Liturgia

Pela Liturgia, buscamos de forma incansável o Rosto de Deus

Quando nos baseamos na Palavra e na Eucaristia, o Espírito suscita e mantém viva em nossos corações essa sede da Água Viva

Escrito por Alberto Andrade

18 NOV 2024 - 15H03 (Atualizada em 18 NOV 2024 - 16H17)

Vatican Media

"A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; jorra do Espírito Santo e de nós, toda orientada para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem" (Catecismo da Igreja Católica, 2564).

Leia MaisRitual de espera: O significado do Advento na IgrejaA Igreja também nos orienta que seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que ora. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais frequência, do coração (mais de mil vezes), ou seja, se o coração estiver longe de Deus, a oração só se torna um conjunto de palavras ao vento.

Em artigo publicado no site oficial da Santa Sé, o Padre Gerson Schimdt, da Arquidiocese de Porto Alegre, ressaltou as inúmeras vezes que o povo de Deus busca sem cessar o rosto de Deus.

"Havia, no Antigo Testamento, uma concepção de que não poderia continuar vivendo o homem que visse a face de Deus. Todos buscamos ver o rosto de Deus, tal como Moisés. Cristo, na plenitude dos tempos, desvelou visivelmente o rosto invisível de Deus, outrora tão encoberto e escondido", disse o padre.

Ainda de acordo com o Catecismo, se o homem pode esquecer ou rejeitar a Deus, este, de sua parte, não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço de sua inteligência, a retidão de sua vontade

É necessário que a graça do Espírito, o qual ensina a Jesus a dizer “Pai”, nos ensine também a dizê-lo com Jesus, da mesma forma e com o mesmo significado. Ou melhor, que seja Ele mesmo, o Espírito, a dizê-lo em nós, fazendo-nos uma só e mesma coisa com Cristo: "tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5).

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Como os monges cartuxos nos ensinam, nós seremos verdadeiramente crianças na presença de Deus, podendo assim acolher plenamente o dom do Reino, da verdadeira oração, apenas quando nos deixarmos crucificar pela humilhação de não saber e não poder viver esta vida nova do Reino com as nossas próprias forças.

A aceitação de nossa pobreza pessoal, física, psicológica e moral é o único meio pelo qual podemos receber a glória divina já presente em nós. Aceitando como humildade e confiança, essa pobreza perpétua se torna o lugar e o meio pelo qual podemos dizer a Deus Abbá (o Pai).

"O Espírito Santo se derrama e age no íntimo de cada de nós, atraindo-nos secreta e poderosamente para a Fonte de onde Ele mesmo emana, para o coração de Cristo e para o coração do Pai. O Espírito suscita e mantém viva em nossos corações essa sede da Água viva, essa saudade do Rosto do verdadeiro Deus.

Deus deixou-nos a sua imagem impressa. Deixou-nos em nosso íntimo com amor, amor inexplicável, a ‘memória’ de seu olhar. E desde esse momento o nosso coração está irrequieto, até reencontrar esse olhar amoroso. Nossa alma tem sede de Deus, está sedento desse rosto nostálgico", disse o Padre Gerson.

CNBB
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O sacerdote ainda diz que toda ação litúrgica é um grande mistério da Igreja onde é possível chegar ao ápice do mistério pascal de Cristo, pois desde o início da Igreja primitiva, com os apóstolos nos primeiros séculos já se celebrava a Eucaristia, que consistia no essencial que conhecemos até hoje que é: o Anúncio da Palavra e a Partilha do Pão.

“Na liturgia, a Igreja se manifesta em toda a sua esplendida e divina pobreza, porque ali se mostra em sua realidade mais profunda, como a Esposa que recebe tudo do Esposo. Na Liturgia, o rio eterno é derramado sem medida e nós podemos beber da sua Água diretamente na fonte.

Essa Água viva – o Espírito Santo de Amor – nos é dada na medida da nossa sede, na medida do nosso desejo, na medida da nossa pobreza e abertura interior. E que esse ardente desejo de ver o rosto do Amado, seja sempre a vontade mais fundamental e radical de nossa vida".

Padre Camilo Júnior e Padre Leandro Santos refletem a riqueza da Liturgia Eucarística

Fonte: Vatican News

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