Por Tatiana Bettoni Em Igreja

Sacerdote brasileiro fala sobre evangelização na Faixa de Gaza

Padre Mário da Silva, do Instituto do Verbo Encarnado, está na Faixa de Gaza há dois anos prestando assistência pastoral para 170 católicos* na Paróquia Sagrada Família. A região localizada no Oriente Médio é palco da guerra entre israelenses e palestinos do Hamas, e sofreu uma escalada da violência em meados de 2014, o que deixou centenas de desabrigados que se refugiam em escolas e igrejas.

Foto de: Reprodução

Pe. Mário da Silva - Faixa de Gaza

Bairro destruído durante bombardeios na Faixa de Gaza. 

 

Vivendo em situação de extrema pobreza e com mais de 1,7 milhões de habitantes, a região é vítima de bloqueios que tornam quase impossível o abastecimento de produtos básicos, como remédios e comida para a população.

Além do brasileiro e do pároco, o missionário argentino padre Jorge Hernandez, o trabalho de evangelização fica a cargo de doze religiosas: três irmãs do Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, seis Missionárias da Caridade, ordem fundada por Madre Teresa de Calcutá, e outras três da Congregação Rosary Sister.

Em entrevista respondida por email ao A12.com, padre Mário falou um pouco sobre a rotina missionária e a necessidade de aumentar a ajuda humanitária para Faixa de Gaza. Confira: 

A12- Como está a situação em Gaza atualmente?

Nós estamos agora realizando trabalhos de reconstrução da cidade. Temos mais ou menos 400 mil pessoas que dependem de ajuda humanitária. A maioria delas sem casa, morando em escolas ou em cabanas que elas mesmas fizeram com cobertores e lençóis. Sem mencionar que já se está aproximando o inverno e as chuvas.

Muitas pessoas buscam as coisas básicas para sobreviver como, por exemplo, alimentos, água, materiais de higiene e limpeza, etc. A maioria dos refugiados se encontra ainda morando em 18 escolas da ONU e outras do governo. A falta de alimento é uma coisa latente aos olhos de todos.

A12 - Que tipo de assistência a população tem recebido?

As ajudas humanitárias vão chegando, mas não são suficientes. Na medida em que passa o tempo, o mundo vai se esquecendo do que passou aqui e as ajudas vão diminuindo. São necessárias não somente ajuda material, mas também espiritual e psicológica para incitarmos o perdão e a abominação do ódio causado pela guerra.

Foto de: Reprodução/Dropbox.com

Padre Mário da Silva e crianças na Faixa de Gaza

Pe. Mário da Silva com crianças na Faixa de Gaza.

A12 - Como é a rotina missionária em Gaza?

As atividades da paróquia são muitas, devido ao fato de que os moradores não podem ir a outros lugares, falta emprego e não há muitas atividades recreativas, devemos inventar muitas atividades para os jovens e crianças daqui.

Temos missas todos os dias, mas principalmente quinta-feira, sexta-feira e domingo para os fiéis. Além disso, temos oratórios, visita às casas, grupos de oração para homens, mulheres e crianças.

A12 - Acredita que os conflitos na região terão fim um dia?

Como tudo nesta vida, algum dia veremos o fim dos conflitos também aqui nesta região. O único problema é que não sabemos quando e, pelo que vemos, não está tão próximo. Continuamos sempre firmes na esperança de lutar para que o príncipe da paz, Nosso Senhor Jesus Cristo, possa reinar no país onde ele nasceu.

 

* Dados da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

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