Homem de olhar sereno, sorriso espontâneo, carismático, apóstolo da juventude, sábio, sempre atento a voz do Espírito Santo. Suas palavras eram como bálsamo no coração da Igreja. A todos ele dizia: “Não tenhais medo”. É assim que os fiéis católicos lembram de seu Pastor, São João Paulo II, que governou a Igreja de Cristo como Papa, por cerca de 26 anos.
Karol Jósef Wojtyła nasceu no dia 18 de maio de 1920, na pequena cidade de Wadowice, na Polônia. Era o terceiro filho de Karol Wojtyła e Emilia Kaczorowska. Sua mãe faleceu quando ele completou 8 anos de idade. Quando Karol nasceu, sua irmã, Olga Wojtyła, já havia falecido, ficando Edmund Wojtyła, que posteriormente faleceu aos 26 anos.
Tendo como base a tradição religiosa da família, não se deixava abater diante das provações; sua confiança estava em Deus. Certamente, foi aí que Deus começou a enamorar o seu coração e plantou a semente da vocação sacerdotal em sua vida.
Em 1938, Karol Jósef Wojtyła, então com 18 anos, mudou-se com seu pai para Cracóvia, a fim de estudar filosofia na Universidade de Jaguelônica e, ao mesmo tempo, cursava teatro em outra escola.
No final do ano de 1940, os nazistas invadiram a Polônia e fecharam as Universidades, escolas, etc., pois o mundo vivia o triste drama da Segunda Guerra (1939-1945).
Para não ser deportado para a Alemanha, começou a trabalhar como operário nas minas de pedra e, depois, em uma fábrica química.
Apesar das dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial, especificamente em seu país, e com a morte de seu pai, em 1941, um suboficial do Exército da Polônia que morreu de ataque cardíaco, Karol nunca deixou esmorecer sua fé e nem apagar a chama da vocação sacerdotal.
Deus era seu porto seguro, pois no seu interior pairava a certeza:
“Sei em quem confiei” (2Tm 1, 12)
Sobre a sua família, Karol dizia: "Eu não estive presente na morte de minha mãe, nem do meu irmão e nem na do meu pai. Aos vinte anos, eu já tinha perdido todos os que amava".
No final do ano de 1942, mudou-se para Cracóvia e ingressou no seminário clandestino para cursar Teologia.
Enfrentou muitos obstáculos; alguns de seus companheiros estudantes chegaram perder a própria vida.
Na carta dirigida aos sacerdotes por ocasião do seu 50º aniversário sacerdotal, na quinta-feira santa de 1996, João Paulo II cita o drama vivenciado naquele tempo:
“Queridos irmãos sacerdotes, ao partilhar convosco estas reflexões, penso no cinquentenário da minha Ordenação Sacerdotal, que este ano se cumpre. Penso nos meus companheiros de Seminário que tiveram, como eu, de superar um caminho para o sacerdócio, condicionado pelo período dramático da segunda guerra mundial. Então, os Seminários estavam fechados e os seminaristas viviam na diáspora. Alguns deles perderam a vida durante os combates. O sacerdócio alcançado naquelas condições adquiriu para nós um valor particular.
Permanece vivo na memória aquele grande momento de há cinquenta anos, quando a Assembleia invocava o “Veni Creator Spiritus” sobre nós, jovens Diáconos, prostrados por terra ao centro do templo, antes de receber a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos do Bispo. Damos graças ao Espírito Santo por aquela infusão de graça que marcou a nossa existência. E continuamos a implorar: “Imple superna gratia, quae tu creasti pectora”.
Vaticano, 17 de março - IV Domingo da Quaresma - do ano 1996, décimo oitavo de Pontificado.
Completando os estudos filosóficos e teológicos em meio a tantos conflitos, finalmente Karol é ordenado sacerdote no dia 01 de novembro de 1946, pela imposição das mãos de Dom Adam Stefan Cardeal Sapieha. Alguns anos depois, chegava a Roma para iniciar seu doutorado em teologia pela Universidade Católica de Lublin. Após concluir o doutorado, permaneceu alguns anos lecionando ética na mesma Universidade; depois voltou para Cracóvia com o objetivo de lecionar e ajudar na pastoral de sua Arquidiocese.
Pe. Karol Jósef Wojtyła destacava-se pelo seu testemunho missionário, sempre com um sorriso no rosto, voz calma e olhar cheio de docilidade. Sua vida e sacerdócio estavam voltados para ajudar as pessoas. Por isso, sempre dizia:
“Permiti, pois, a Cristo falar ao homem! Pois somente Ele, tem palavra de vida eterna!”
Em Karol Wojtyla, Deus encontrava um coração no qual fez a sua morada, e ele exultava sempre de alegria, como Maria Santíssima, quando revisitava a história de sua vida: “O Senhor fez em mim maravilhas” (Lc 1, 46-55).
No dia 4 de julho de 1958, o Papa Pio XII nomeava-o bispo auxiliar de Cracóvia (1958-1964). Sua sagração episcopal ocorreu no dia 28 de setembro do mesmo ano, tendo como bispo ordenante Dom Eugeniusz Baziak.
