Entre os nove países que compõem a Pan-Amazônia, registra-se uma presença aproximada de três milhões indígenas, composta por cerca de 390 povos e nacionalidades diferentes. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), entre 110 e 130 ‘povos livres’, ou ‘Povos Indígenas em Situação de Isolamento Voluntário’ também vivem nesse território.
Esses povos indígenas possuem culturas, costumes, tradições e saberes que constituem sua identidade. Esses costumes estão muito ligados à terra, ao contato com a natureza e seus ancestrais.
Em Roma, a Tenda Casa Comum trouxe quer mostrar um pouco do rosto amazônico. Dentro desse universo, destaca-se a amplitude da espiritualidade Amazônica.
Entre as apresentações da Igreja Santa Maria em Transpontina, chama a atenção a troca de experiências e conhecimentos entre os povos originários. Com respeito à igreja, templo sagrado, e aos costumes uns dos outros, missionários, ribeirinhos e indígenas trocavam informações sobre plantas medicinais, mitos e sua espiritualidade.
Do Norte do Brasil, na região do alto Solimões, na fronteira com Peru e Colômbia, a missionária Raimunda Paixão, membro da equipe itinerante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), destaca que para os povos originários, o rio, a terra, as aves, a natureza em geral são elementos importantes.
Para os indígenas, a floresta é um Santuário e a natureza precisa ser respeitada como parte integrante da nossa vida. “Nós também somos natureza e o respeito é fundamental. Não se corta uma árvore sem pedir licença. Sempre nesse respeito e nessa conexão. Falamos hoje sobre os mitos dos povos indígenas. Os mitos sustentam a vida espiritual. Dentro dessa mística, falamos sobre o rio e as plantas, essenciais para cura, proteção e prevenção de doenças”.
Como missionária itinerante, o trabalho de Raimunda transpassa fronteiras. “Criamos redes entre os povos e organizações, além de fortalecer as comunidades”.
:: Mais informações sobre o Sínodo da Amazônia ::
Sobre a possibilidade de evidenciar essas realidades no Sínodo, a missionária destaca a oportunidade dada pelo Papa Francisco. “É um homem de Deus, inspirado, que enxerga a humanidade. A convocação do Sínodo pelo Papa é sinal de que ele sabe que o povo e Amazônia sofrem”.
Raimunda ainda destacou a problemática diante da exploração predatória da natureza, feita por madeireiras, garimpeiros, mineradoras. “Isso tudo está destruindo a Amazônia e o Sínodo veio para ajudar a olhar o outro lado. O sistema capitalista está olhando apenas a riqueza em detrimento dos que tem menos e para nós amazônicos, a natureza é a nossa vida", pontuou.
Segundo ela, quando os rios são contaminados, a natureza e animais destruídos e isso, consequentemente, destrói a vida humana.
“Quando os indígenas defendem a terra é para salvar a humanidade”
“O Sínodo é um momento de reflexão séria, denúncia e esperança. Onde podemos unir forças e lutar por aquilo que é nosso”, concluiu.
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) é um organismo vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que há 45 anos atua em defesa dos direitos dos povos indígenas do Brasil. O organismo conta com missionários e missionárias, compondo equipes de área localizadas em várias regiões do país. São leigos e religiosos cuja presença solidária, comprometida e enculturada é testemunho da fé na utopia pascal.
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