Igreja

Vaticano esclarece declaração do Papa Francisco sobre a Rússia

Francisco se viu envolvido em uma polêmica após incentivar jovens russos a terem orgulho de sua história, seus santos e de seus governantes

Escrito por Redação A12

28 AGO 2023 - 11H11 (Atualizada em 30 AGO 2023 - 12H10)

Reprodução/Vatican Media

Leia MaisConfira em 5 frases o que o Papa pensa sobre as drogasPapa: “Desinformação é um dos pecados do jornalismo”O Vaticano, através de Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa Vaticana, esclareceu uma declaração do Papa Francisco.

Em um discurso a jovens russos que participavam da Jornada da Juventude Russa, em São Petesburgo, na última sexta-feira (25), Francisco agiu de forma espontânea.

Ele pediu para que os jovens se orgulhassem da história russa, dos santos e de governantes, como Pedro, o Grande, e Catarina II, de um império iluminado, de grande cultura e humanidade.

A Ucrânia não reagiu bem às declarações e afirmou que o Pontífice fez propaganda imperialista.

De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, a Rússia usa o argumento de “salvar a grande mãe Rússia” para defender o assassinato de ucranianos.

Bruni esclareceu:

"Em suas palavras de saudação dirigidas espontaneamente a alguns jovens católicos russos dias atrás, como fica claro pelo contexto em que as pronunciou, o Papa pretendia encorajar os jovens a preservar e promover tudo o que há de positivo na grande herança cultural e espiritual russa”, iniciou.

E completou para deixar claro que o Santo Padre não quis exaltar nenhuma lógica imperialista:

Certamente [o Papa] não quis exaltar lógicas imperialistas e personalidades governamentais, citadas para indicar certos períodos históricos de referência", falou.

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A
Nunciatura em Kiev também rejeitou toda e qualquer interpretação, afirmando que o Papa Francisco "é um oponente convicto e crítico de qualquer forma de imperialismo ou colonialismo, em todos os povos e situações. As palavras do Pontífice, pronunciadas em 25 de agosto, também devem ser interpretadas nesse mesmo sentido".

O Papa Francisco interagiu à distância, por meio de conexão vídeo, com cerca de 400 jovens rapazes e moças que participaram do 10º Encontro Nacional de Jovens Católicos da Rússia. O encontro que foi encerrado no último domingo (27).

Realizada pela primeira vez na cidade de São Petersburgo, o Papa manifestou sua alegria e admiração pela presença dos jovens, especialmente por aqueles que viajaram até 9.000 quilômetros para chegar lá: "Isso é lindo", disse ele, acrescentando que é um sinal da unidade da juventude da Rússia como um todo.

Dirigindo-se aos jovens russos, depois de ouvir os dois testemunhos de Alexander e Varvara, o Papa retomou três ideias em torno do lema da JMJ de Lisboa, "Maria levantou-se e partiu apressadamente" (Lc 1,39), para que possam, disse, trabalhar mais sobre ele.

"Desejo a vocês, jovens russos, a vocação de serem artesãos da paz em meio a tantos conflitos e em meio a tantas polarizações que vêm de todos os lados e que assolam o nosso mundo. Convido-os a serem semeadores de sementes de reconciliação, pequenas sementes que, neste inverno de guerra, não brotarão no solo congelado por enquanto, mas florescerão em uma futura primavera. Como eu disse em Lisboa: 'Tenham a coragem de substituir os medos por sonhos; substituam os medos por sonhos, não sejam administradores de medos, mas empreendedores de sonhos! Deem-se ao luxo de sonhar grande!"

Reprodução/Vatican Media
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Francisco retomou o episódio do encontro entre
Maria e Isabel. Lembrou que o Senhor chama pelo nome, antes dos talentos que temos, antes de nossos méritos, "antes de nossas trevas e feridas". Lembrou dessas duas mulheres "tornando-se testemunhas do poder transformador de Deus", lembra da pressa de Maria em espalhar sua alegria.

"Quando Deus nos chama, não podemos ficar parados, devemos nos levantar e com pressa, porque o mundo, o irmão, o sofredor, aquele que está ao lado e não conhece a esperança de Deus precisa recebê-la, precisa receber a alegria de Deus. Levanto-me apressadamente para levar a alegria de Deus."

O amor de Deus é para todos

O Papa ressaltou que "o amor de Deus é para todos e a Igreja é de todos" e exortou a recordar o Evangelho onde se conta o convite do dono do banquete nas encruzilhadas para levar o Evangelho a todos: "Eis o que Jesus queria dizer: todos, todos, todos”.

"A Igreja é uma mãe de coração aberto que sabe como acolher e receber, especialmente aqueles que precisam de mais cuidados. A Igreja é uma mãe amorosa, porque é o lar daqueles que são amados e daqueles que são chamados. Quantas feridas, quanto desespero podem ser curados onde alguém se sente acolhido. E a Igreja nos acolhe. É por isso que sonho com uma Igreja onde ninguém esteja em excesso, onde ninguém seja extra. Por favor, que a Igreja não seja uma alfândega para selecionar quem entra e quem não entra. Não: todos, todos. A entrada é gratuita e, então, cada um ouve o convite de Jesus para segui-lo, para ver como está diante de Deus; e para esse caminho há os ensinamentos e os sacramentos".

Jovens e idosos se abram uns aos outros

O Papa também retomou a importância do diálogo e da troca de experiência entre jovens e idosos. Voltou ao encontro entre Maria e Isabel, que é o sonho. Convidou a sermos "construtores de pontes entre gerações, reconhecendo os sonhos" dos antecessores, dos avós. "A aliança entre gerações mantém viva a história e a cultura de um povo". Ele insistiu na importância de ser "um sinal de esperança, paz e alegria, como Maria". Imitando a humildade dela, "vocês também", disse ele, "podem mudar a história em que vivem".

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Fonte: Vatican News

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