“O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a reta consciência. É uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana”. (CIC 1849)
Além do Catecismo da Igreja Católica, a Bíblia nos ensina que quando pecamos, de certa forma rompemos nosso relacionamento da humanidade com Deus. Para compreendermos profundamente é preciso entender o significado das palavras usadas sobre o pecado na Palavra de Deus.
Bíblia Hebraica: Chattat
Leia MaisVenha confessar-se na Casa da Mãe AparecidaNos livros escritos em hebraico, a palavra mais comum traduzida como “pecado” é chattat (חַטָּאת), que significa “errar” ou “falhar”, verbo que frequentemente implica um ato de desviar de um padrão ou objetivo, conforme está descrito em Juízes, onde se refere ao errar o alvo com uma funda (arma de arremesso constituída por uma correia ou corda dobrada).
“De toda essa tropa havia setecentos homens de elite, todos eles canhotos e capazes de atirar com a funda num fio de cabelo sem errar” (Jz 20,16)
O termo Chattat carrega uma conotação moral, ou seja, não apenas a transgressões específicas, mas também ao estado de estar separado de Deus devido à desobediência. A imagem de “errar o alvo” ressalta a compreensão do pecado como uma falha em se alinhar à vontade de Deus.
Também no hebraico, o termo avon (עָוֹן) é frequentemente traduzido como “iniquidade” transmite a ideia de perversidade ou culpa, enquanto pesha (פֶּשַׁע) denota transgressão ou rebelião. Juntas, as palavras destacam a natureza do pecado: desvio, corrupção e desafio intencional.
Bíblia Grega: Hamartia
No Novo Testamento é usada a palavra hamartia (ἁμαρτία). Ela deriva de um termo do arco e flecha, e assim como o hebraico, também significa “errar o alvo”.
São Paulo, na carta aos Romanos usa o termo para descrever o fracasso universal da humanidade em atender aos padrões de Deus.
“É a justiça de Deus que se realiza através da fé em Jesus Cristo, para todos aqueles que acreditam. E não há distinção: todos pecaram e estão privados da glória de Deus, mas se tornam justos gratuitamente pela sua graça, mediante a libertação realizada por meio de Jesus Cristo” (Rm 3,22-23).
Mais palavras enriquecem esta definição, como Paraptoma (παράπτωμα) traduzido como “transgressão”, um passo em falso ou desvio do caminho certo. Anomia (ἀνομία), que significa “ilegalidade”, destaca o pecado como rebelião ativa contra a lei divina.
O que isso implica em minha fé?
Estas traduções revelam um retrato bíblico consistente sobre o pecado, ou seja, como nossas atitudes fazem que “erremos o alvo”, o padrão que Deus nos deu para seguirmos, que simplesmente é o que Jesus nos ensina todo o dia, sendo o Caminho, a Verdade e a Vida.
Como o pecado é esse distanciamento de Deus, uma escolha livre do homem pelo mal, foi necessária uma grande expiação: o sacrifício de Cristo, de onde brota o perdão dos pecados.
Por isso, é importante sempre buscar o sacramento da Reconciliação, para quebrar o círculo do pecado e reiniciar este processo com a graça de Deus.
No livro do Êxodo, Deus atua com decisão para liberar os israelitas oprimidos. Suas palavras a Moisés no episódio da sarça ardente se projetam, como as do Gênesis, por todos os séculos:
“Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios” (Ex 3, 7-8).
A Misericórdia é o conceito fundamental do Evangelho e chave da vida cristã. Ela não é um sentimento divino qualquer, ou uma atenção divina extraordinária. É o próprio de Deus. Deus é misericórdia.
O Salmo 86 repete quase que literalmente as palavras do Êxodo: “Deus miserator (rajum) et misericors (janún), patiens et multae misericordiae (jésed) et veritatis (émet) – Deus bondoso e compassivo; lento para a ira, cheio de clemência e fidelidade”. Na sua tradução da Bíblia para o latim, São Jerônimo optou por traduzir três conceitos hebreus com três termos que são quase sinônimos, derivados da palavra “misericórdia”. São conceitos entrelaçados, mas cada um deles contribui apreciar a realidade da misericórdia de Deus, que não se expressa completamente uma só palavra.
Mas falar de misericórdia não significa que Deus não exija de nós resposta, responsabilidade humana. Pelo contrário, é o amor misericordioso de Deus que empenha o homem. Deus quer que todos sejam salvos. Mas, a salvação consiste em viver na intimidade com Ele e no seguimento a Jesus, através do Evangelho.
A misericórdia divina é a acolhida materna e profundamente carinhosa que o Senhor oferece a quem se encontra necessitado e reconhece a verdade de nossa situação: debilidades, erros, pecados ou infidelidades. Deus não somente liberta daquilo que carregamos sobre nós e do que nos oprime, mas também nos cura e restaura a nossa dignidade de filho.
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