Igreja

Sínodo é uma Igreja em busca de comunhão e participação

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

03 OUT 2023 - 13H09 (Atualizada em 04 OUT 2023 - 08H50)

Vatican News

Depois de uma intensa fase de preparação em que as igrejas, as conferências episcopais, os muitos organismos eclesiais e todo o povo de Deus foram convidados a participar, começa agora em Roma a sessão canônica do Sínodo da Igreja, que tem como tema a sinodalidade.

Concílio Vaticano II atualizado

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O Concilio, que ainda não perdeu sua atualidade, trouxe novos ares para a Igreja, um tempo de mudança de conceitos eclesiais, de mentalidades e posturas da parte da Igreja, tendo se transformado numa ampla janela que levou a Igreja a se abrir a fim de arejar sua vida e sua ação.

Nos rastros do concílio, a Igreja se colocou em diálogo com a sociedade moderna, não mais de costas, mas de “olhos abertos para a realidade”, sem medos e sem preconceitos. Tanto assim que a figura do papa continua sendo a mais representativa do mundo, acima de qualquer outro líder político ou militar e a Igreja cumpre bem sua missão de ser a “consciência ético-moral” da sociedade contemporânea.

Pouco depois do encerramento do Vaticano II, em 1967, o Papa Paulo VI criou o Sínodo dos Bispos, como órgão de reflexão e de assessoria ao papa no exercício de governo e na condução da Igreja.

O conceito de Sínodo se ampliou, adquirindo uma grande força na organização pastoral da Igreja Católica, que passou a realizar não apenas sínodos extraordinários, como esse que agora acontece em sua 3ª fase, em Roma, como também sínodos diocesanos, regionais, nacionais e continentais. Todos nos recordamos bem do Sínodo da Amazônia (2019).

Os sínodos são extraordinários porque não há uma periodicidade definida para que aconteça, e sua convocação parte sempre do papa que também faz a proposição de seu tema central e ainda indica alguns convidados seus a participarem.

O caminho da comunhão

O sínodo pode ser visto também como uma expressão da própria Igreja que, sobretudo depois do Concílio Vaticano II, se define pela busca da comunhão e da participação, dois conceitos que bem expressam a temática da sinodalidade proposto pelo Papa Francisco.

Desde o primeiro realizado em 1967, o sínodo dos bispos se transformou num valioso instrumento de reforço da caminhada e da atividade pastoral da Igreja, pois trata-se de uma ocasião especial de comunhão eclesial, colegialidade episcopal e partilha.

Certamente muitos acompanharam as discussões, as preocupações e até mesmo certas críticas feitas ao Papa, oriundas de alguns movimentos mais conservadores da Igreja. Se não fosse o conceito de sinodalidade, proveniente da proposta de colegialidade, estas discussões e até mesmo certas provocações não poderiam acontecer.

Na Assembleia Sinodal, estarão presentes padres, religiosos(as), diáconos permanentes e leigos(as), entre eles cerca de 54 mulheres. Representantes de outras Igrejas cristãs também participam e tem oportunidade de falar, expressando bem a dimensão ecumênica. Alguns deles participam o tempo todo do Sínodo. Pela primeira vez, leigos terão direito a voto. Há também convidados especiais indicados pelo Papa Francisco que participarão dos trabalhos, mas não terão direito a voto.

O processo sinodal, desde que se iniciou, em 2021, é baseado na escuta e no discernimento, e o Papa Francisco tem afirmado várias vezes que o sínodo não é um "parlamento", mas um "processo no qual o Espírito Santo é o protagonista”.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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