Escolheu o seguinte lema episcopal: 'Totus tuus', de São Luís Maria de Montfort, pois Maria Santíssima era sua auxiliadora na missão de seu filho Jesus. Dedicou sua vida aos cuidados dos fiéis da Arquidiocese de Cracóvia, e foi-lhes seu “bom pastor” (Jo 10,11), a exemplo de Cristo.
O Papa Paulo VI o via como “servo bom e fiel” (Mt. 25,23), nomeou-o como arcebispo de Cracóvia (1964-1978), no dia 13 de janeiro de 1964.
Nesse período, estava acontecendo em Roma o Concílio Vaticano II (1962-1965), do qual participou em todas as sessões. Após dois anos do Concílio Vaticano II, no dia 26 de junho de 1967, o Papa Paulo VI o elevava à dignidade de Cardeal.
Leia MaisOração a São João Paulo IIJoão Paulo II, um pouco de seu pontificadoNo ano de 1978, o Cardeal Karol Wojtyla foi convocado para participar do Conclave, após a morte repentina do Papa João Paulo I.
Na tarde de 16 de outubro, depois de oito escrutínios, o Cardeal Karol Wojtyła era eleito Papa adotando o nome de João Paulo II.
Primeiro Pontífice eslavo da história e primeiro não-italiano depois de quase meio milênio, desde o tempo de Adriano VI (1522-1523).
Ao anoitecer daquele dia 16 de outubro de 1978, o mundo olhava fixo para o Vaticano. A fumaça branca sinalizava que a Igreja de Cristo já tinha um sucessor eleito. Tratava-se de um Cardeal jovem, com apenas 58 anos de idade. Após o “Habemus Papam”, João Paulo II aparecia na janela da Basílica de São Pedro, convidando a todos a aproximar de Cristo:
“Não tenhais medo! Abri, ou melhor, escancarai as portas a Cristo!”
Com essa saudação, o sucessor de Pedro conquistava o coração dos cristãos e não-cristãos pelo mundo.
João Paulo II tinha uma personalidade encantadora e carismática: homem comunicativo, com muita facilidade no âmbito pastoral. Dedicou seu ministério petrino ensinando a Igreja a viver a santidade cotidiana, fundamentada nos valores da fé e fundada na tradição recebida de Cristo e dos Apóstolos. Buscou promover o diálogo entre os cristãos e não-cristãos, mostrando que Deus é único Pai.
Procurou ir ao encontro de seu povo viajando o mundo. No total, foram 104 viagens internacionais e 146 viagens na Itália, com passagem por 129 países, nos cinco continentes. Em todos os lugares que visitava, deixava transparecer a misericórdia de Deus e sempre aconselhava a juventude a “fixar o olhar em Jesus” (Hb.12,2). Tão próximo da juventude, criou a Jornada Mundial da Juventude em 1984, e sempre preocupava com a felicidade dos jovens:
"Queridos jovens, só Jesus conhece vosso coração, vossos desejos mais profundos. Só Ele, quem os amou até a morte (Jo 13,1), é capaz de saciar vossas aspirações. Suas palavras de vida eterna dão sentido à vida. Ninguém fora de Cristo poderá dar-vos a verdadeira felicidade." (JMJ 2002)
João Paulo II foi o primeiro Papa a pisar em solo brasileiro. Ele chegava ao Brasil no dia 30 de junho de 1980 e protagonizava uma cena histórica, ao se ajoelhar e beijar o solo.
Ao longo de 12 dias de visitas, o Papa percorreu por 13 capitais brasileiras e veio também a Aparecida (SP):
"Aparecida foi o único município visitado que não era capital, mas, sim, uma cidade do interior. Foi o próprio João Paulo II que, por sua devoção mariana, incluiu Aparecida no roteiro", revela o padre Antônio Agostinho Frasson, C.Ss.R.
A canção de acolhida "A bênção, João de Deus", composta por Péricles de Barros, deixou uma marca ímpar no coração dos fiéis. Nessa visita, beatificou o jesuíta José de Anchieta, que chegou ao Brasil em 1553 para evangelizar os habitantes do país. Depois, João Paulo II ainda participou do X Congresso Eucarístico Nacional, realizado entre 30 de junho a 12 de julho de 1980, em Fortaleza, CE.
Em 1982, o Papa João Paulo II fazia uma visita não-oficial ao Brasil ao realizar um rápido discurso durante a escala de seu voo no Rio de Janeiro. Ele tinha como destino a Argentina.
A segunda visita ao Brasil ocorreu entre 12 e 21 de outubro de 1991. na ocasião, ele participou do encerramento do XII Congresso Eucarístico Nacional sediado em Natal (RN), abençoou a Catedral e plantou uma árvore chamada “pau-brasil”, planta típica brasileira. Em Salvador, visitou irmã Dulce que estava com a saúde debilitada. A religiosa ficou conhecida por dedicar sua vida aos cuidados dos pobres e das crianças carentes da Bahia.
