Monte Tabor, uma pequena elevação de terra em Israel, se comparado às mais altas montanhas do mundo. Mas para uma terra de geografia com poucos altos e baixos, o Tabor se projeta destacado no Vale de Jizreel, com seus quase 600 metros de altitude.
Seria mais uma montanha entre tantas com as quais convivemos no nosso dia a dia, não fora o episódio extraordinário que ali, em seu cume, aconteceu: o Tabor é chamado de Monte da Transfiguração.
Segundo os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus convidou três de seus apóstolos, Pedro, Tiago e João, e com eles subiu ao Monte Tabor. Enquanto reza, Jesus se transfigura e se mostra glorioso, tendo diante dele Moisés e Elias (entendidos aqui com a Lei e os Profetas).
Essa manifestação de glória precede as dores da Paixão e, de certa forma, foi um bálsamo dado previamente para que os discípulos pudessem compreender com mais clareza o qual era o projeto de Jesus Cristo. Mas, como veremos, os discípulos ainda estavam despreparados para entender os planos de Deus nesse momento e, somente depois da Ressurreição, eles iriam recordar tudo o que viveram no Tabor.
Há dois modos de compreender a Transfiguração de Jesus. Uma coisa é certa: Ele se mostrou de modo completamente diferente do cotidiano. Era luminoso, claro, resplandecente. A questão que hoje a Teologia tenta desvendar é se Jesus tornou-se resplandecente ou se os apóstolos, livres de preconceitos, conseguiram ver o que ele realmente já era, o Divino escondido no Humano.
De qualquer forma, ali no Tabor, Deus testemunhou novamente que Jesus – homem/Deus – era de fato o enviado para resgatar os homens da torpeza e nos garantir a Salvação. Assim como no dia de seu batismo, a voz de Deus atesta a divindade de Jesus: “Este é meu Filho amado, escutai-o”.
O episódio da Transfiguração tem, então, conotação altamente teológica nas narrativas evangélicas. Como fato, podemos afirmar que era corrente entre os cristãos esse evento, já que o atestam três evangelistas.
Leia MaisCompreenda o momento da Transfiguração do SenhorComo teologia, o fato transparece a certeza cristã de que, em Jesus, subsistia, desde sua concepção em Maria, o aspecto humano e a substância divina. Ao revelar-se aos discípulos, aos três de maior intimidade, Jesus quer garantir que a memória de sua glorificação seja testemunhada a todos os que o seguirão futuramente.
Há que se notar que essa relação homem-Deus, em Jesus, foi lida de maneira extraordinária pelo catolicismo popular. O dia da festa da Transfiguração é também a festa do Senhor Bom Jesus, imagem venerada pelo povo que retrata, em suas diferenças regionais, sempre o Senhor Jesus sofredor, flagelado, açoitado, coroado de espinhos, preso e torturado.
A divindade do Senhor Jesus nunca o exime de sua humanidade na carne. Transfigurado, ele segue sendo humano, revelando sua Glória.
Não permanece nela, mas desce a montanha, ao encontro dos mais pobres. Transfigura-se para se humanizar ainda mais!
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