Esperamos muitas coisas nessa vida. Desde pequenos, esperamos crescer e, quando grandes, esperamos nos realizar, seja profissionalmente ou pessoalmente. Mais tarde, esperamos o descanso merecido por todos esses anos de trabalho. Mas realmente seria muito pouco se, com a morte, se acabasse toda espécie de esperança.
Qual seria o sentido de toda essa esperança se, no final, ela se acaba? Com palavras parecidas, Bento XVI introduziu a Igreja no Tempo do Advento, em 2009. Mas como esse tempo que começamos a viver responde essa pergunta?
Podemos dizer que a sociedade de hoje vive muito horizontalizada. Em que sentido? Se vive horizontalmente quando as preocupações da vida cotidiana ocupam todo o espaço das nossas vidas. Quando os afazeres do colégio, do trabalho, da família e dos amigos acabam tomando conta de toda nossa existência. Em um mundo agitado como o nosso, cheio de prazos para cumprir e metas a alcançar, é muito fácil viver horizontalmente.
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E nesse âmbito horizontal, a esperança está presente como uma experiência que nos ajuda a atravessar o que estamos vivendo no momento, porque esperamos tempos melhores, frutos do nosso trabalho, esforço e dedicação. Nesse sentido, dizemos que trabalhamos hoje, esperando poder usufruir dos frutos desse trabalho no dia de amanhã.
Muito bem. Nenhum problema até aqui. Mas, desde um ponto de vista simplesmente horizontal, nem sempre teremos um amanhã. É aqui que morre toda esperança meramente humana.
E é onde podemos entender um pouco melhor a esperança cristã, que vem para acrescentar a essa horizontalidade uma esperança vertical, que se une à primeira, de uma maneira inimaginável pelo homem, na cruz de Jesus, em sua morte e ressurreição.
Muito presente nesses dias em que começamos a nos preparar para o Natal, estará a Mãe de Deus e nossa Mãe, Nossa Senhora. Ela, que recebeu Jesus em seu ventre e que o esperou de modo muito especial, saberá guiar-nos da melhor maneira nesse itinerário até a festa do nascimento de seu Filho, para que o recebamos com um coração mais puro e aberto a todo amor que Deus quer nos mostrar. Estejamos sempre muito próximos a Ela.
A esperança dos cristãos é fundamentada nesse evento fundamental da história humana, o Advento. Ou seja, a vinda de Jesus a esse mundo. É o eterno que se encontra com o temporal, o infinito que se esconde no finito, o vertical que se conjuga com o horizontal.
Com Jesus, que caminha ao nosso lado, podemos nos libertar de olhar meramente para as coisas desse mundo e fixar a nossa meta na eternidade, no encontro definitivo com Deus, que supera a própria morte.
Com a vinda de Jesus, Deus se faz próximo do homem e, por meio de sua ressurreição, são abertas as portas do céu para a humanidade. Voltamos a ter maior consciência de que estamos aqui como peregrinos e que a nossa casa definitiva está além dos nossos horizontes. Não porque ela esteja mais à frente, mas porque ela está mais acima, junto de Deus.
O tempo litúrgico que se inicia é um convite para renovar as nossas vidas. Para olharmos esse menino-Deus que vem até o nosso encontro, de modo a encontrar nele o fundamento de nossa esperança eterna. Para encontrar nele a resposta para todos os nossos desejos mais profundos de felicidade, de realização, de segurança, de paz.
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