A terceira e última visita aconteceu de 2 a 5 de outubro de 1997, quando participou do II Encontro Mundial das Famílias, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Em seus discursos, João Paulo II condenou o divórcio, o aborto e os métodos contraceptivos. Ele abençoou o Rio Janeiro aos pés do Cristo Redentor.
O Santo Padre João Paulo II deixou para a Igreja várias encíclicas, que o Papa Bento XVI assim resume:
“Ofereceu sua síntese pessoal da fé cristã, caracterizada sobretudo da intensidade da sua oração e, portanto, era profundamente radicada na celebração da Santa Eucaristia e feita junto a toda a Igreja”.
Foram elas:
João Paulo II, homem de fé
Sua vida foi movida pela ação do Espírito Santo; conduziu a Igreja com sabedoria e santidade. O Cardeal Joseph Ratzinger, seu braço direito, assim o definia:
“Que João Paulo II era santo, foi para mim cada vez mais claro. Antes de tudo, ter em mente, naturalmente, sua intensa relação com Deus e seu estar mergulhado na comunhão com o Senhor”.
Naquele dia 13 de maio de 1981, na Praça São Pedro, quando sofreu o atentado pelas mãos do turco Ali Agca, mostrou para o mundo que a violência combate com amor, o perdão liberta o homem de suas escolhas, a misericórdia de Deus é maior do que a vingança. Por fim, Deus nunca se cansa de amar e envolver o ser humano em seu amor. Como imagem visível de Cristo frente à sua Igreja, ensinava a todos que no coração do Pai tem “muitas moradas” (Jo 14,1). Todos podem alcançar a Sua misericórdia, através da santidade vivida no cotidiano.
Como prova que a santidade é possível, conforme afirma na LG nº 39:
“A vocação à santidade consiste na capacidade de responder ao apelo divino por meio da vivência evangélica do próprio estilo de vida”.
João Paulo II reconheceu as virtudes e beatificou 1345 pessoas e canonizou 483 santos. A vocação à santidade de que fala a LG tem um fundamento bíblico e, como tal, está profundamente relacionada com o cotidiano e com a prática concreta da vida de cada dia. Para ser santa, a pessoa não precisa fugir do seu estado de vida. Ela se santifica exatamente e somente pelo compromisso com a sua condição humana e cristã.
Durante o seu pontificado, principalmente nos últimos anos de sua vida, João Paulo II enfrentou algumas enfermidades, entre elas o mal de Parkinson; porém suportou a enfermidade com paciência e serenidade, conformando as suas dores com as dores do “Cristo sofredor” (1 Pd 3,17-22). No dia 2 de abril de 2005, Cristo chamava o seu Vigário para a eternidade, dando-lhe o “prêmio da vida eterna” (2 Tm 4,7-8).
Aos 84 anos, após dois dias de agonia, às 21h37 de Roma, 16h37 de Brasília, em seus aposentos no Palácio Apostólico, o mundo recebia a notícia do falecimento de João Paulo II. Na manhã do dia seguinte, a Praça São Pedro estava repleta de fiéis vindo de todos os continentes para dar o último adeus ao “Papa santo”, e todos ovacionavam “Santo subito!”, pois ele viveu a santidade em vida. Seu corpo foi sepultado na cripta da Basílica de São Pedro, a 8 de abril de 2005.
Poucos dias após a sua morte, Papa Bento XVI, seu sucessor, autorizava a abertura do processo de beatificação. No dia 28 de junho de 2005, o Cardeal Ruini iniciava solenemente, na basílica de São João de Latrão, o processo diocesano para a beatificação. Assim, Bento XVI ia ao encontro do sentimento do mundo católico, que queria ver Wojtyła “Santo já”.
No dia 19 de dezembro de 2009, Bento XVI proclamava-o Venerável e, no dia 01 de maio de 2011, no Vaticano, solenemente confirmava e elevava João Paulo II ao grau de Beato, um passo importante para a canonização. No dia 27 de abril de 2014, na Basílica de São Pedro, Papa Francisco declarava São João Paulo II como Santo da Igreja Católica, co-patrono da Jornada Mundial da Juventude e dos jovens, fixando sua festa litúrgica para o dia 22 de outubro.
São João Paulo II, o santo que viveu em nossos dias, deixou o seu legado para todos os que buscam viver antecipadamente as maravilhas do céu, ainda em vida terrena. Sua vida é testemunho de tudo o que ensinou.
Governou a Igreja de Cristo à luz da Sagrada Escritura e inspirado pelo Espírito Santo. Foi a imagem visível de Cristo “Bom Pastor” (Jo 10,11) no coração da Igreja.
Este santo viveu o céu na terra. Hoje, os fiéis católicos erguem os olhares para o céu e cantam com o coração agradecido, porque têm a certeza de que ele está intercedendo pela Igreja, pelo rebanho de Cristo do qual fostes “Bom Pastor”:
"A bênção, João de Deus”!
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