Igreja

Santa Sé autoriza experiência espiritual do Santuário de Maccio

Escrito por Redação A12

24 JUL 2024 - 15H34 (Atualizada em 25 JUL 2024 - 12H28)

Reprodução / trinitamisericordia.net

Recentemente o Dicastério para a Doutrina da Fé definiu novas normas que entraram em vigor para o discernimento de fenômenos naturais. Leia MaisSanta Sé tornou público o juízo negativo das aparições em AmsterdamVaticano trata de normas sobre aparições em novo documento“As aparições aprovadas têm seu lugar preciso na vida da Igreja”

E nesta quarta-feira (24) tornou pública a carta do cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, em relação à experiência espiritual do Santuário de Maccio em Villa Guardia, na Itália.

A experiência diz respeito a Joaquim Genovese, maestro e regente, casado e pai de duas filhas, no ano 2000 teve visões intelectuais do mistério da Trindade. Ele sugere que as pessoas rezem, façam adorações ao Santíssimo e novenas.

Em 2010, o então bispo Diego Coletti, após o contato com os escritos de Joaquim, concedeu à paróquia o título de Santuário dedicado à “Santíssima Trindade Misericórdia”.

No último dia 15 de julho o bispo de Como, cardeal Oscar Cantoni, recebeu a carta do prefeito do Dicastério com a aprovação do Papa Francisco validando a experiência e oferecendo esclarecimentos sobre os escritos do maestro.

O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé destacou os aspectos positivos presentes nas mensagens:

“A Trindade é a fonte da misericórdia e a sua perfeita realização. À luz desta convicção, o que várias vezes se afirma sobre a misericórdia de Deus ou de Cristo nos escritos espirituais e no Magistério adquire um forte significado trinitário. É conhecida a marginalização do mistério trinitário na reflexão teológica e na espiritualidade dos séculos passados. Neste sentido, a experiência espiritual do Sr. Genovese está em linha com a redescoberta da centralidade da SS. Trindade pela fé e a vida cristã ocorrida no século passado”.

Nos escritos do maestro Genovese «esta verdade se expressa de forma insistente e a mensagem da Misericórdia é repleta de beleza que brota do Nós Trinitário. No Filho de Deus feito homem, desde a sua Encarnação até hoje, manifesta-se para nós o amor infinito da Comunhão Trinitária: “Em Mim, Verbo encarnado, ó minha Esposa, vê e toca o Amor, a Caridade e a Misericórdia de Mim, Deus um, e contemplas, mas não podes compreender, exceto em Mim o Verbo, ou minha Esposa, o Dom de Nós TRINDADE (864)”».

Na carta são repropostos trechos das mensagens, como:

«A Minha Encarnação é dom da MISERICÓRDIA TRINITÁRIA!

A Minha Palavra é dom de MISERICÓRDIA TRINITÁRIA!

A Minha Paixão é o DOM da MISERICÓRDIA TRINITÁRIA!

A Minha Ressurreição é Dom da MISERICÓRDIA TRINITÁRIA!

EU SOU MISERICÓRDIA!” (49).

Nesse sentido, o prefeito do Dicastério explicou que embora apenas Jesus tenha assumido a natureza humana: “a Igreja é chamada a redescobrir cada vez mais nos gestos de Cristo aquela misericórdia infinita do Deus trino, que nos escritos do Sr. Genovese é chamada com o nome de “Trindade Misericórdia. Este é o centro de todas as mensagens porque, em última análise, é o centro da Revelação.”

Esclarecimentos

Quanto aos aspectos a serem esclarecidos, a carta diz que “certamente nunca é fácil exprimir-se com precisão sobre o mistério da SS. Trindade; e se isto vale para os grandes teólogos e para o próprio Magistério da Igreja, torna-se ainda mais complexo quando se tenta expressar em palavras humanas o que se vive numa experiência espiritual. O próprio Genovese o reconhece claramente quando, referindo-se às suas palavras, diz estar «consciente da sua imprecisão, como impreciso foi tudo o que escrevi até agora.”

A serem destacadas são expressões que usam o plural trinitário “Nós” também para se referir à encarnação «Nós MISERICÓRDIA [...] e nos encarnamos» (541). Expressões que “não são aceitáveis e a sua difusão deve ser evitada, pois podem facilmente ser interpretadas de forma contrária à fé católica”, visto que apenas o Filho se encarnou. Mas isto, continua a carta, «não significa imputar erros ao conjunto dos escritos do Sr. Genovese. Em muitos deles, de fato, sobretudo naqueles sucessivos, encontramos esclarecimentos que nos conduzem à interpretação correta”.

Em outros textos pode-se de fato ler que «na encarnação a Trindade não assumiu a humanidade, mas na humanidade da Palavra, do Verbo, contemplamos e tocamos a sua divindade» (1407). É, portanto, claro que «por um lado, só o Verbo se encarnou e que todos os textos que incluem um “Nós” trinitário referem-se à presença comum e constante das três Pessoas, e por outro que, mesmo que seja somente o Verbo se encarna, todas as três Pessoas se manifestam como Misericórdia no Mistério de Cristo”.

A interpretação correta

“Podemos sustentar — afirmou o prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé – que a proposta espiritual decorrente das experiências narradas pelo Sr. Gioacchino Genovese em relação à “Trindade Misericórdia”, se interpretada à luz do que foi dito, como sustentam os vários especialistas consultados, não contém elementos teológicos ou morais contrários à doutrina da Igreja. Em qualquer caso, é necessário proceder de forma que, na publicação de uma antologia de escritos, sejam evitados textos que contenham expressões confusas… e que esta carta seja colocada como introdução na coletânea”.

Por fim, especifica-se que alguns textos referentes ao demônio “devem ser interpretados como expressão de um Deus que nunca se esquece da sua criatura amada, mesmo quando esta se distanciou dele livre e definitivamente”. E acrescenta-se que outros textos, contendo «indicações pontuais ao bispo ou a outras pessoas (detalhes sobre datas, horários, locais e outros particulares circunstanciais ou minuciosos) não são de utilidade para os outros fiéis e não podem sequer ser considerados como indicações divinas para alguns, sem um discernimento cuidadoso das pessoas envolvidas.” Eventuais futuras mensagens deverão ser avaliadas pelo bispo “em diálogo com este Dicastério”.

Fonte: Vatican News

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