansão dos mortos, e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição para poderem, na Vigília Pascal, proclamar o forte do brado do “Aleluia Pascal”.

O sábado santo encerra o Tríduo Pascal e prepara os cristãos para a celebração da páscoa de Jesus.

Domingo de Páscoa. É o dia do Ressuscitado que, como rezamos a liturgia “é o tempo que o Senhor fez para nós”. O domingo da Páscoa se caracteriza como “o dia de alegria’, com a celebração festiva da comunidade começando sempre com a aspersão da água que foi abençoada na Vigília Pascal”: nas primeiras comunidades cristãs a páscoa marcava o fim da preparação dos catecúmenos e o início de uma vida nova, participando integralmente da comunidade cristã.

Com o domingo da páscoa a Igreja viverá a Oitava Pascal e depois continuará durante 50 dias o Tempo Pascal, como um período de júbilo que levará a Igreja à Festa de Pentecostes.

Jesus Crucificado nos ensina que o caminho de quem não se cansa de amar, confiante de que isto testemunha Deus no mundo e faz brilhar a beleza da vida, passa necessariamente pela cruz. Recordemo-nos que quando doamos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus. Esta é a vida nova que brota da ressurreição do Senhor e que nunca mais terá fim, pois somos não “os cantores da morte, e sim os que proclamam sempre a força da vida”.

Escrito por:
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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