Liturgia

Jesus nos ensina a purificar o nosso interior

Nosso Senhor mostra que para o cumprimento integral da lei é preciso entender que nosso coração precisa ser renovado e libertado de todo o mal

Escrito por Alberto Andrade

01 SET 2024 - 07H10

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“O que torna o homem impuro não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (Mc 7,15)

Iniciamos o mês da Bíblia com as palavras de Dom Leomar Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS), presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“Quando cada comunidade, a seu modo, se une às outras no propósito comum de tornar a Palavra de Deus conhecida, rezada, meditada e, principalmente, anunciada pelo testemunho autêntico de tantos fiéis comprometidos e encantados pela Escritura, elas se tornam expressão de sinodalidade”.

Leia MaisConhecendo os Evangelhos: a conversão dos FariseusNa liturgia deste 22° domingo do Tempo Comum, aproveitamos a centralidade da Palavra de Deus para fortalecer e amadurecer a fé enquanto buscamos transmitir, na comunidade, a fé cristã a crianças, jovens e adultos não apenas através do anúncio de uma doutrina, mas também do encontro pessoal com Jesus Cristo, cuja lei e doutrina maior é a Caridade.

A segunda leitura (Tg 1,17-18.21-22.27) aprofunda a reflexão sobre a necessidade de escutar e acolher a Palavra de Deus. No entanto, São Tiago reforça que essa Palavra uma vez escutada e acolhida no coração, deve frutificar em um compromisso de amor e de fraternidade para com todos nós. O autor é claro nos apresentando o caminho que Jesus irá indicar no Evangelho: “sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos vós mesmos”.

São Marcos narra um momento de controvérsia dos líderes religiosos em oposição a Jesus. O Senhor aproveita para fazer do episódio uma tentativa de catequizar os grupos que ainda não tinham compreendido sua missão como o Messias.

Muita gente ali se perdeu no cumprimento superficial da Lei, enxergando-a como a Salvação, e esqueceram que a lei é apenas um caminho para alcançar a conversão e adesão ao plano de Deus para nos salvar.

Fariseus e escribas eram presenças constantes nas cidades e povoados por onde Jesus passava. Seus ensinamentos não estavam totalmente errados. O modo como eles buscavam despertar no povo o zelo e o amor pela Torá (5 primeiros livros da religião judaica, integrantes da primeira grande parte da Bíblia Cristã, ou Antigo Testamento), foi inclusive elogiado por Jesus.

Todavia, esta observância fundamentalista dos fariseus impedia parte desse povo de compreender a essência da Lei. A respeito disto Jesus afirmará: “Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações, pois eles falam e não fazem” (Mt. 23, 3)

É necessário compreender que Cristo não está negando a importância da Lei, mas tentando lhe dar pleno cumprimento (Mt 5, 17-20).

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Pois não adianta a
preocupação com a pureza externa através de ritos “higiênicos” se não cuidarmos da nossa consciência e do nosso coração. Afinal, é do interior humano que surgem os maus pensamentos, intenções perversas, corrupção, prostituições, roubos, homicídios, adultérios, maus desejos e perversidades.

Na visão do Reino de Deus, a verdadeira religião não está centralizada no cumprimento rigoroso e detalhista das leis, mas num caminho de conversão que conduza a humanidade à comunhão de amor com Deus e com os irmãos.

Os fariseus eram observadores detalhistas dos ritos e os mestres da lei eram realmente profundos conhecedores das Escrituras, mas agiam assim com desejos de autossuficiência e sempre com a intenção de julgar e condenar aqueles que segundo eles, feriam a lei.

Trazendo esta mensagem para nosso cotidiano, percebemos um grande número de cristãos ostentando a soberba de terem profundo conhecimento das leis, mas com o coração vazio do verdadeiro amor.

Assim, tal qual aconteceu com os escribas, o conhecimento da doutrina que poderia ajudar a estes cristãos mesmos e a outras pessoas, deixou de ser um caminho do serviço para se tornar uma espécie de tribunal.

A finalidade da nossa experiência religiosa não é cumprir minuciosamente as leis, achando com isto que somos superiores ao resto da humanidade ou que nos tornamos merecedores do céu por direito de posse.

O discípulo deve viver sua prática religiosa pedindo sempre a Jesus que nosso coração precisa ser purificado de todo mal, para que esse mal não esteja alinhado e escondido dentro de nós, para que não esteja soprando em nossa mente as disposições para aquilo que não é correto.

Precisamos a todo o momento, permitir que Cristo nos purifique por dentro, que Ele lave o nosso coração purificando nossas intenções, nossa mentalidade, e o nosso jeito de pensar.

Porque o que somos, não é somente aquilo que vemos de fora, mas principalmente, aquilo que já está dentro de nós. E que a partir deste Evangelho, reconheçamos o quanto o nosso interior, a nossa alma e vontade necessitam, a cada dia, de purificação e de renovação.

.:: Por que algumas passagens do Evangelho se repetem?

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