A diferença da proposta de Jesus

Jesus, ao se manifestar como um novo mestre no meio do povo, continuou na linha dos profetas e dos mestres, mas logo se percebeu a diferença: “Ele não fala como os mestres...”.

Mas onde está a diferença, se Ele não veio para destruir a Lei e os profetas, mas para continuar? “Não tiraria nem o pingo do i" até que tudo fosse cumprido. Por outro lado, quando faz a declaração de Seu ensinamento, no que chamamos Sermão da Montanha, diz:

“Ouvistes o que foi dito aos antigos: 'olho por olho, dente por dente'... Mas eu vos digo: 'Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos perseguem' (Mateus 5,44)

Shutterstock

De onde Jesus tira o fundamento de Sua doutrina e como recupera as bases da lei de Deus do Antigo Testamento?

Certamente cremos que o Antigo Testamento não pode ser pego ao pé da letra, lendo frases soltas, como fazem por aí. Paulo diz que a lei foi o pedagogo, isto é, a educadora do povo. Lentamente, Deus foi educando Seu povo até chegar ao ponto máximo, que foi a “plenitude dos tempos quando enviou seu Filho, nascido de uma mulher” (Gálatas 4,4)

Com Jesus, se encerra o trabalho de educação do povo. Ele é o Mestre que vai levar à perfeição. Diz: “Não vim revogar a lei e os profetas, mas dar-lhes pleno cumprimento” (Mateus 5,17). Esta perfeição Ele a busca no coração do Pai.

Aos poucos, o povo foi amadurecendo até poder entender o Filho de Deus. Falamos da lei e não das tradições. Essas Jesus as condena, enquanto são contrárias à lei de Deus. Jesus nos revela o coração do Pai, que se rege pelo Amor. Vemos como apresenta um novo modo de compreender a vida dos filhos de Deus.

O Pai é o modelo. Trata a todos como filhos, iguais. Não há lugar para distinção. Ama a todos com igualdade. Como a lei nasce de Seu coração, é no coração dos filhos que esta lei vai se aninhar.

O amor traça a linha

Como o Pai é amor, toda a nova Lei se baseia no amor que vai à perfeição. Temos absoluta confiança que é o caminho certo, pois o Pai que cuida de todos. Quem vive o Reino vai se preocupar em amar com totalidade, acima de qualquer expectativa. Aqui está diferença.

Ninguém fica fora do amor dos filhos, pois assim é o amor do Pai. Estas palavras de Jesus localizam a lei no coração dos filhos, onde se encontram com o amor do Pai. Vemos que, na sociedade e nas leis comuns, segue-se a tradição antiga e não se olha o ser humano que tem à sua frente. A lei se dirige primeiro a Deus e depois às pessoas e situações, pois ela está na intenção e não só na ação. Não basta não matar, é preciso não odiar.

Adultério não é só na ação, mas no pensamento e na intenção do coração. Como a lei nasce do coração de Deus, ela se localiza primeiro no coração das pessoas e não em um texto. As esmolas, a oração e o jejum devem ser feitos no oculto do coração. Assim acontecerá se for buscada na palavra de Deus que vai à prática.

Aprofunda o ser humano

A pessoa humana é senhora de seus atos e ela é quem, em relacionamento com Deus, leva à pratica o que aprendeu do Pai, como Jesus. O Sermão da Montanha revela o homem ao homem. O ser humano não é medido pelo seu exterior, mas por seu interior. O que vale mais são as intenções.

A Lei não é uma letra fria que organiza a sociedade. Ela deve ser assumida pelo coração humano no profundo de sua consciência. Ali ela é formada no amor a Deus e ao ser humano.

Por isso a Palavra de Deus, como o foi no Antigo Testamento, é formadora e educadora do povo. Não se trata de repetir palavras, mas de alimentar-se com ela. Nela, a pessoa compreenderá quem é e o que deve fazer.